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sexta-feira, janeiro 04, 2008

Episódios que ajudam a compreender o "SISTEMA"


O jornalista Eduardo Marques, ontem (03-01-08) no jornal “A BOLA”, efectua nas páginas 9 e 10 uma abordagem sucinta sobre o momento actual do plantel do SCP.

Ele aborda e aprecia um conjunto de factos designadamente, a “nova” lesão de YannicK Djaló, a situação de Paredes e o seu atraso ( pós mini férias de Natal), Liedson e as suas mais recentes declarações. Evidencia ser um profundo conhecedor da situação actual do plantel principal da equipa de futebol do SCP, enfim mostra ser um jornalista conhecedor e, caso assinalável, correctamente informado.

Mas, a dada altura, escreve na página 9 o seguinte: ...”Na principal competição do calendário nacional, a Liga, o Sporting tem duas deslocações complicadas e consecutivas, ao Bessa e a Coimbra, e uma recepção escaldante ao líder da classificação, o FC Porto. Dado o atraso dos sportinguistas na tabela classificativa - neste momento a distância para os portistas é de 12 pontos...”.

Curiosamente o Sporting está neste momento a 2 pontos do SLB e a 9 do FCP e não a 12 como Eduardo Marques pretende.

Dou relevo a esta situação porque ela é um bom exemplo da falta de isenção de certo jornalismo, é inadmissível que um jornal que trata exclusivamente assuntos relacionados com o desporto e em particular e especialmente/maioritariamente sobre o futebol se engane desta maneira. Não se trata de um erro ocasional ou de uma gralha, o jornalista em causa provou ser conhecedor profundo da situação actual do SCP.

Não encontro situação justificativa para o erro do jornalista, a não ser que tenha havido um lapso momentâneo na sua memória, o que realmente é de difícil compreensão.

No mesmo jornal e na mesma edição ficámos a saber da nomeação dos árbitros para a 15ª jornada da bwin LIGA – edição 2007/2008 designadamente, entre outros, Paulo Paraty no V. SetúbalBenfica, Paulo Pereira no FC PortoNaval e Bruno Paixão no BoavistaSporting.

Bruno Paixão


Sobre a nomeação de Bruno Paixão e socorrendo-me ao mesmo jornal e edição já citada, recordo um célebre jogo que este árbitro arbitrou no Estádio do Bessa na época 2003/2004 (31ª jornada da I liga) e em que Fernando Santos era, então, o treinador principal do Sporting e os leões precisavam de ganhar para dar um passo importante para se aproximarem do líder e concomitantemente conquistarem o campeonato.

A arbitragem efectuada prejudicou fortemente o Sporting, tendo, inclusive, sido expulsos dois jogadores da equipa leonina.

Curiosamente na bancada assistia ao jogo o presidente em exercício, na altura, da Liga Profissional de Futebol (Valentim Loureiro). Ao seu lado encontrava-se o presidente do FC Porto (Pinto da Costa).

Resultado final foi de 2 – 1 a favor do Boavista.

O FC Porto ficou assim liberto e caminhou tranquilamente para o título.


Pedro Vieira (pedro.vieira55@gmail.com)

segunda-feira, dezembro 10, 2007

O regresso de Veiga ao SISTEMA


A propósito de um livro recente lançado por José Veiga (JV), o RCP entrevistou hoje no programa de João Adelino Faria o antigo dirigente do Benfica. O motivo encontrado foi o que o seu autor escreveu, fundamentalmente, sobre a instituição (SLB) e o seu actual presidente.

Ao contrário do que seria de esperar a imagem radiofónica foi a de um JV cuidadoso, conciliador e aliciador.

Cuidadoso e conciliador:

Cuidadoso, porque não atacou directamente LFV, optando por dirigir as suas criticas a alguns dirigentes próximos do presidente os quais, na sua opinião, se serviam do clube como forma de angariarem protagonismo social – referindo como exemplo o actual administrador financeiro do SLB e braço direito de LFV;
Cuidadoso, ao dizer que considerava LFV um bom presidente, embora tivesse a certeza que este não percebia muito de futebol;
Cuidadoso, ao desvalorizar o SISTEMA e de alguma forma o processo APITO DOURADO, numa clara mensagem critica a LFV;

Conciliador, ao dizer que no futuro não teria problemas de voltar a colaborar no Benfica, inclusive com o actual presidente.

Aliciador:

Aliciador, ao dizer que sempre foi do Benfica e que foi com ele, como principal responsável pelo futebol, que os encarnados voltaram de novo a ganhar um campeonato;
Aliciador, ao dizer que o Benfica com ele será no futuro hegemónico no futebol português e que para isso acontecer terá sempre, pelo menos, de vencer três em cinco campeonatos.

Curiosamente JV, de uma forma habilidosa mas ardilosa, demarca-se dos principais adversários de Pinto da Costa e tenta assim abrir várias portas, quem sabe uma futura colaboração com o FCP e um regresso ao velho SISTEMA.



Pedro Vieira (pedro.vieira55@gmail.com)

terça-feira, dezembro 04, 2007

O 4º pelotão à vista


No rescaldo das últimas jornadas futebolísticas, europeia e 1ª Liga portuguesa, ressaltam os fraquíssimos desempenhos dos dois grandes de Lisboa. Ao invés e com relativa apreciação, salvaram-se o FC Porto (liga dos milhões) e SC Braga (UEFA).
O FC Porto, porque dos chamados três grandes, é aquele que mais se aproxima em termos de resultados e capacidade competitivas do primeiro pelotão dos clubes europeus (1º pelotão – Espanha, Inglaterra, Itália e Alemanha) e o Braga que se situa bem abaixo e daí a relevância assumida pelos resultados últimos alcançados na UEFA.
O Sporting e o Benfica situam-se claramente no 3º pelotão do ranking – situação comprovada pela “reforma Platini”recentemente aprovada pela UEFA.
No âmbito da referida reforma assinala-se (entre outras questões) um ligeiro alargamento dos clubes com acesso à liga milionária, com a seguinte distribuição:

- 1º pelotão – Entram directamente, pelos países previamente escolhidos, os três primeiros classificados das respectivas ligas;
- 2º pelotão – Entram directamente, pelos países previamente escolhidos, os dois primeiros classificados das respectivas ligas;
- 3º pelotão – Entram, pelos países previamente escolhidos, os primeiros classificados das respectivas ligas;
- 4º pelotão – Os outros.

Ora esta é a democrática e reformada Europa do futebol com a qual temos que conviver e sobretudo viver no domínio organizativo e competitivo.

Neste fim-de-semana, mais propriamente ontem, e após os desaires da Luz e de Alvalade dei comigo a pensar que estas situações de insucessos são iguais a outras recentemente vividas. Todos os anos estas cenas repetem-se, por vezes com ligeiras nuances. É como se estivesse a ver o mesmo filme pela terceira ou quarta vez.

Também no futebol convém não insistir (investir) em “mais do mesmo”, se não o fizermos vamos acabar inevitavelmente no 4º pelotão. Por isso é urgente procedermos às reformas desejáveis e necessárias.


Pedro Vieira (pedro.vieira55@gmail.com)

quinta-feira, novembro 29, 2007

Crescer de forma sustentável no futebol


Em mais um programa brilhante, editado num dia de aniversário do RCP – 76 anos, Alexandre Honrado convidou um universitário português para falar sobre as politicas de ambiente e desenvolvimento sustentável, numa perspectiva de um mundo mais harmonioso e equilibrado e mais respeitador das equidades.

Foi reflectido e dito também que vivemos num estádio de desenvolvimento em que o paradigma é o crescimento económico. Este crescimento, desigual e combinado, tem tido como objectivo estratégico aumentar os consumos. Por outro lado, constata-se também que o referido crescimento tem assentado no consumo, sempre crescente, da energia, fundamentalmente de combustíveis fósseis e portanto de fontes energéticas esgotáveis.
Resultado de tudo isto tem sido também o aumento, sempre crescente, dos níveis de poluição e os consequentes e inevitáveis desequilíbrios da natureza.
No decurso da audição do referido programa e numa das paragens inevitáveis para os compromissos comerciais, dei comigo a pensar se seria possível (?) integrar o futebol em toda esta problemática. Claro que é possível! Afinal, vivemos num mundo globalizado onde o futebol se encontra integrado como uma das indústrias mais importantes de entretenimento.
Desde logo dando o exemplo, utilizando novas tecnologias amigas do ambiente nos recintos de competição e de treino, na adequação dos equipamentos utilizados, etc.

Por outro lado, a função entretenimento que envolve todo o espectáculo desportivo deve, no futuro, ser aproveitado para desenvolver iniciativas pedagógicas e informativas, quer nos locais dos eventos quer durante as emissões televisivas.

Finalmente junto das novas gerações – escolas, desporto escolar,
imprensa dirigida particularmente aos jovens – e com a colaboração dos atletas, técnicos e dirigentes desportivos , desenvolver diversas iniciativas de sensibilização e motivação para os assuntos do ambiente e qualidade de vida.

Pedro Vieira (pedro.vieira55@gmail.com)

sexta-feira, abril 13, 2007

Ainda sobre o Relatório Arnaut

NOTAS ADICIONAIS

Foi realizada recentemente (30-01-07) em lisboa uma conferência sobre o assunto em referência. As entidades convidadas foram o Britsh Concil, a Federação Portuguesa de Futebol e a Faculdade de Ciências do Desporto e Educação Física da Universidade de Coimbra.


Da referida conferência destacamos os seguintes tópicos:

1. A EUROPA representa no contexto Mundial:

60% do Desporto;
80% do Futebol;


(Nota: Em termos do PIB Europeu as industrias associadas ao desporto assumem, no seu conjunto, um peso significativo)

2. No âmbito da Presidência Britânica de 2005 foi criada uma Comissão Independente do Desporto Europeu – resultante da necessidade, sentida pelos políticos, de dar um conjunto de respostas ao clima de incertezas vividas no Desporto em geral e no futebol em particular.

3. PRINCÍPIOS DA DECLARAÇÃO DE NICE, ver (www.independentsportreview.com);

4. TERMOS DE REFERÊNCIA, ver (
www.independentsportreview.com) ;

5. O MODELO EUROPEU DE DESPORTO – Pirâmide Estrutural

(no topo as Federações Europeias, na base o Desporto Amador)


5.1 PRINCIPIOS CHAVE


Organização Nacional Princípios de Federação Única
Do Desporto Governando toda a Estrutura


5.2 PRINCIPIOS HISTÓRICOS


Estruturas Abertas Princípios de Solidariedade
(Princípios, promoção Financeira – Redistribuição
e relegação)............................ Desenvolvimento das Bases

6. A ESPECIFICIDADE DO DESPORTO – Conceito subjacente a diversos
documentos da EU.

5 Princípios Fundamentais:

- Educativa;
- Saúde Pública;
- Social;
- Cultural;
- Recreativa.

6.1 - A especificidade do desporto significa que este tem que ser
tratado de acordo com as suas características particulares:

Funcionamento adequado – regularidade das competições;
Integridade do desporto – boa gestão dos clubes (regra),
LICENCIAMENTO DOS CLUBES, outras regras referentes à
Propriedade / controlo / agentes dos jovens;

Equilíbrio competitivo – regras quanto a jogadores formados
Localmente, regras de marketing, direitos comerciais,
controlo de custos, etc.

7. RECOMENDAÇÕES

7.1 – A Autoridade Europeia do Futebol (UEFA) deve
autoavaliar-se e verificar os níveis próprios (internos) de
democraticidade.

7.2 – Que a UEFA reconheça e aceite o estabelecimento do
Diálogo múltiplo.

7.3 – A criação de um Conselho Estratégico – UEFA / Ligas /
Clubes.

Estratégico na perspectiva de se estabelecerem processos
de consulta em matérias essenciais.

7.4 – Principio da Solidariedade – justamente na distribuição das
receitas pelas bases.

7.5 – Implementação de Testes de Idoneidade – para todos
Aqueles que estão envolvidos, designadamente os
Proprietários, treinadores e árbitros.

7.6 – Estabelecimento de um Código de Organização e Gestão dos
Clubes.

7.7 – Fixar requisitos mínimos de Boa Gestão.

7.8 – Criar uma Central de Transferências – por ex: todas as
transferências europeias de jogadores de futebol.

7.9 – Criar um Organismo Europeu dos Adeptos.

7.10 - Normalizar e criar os instrumentos necessários relativos aos
agentes dos jogadores – evitando situações de dupla
representação.

7.11 – Fixar regras para o financiamento do desporto.

7.12 – A criação de uma Agência Europeia da Desporto,

garantindo o principio da subsidiariedade, de modo a
constituir num centro de monitorização informação
especializada sobre desporto na Europa a fornecer a
quem dela necessite.

7.13 – Fixação de regras próprias com vista a libertar,
adequadamente e com segurança, os atletas para as
selecções.

7.14 – Fixar regras para combater o holiganismo, racismo e a
Xenofobia – garantindo para o efeito a cooperação entre
autoridades policiais.

7.15 – Estabelecimento de um acordo formal entre a UEFA e a EU,
como garantia dos enquadramentos, relações bilaterais,etc.

7.16 – Garantir a cooperação entre as entidades e autoridades
competentes de forma a garantir níveis elevados de
segurança do público.

7.17 – Combater o tráfego dos jovens atletas.

7.18 – Combater as fraudes, branqueamento de capitais no
Desporto.

Pedro Vieira (pedro.vieira55@gmail.com)

terça-feira, março 13, 2007

Relatório Arnault - breve comentário (Parte II)


No seguimento da primeira parte, já aqui publicada, passamos a apresentar a ultima parte do trabalho realizado.

Recentemente foi divulgado um extenso, complexo e completo relatório sobre o qual alinhavámos algumas notas, entre muitas outras possíveis, que se julga, no contexto conturbado em que o futebol português se encontra, serem oportunas mencionar:

1ª nota - A necessidade de uma ampla abordagem política, a nível europeu, sobre o Modelo de Desporto;
2ª nota – Avaliar o reconhecimento e a especificidade do desporto no velho continente;
3ª nota – Fornecer um quadro legal compreensível e sólido para o desporto em geral e o futebol em particular e de acordo com a interpretação da jurisprudência existente e com os princípios políticos assentes em Nice;
4ª nota –O significado da especificidade desportiva e nessa perspectiva a estrutura em pirâmide será o elo forte entre as bases e o desporto profissional ao mais alto nível;
5ª nota – O facto e em função da situação difícil e problemática instalada, de se constatar que é possível no futuro actuar e naturalmente corrigir as situações anómalas,
6ª nota – O facto de uma das características futuras no modelo europeu do desporto ser a solidariedade financeira (financiamento das bases) e a “promoção e relegação (sistema aberto)”;
7ª nota – A incerteza jurídica criada pelo aumento significativo da litigação, tendo esta sido instigada por via de o vértice superior do desporto, o futebol, se ter transformado num fortíssimo negócio (ex. o “Acórdão Bosman” e à nossa escala o “Caso Mateus”);
8ª nota – A imprescindibilidade de que seja criado um ambiente legislativo mais estável como suporte adequado de um desporto que se pretende digno, moderno e próspero;
9ª nota – O facto também importante (“aspecto - chave do Desporto”), é a de se garantir de que para a gestão atempada existam níveis adequados de autonomia das entidades responsáveis pelo governo desportivo. Claro, defendendo sempre o principio que o desporto não pode estar acima da lei. O direito de recurso para um Tribunal Arbitral do Desporto será sempre uma garantia adicional. De referir ainda que a declaração de Nice e sobre este assunto, reconhece já a especificidade do desporto.

Sobre a aludida especificidade, aponta-se para 3 agrupamentos :

– Regularidade e funcionamento adequado das competições;
- Integridade do desporto;
- Equilibro competitivo.

Quanto ao primeiro agrupamento é importante conquistar equilíbrios competitivos e de funcionamento adequados e que tem a ver com: (a) fixação dos prazos razoáveis para as transferências dos jogadores; (b) estimular a assistência de espectadores nos jogos; (c) conseguir que as melhores equipas estejam sempre disponíveis e operacionais para disputar as competições com maior prestigio (por ex. ao nível de selecções) e com isso garantir, “à priori”, a participação dos seus melhores atletas; (d) conseguir efectuar com regularidade o controlo antidoping.

Quanto ao segundo agrupamento é importante desenvolver o sistema de licenciamento dos clubes de forma a melhorar os níveis de gestão, transparência e integridade financeira.
É importante também desenvolver um sistema próprio de regulação da actividade dos agentes dos jogadores.

No que se refere ao terceiro agrupamento é necessário tomar medidas para proteger e promover a competição de forma equilibrada e equitativa e não ceder às “pressões normais do mercado” i/é sujeitas, apenas, ao poder do dinheiro, a saber: (i) proteger os jogadores e as entidades locais responsáveis pela sua formação; (ii) garantir a redistribuição financeira do negócio e assim reforçar as capacidades competitivas dos intervenientes; (iii) controlar os custos salariais – criando por exemplo a obrigatoriedade de os clubes pagarem uma taxa de redistribuição sempre que se excedessem os limites aplicáveis;

10ª nota – Tendo como exemplo o futebol, o modelo europeu de desporto baseia-se numa estrutura piramidal, a saber (por ordem decrescente i/é do topo para a base):

-Federações Europeias;

-Federações Nacionais;

-Ligas Nacionais;

-Associações Regionais e Locais;

-Clubes;

-Desporto Amador;

11ª nota – A necessidade de os adeptos estarem convenientemente representados no que diz respeito à defesa dos seus direitos e pontos de vista;
12ª nota – Importante também é a transparência e a responsabilização quanto á forma como o dinheiro redistribuído é gasto;
13ª nota – A UEFA como entidade governativa desportiva não deve, no contexto da sua actividade, ser um actor interessado, mas antes uma instituição encarregada de conciliar os vários interesses concorrentes e assim satisfazer os interesses globais do desporto ao nível europeu;
14ª nota – Para garantir o funcionamento eficiente da globalidade do sistema é necessário abordar e tratar alguns aspectos críticos, designadamente:

· A questão da propriedade que não está uniformizada, existindo actualmente vários modelos a operar com as respectivas vantagens e desvantagens inerentes. A uniformização, porventura, até não será aconselhável. Antes será preferível adoptar os sólidos princípios de gestão financeira e transparência nos clubes;

· Um maior envolvimento organizado dos adeptos de forma a estimular a sua participação activa;

· O licenciamento dos clubes de forma a introduzir maior disciplina financeira na gestão dos clubes de futebol;

· A questão do controlo de custos salariais como forma, essencial, para garantir a boa saúde financeira dos clubes;

· A par dos clubes a necessidade de controlar e organizar mais eficientemente a gestão e a actividade das autoridades desportivas. Tanto as nacionais como as internacionais devem ser, nos seus exemplos quotidianos, permanentemente exemplares;

· Combater implacavelmente o tráfego de jogadores jovens;

· Combater também implacavelmente o racismo e a xenofobia;

· Intensificar o combate a todas as formas de violência, melhorando as questões de segurança e a integridade dos estádios,

· Serem criados os instrumentos reguladores necessários de forma a controlar-se eficazmente as matérias de concorrência, o
marketing centralizado de direitos televisivos, a formação dos jovens, a libertação dos atletas para as selecções nacionais, tectos salariais, e sistemas de licenciamento dos clubes;
15ª nota – A proposta para que seja criada uma Agência Europeia de Desportos a qual poderá e deverá actuar como entidade de ligação entre as entidades governativas desportivas na Europa. Esta agência terá, exclusivamente, uma função de repositório de informação;
16ª nota – Várias recomendações: (a) às Instituições da União Europeia e aos seus estados membros (quanto ás regras desportivas compatíveis com a legislação comunitária); (b) às Autoridades Europeias do Futebol; (c) ás instituições da UE e às Autoridades Europeias do Futebol (para que funcionem em cooperação);
17ª nota – À laia de conclusão final referir a necessidade de se estabelecer uma estrutura formal de relacionamento entre as instituições pertencentes à UE e a entidade governativa do futebol e agir rapidamente no sentido de combater: a corrupção; a falência financeira de muitos clubes; a violência e o doping.

Por último e à laia de convite para dizer, atendendo aos dias difíceis porque passa o desporto português e em particular o futebol, que é urgente “agarrar” nestes importantes contributos e procedermos com a celeridade possível à sua discussão participada e qualificada com vista à implementação das reformas necessárias.
Vamos a isso, o tempo urge.


Pedro Vieira (pedro.vieira55@gmail.com)

quarta-feira, março 07, 2007

Relatório Arnault - brevissimo comentário...


É hoje unânime, em termos de opinião pública desportiva, que o futebol português atravessa dias difíceis. São vários os problemas causadores, de referir apenas três que consideramos mais importantes, a saber:

- Negligência e incapacidade de gestão que se fixou no tope do dirigismo desportivo, designadamente no que diz respeito às principais estruturas que superintendem e controlam (Federação e Liga), organizações de classe (treinadores, árbitros e futebolistas) e os próprios clubes;

- Estruturais e financeiros. A quase totalidade dos clubes, salvo raras excepções – Sporting, Benfica; FC. Porto e SC. Bragas, não possuem os meios estruturais e económico/financeiros autónomos adequados ás circunstâncias e necessidades competitivas;

- Modelo e mapa competitivo. Estão desajustados com a realidade (fortemente precária) existente e já não representam geograficamente, no que diz respeito à principal Liga, a totalidade do território português.

Não obstante e de alguma forma paradoxalmente somos, no ranking da UEFA, considerados a quinta potência futebolística na Europa. Ganhamos ultimamente importantes títulos nas competições europeias de clubes e recentemente organizamos finais e torneios das mais importantes competições (selecções e clubes). Os nossos atletas encontram-se “espalhados” por grandes clubes europeus sendo, justamente, referenciados como grandes talentos. O treinador do Chelsea - José Mourinho - é actualmente considerado, quase unanimemente pela critica especializada, como o melhor treinador do mundo.

A(s) causa (s) dos problemas referidos estão longe de ser exclusivamente portuguesas, muito provavelmente tem também a ver com realidades que ultrapassam as nossas próprias “fronteiras territoriais”, mas que estão interligadas com as nossas actividades.

Nesta perspectiva recentemente a Presidência britânica da União Europeia decidiu oportuno criar uma “Comissão Independente do Desporto Europeu”, destinada a estudar e apresentar propostas relativas ao modelo europeu de desporto e outra sobre a especificidade do desporto em geral, com um enfoque no futebol europeu.
Fundamentalmente o objectivo último da Comissão foi o de “implementar a Declaração de Nice sobre o desporto”.

Para a referida Comissão Independente, composta por peritos internacionais especializados em matérias desportivas, jurídico-legais, económicas e políticas, foi a respectiva presidência assumida, após honroso convite – facto que se salienta, por um português o Dr. José Luís Arnault.

Mais recentemente ainda foi divulgado um extenso, complexo e completo relatório, onde é feito um exaustivo diagnóstico da situação e são apresentadas conclusões e Recomendações muito importantes para o futuro da indústria do futebol europeu e naturalmente para Portugal.



Notaoportunamente e em próximo artigo abordarei aqui as principais conclusões e recomendações efectuadas pela referida Comissão Independente.


Pedro Vieira (pedro.vieira55@gmail.com)

quarta-feira, janeiro 24, 2007

O Sistema

Dias da Cunha quando falava do Sistema sabia do que falava. Neste LINK podem confirmar as suas suspeitas.

Abaixo transcrevo a notícia do Correio da Manhã.

Marinho Neves, ex-jornalista e autor do livro ‘Golpe de Estádio’, que versa sobre a temática da corrupção no futebol português, revelou ontem ter trabalhado secretamente durante seis anos para o Sporting, tendo sido contratado em 2000 pelo antigo presidente Dias da Cunha, para o manter informado sobre os jogos de bastidores da modalidade. O tal ‘sistema’ de que tanto falou.

Durante a cerimónia de relançamento do livro (ver caixa), Marinho Neves explicou que a sua colaboração terminou quando Dias da Cunha se demitiu, “devido às guerras internas no clube, instigadas por pessoas que ainda lá estão”. Segundo fez saber, os relatórios confidenciais por si elaborados e destinados ao antigo presidente já estavam a chegar, em determinado momento, “a pessoas do Norte”.

Sem mencionar nomes, explicou como as coisas se passavam: “Com duas semanas de antecedência, eu sabia quem eram os árbitros desig-nados para certos jogos. Sabia também quais os jogadores do Sporting que iriam ser enervados pelos árbitros, no sentido de reagirem e assim acabarem expulsos, para enfraquecer a equipa. Fazia relatórios e enviava-os a Dias da Cunha. Mas essas informações acabavam por não chegar ao técnico José Peseiro, que assim não podia avisar antecipadamente os jogadores no sentido de não reagirem às provocações”.

O jornalista disse ainda que Dias da Cunha, com base na informação recolhida por ele, Marinho Neves, tentou a regeneração do futebol através de uma aliança com Luís Filipe Vieira, “mas logo aí houve anticorpos dentro do clube, contrários a essa aproximação”.

Confrontado com o teor destas afirmações, Miguel Salema Garção, director de Comunicação do Sporting, confirmou ter existido uma colaboração entre Marinho Neves e o clube e deu a conhecer a posição dos actuais dirigentes: “O dr. Dias da Cunha sempre recebeu total solidariedade dos dirigentes que ainda estão no Sporting na sua luta pela regeneração do futebol português. O actual presidente entendeu cessar essa colaboração porque escolheu outras formas de lutar por essa regeneração, nomeadamente com uma participação activa na Direcção da Liga.”

"NÃO PRECISEI DE DORMIR COM PINTO DA COSTA"

Volvidos dez anos sobre a publicação do romance ‘Golpe de Estádio’, obra que relata práticas de corrupção no mundo do futebol, o jornalista Marinho Neves relançou ontem a obra e prometeu para breve um novo livro, agora não ficcionado. “As práticas relatadas no ‘Golpe de Estádio’ estão mais actuais que nunca. Mas mal o processo ‘Apito Dourado’ saia do segredo de justiça, avanço com um livro, desta vez não ficcionado, sobre todo o processo, com nomes e factos”, revelou.

Sobre o ‘Apito Dourado’, Marinho Neves só diz, por agora, que “muitas pessoas vão ficar surpreendidas com os resultados. Toda a gente vê Pinto da Costa como o ‘monstro’, mas antes dele outros cairão”.

Sobre o livro de Carolina Salgado, Neves diz que não precisou “de dormir com Pinto da Costa para saber mais sobre ele que a própria Carolina”.

terça-feira, janeiro 16, 2007

Ainda sobre a Bancada Central - ALTERNATIVAS

O bom senso aconselhava algum tempo de espera. Um período de reflexão e por fim os esclarecimentos julgados convenientes e adequados às circunstâncias.

Entretanto nada disso ocorreu, bem pelo contrário, muito silêncio e como é apanágio da pátria, alguma boateira para alimentar os espíritos ávidos do “nada fazer”, e assim deixar passar o tempo….Com o tempo vem o esquecimento e assim arruma-se definitivamente o assunto.

Vem isto a propósito do fim do programa radiofónico BANCADA CENTRAL, “decretado”por comunicado emitido pela direcção da TSF – Rádio Noticias em 03 – 01-07.

Sobro o conteúdo do citado comunicado nada a dizer de relevante, a não ser que é curto e que esperávamos muito mais. Por isso esperámos.

A TSF – Rádio Noticias habituou-nos, ao longo dos tempos, ao tratamento inteligente e progressivo de todos os seus conteúdos emitidos (sociais, económicos, financeiros, políticos e desportivos), sempre realizados na perspectiva do interesse dos ouvintes e do seu inalianável direito à informação. Por isso era considerada, por todos os quadrantes, uma rádio independente e livre. Eticamente e deontologicamente impecável, sem reparos de maior. A TSF teve o condão da mudança, tornando e transformando a informação por si tratada, nalguns casos, em acontecimento. Por vezes era ela que marcava a agenda informativa tendo, sempre, como horizonte e em primeiro lugar, o interesse do ouvinte.

Independentemente das razões assistidas, que fique claro que sobre isso mantenho o conteúdo integral daquilo que já tive oportunidade de escrever, a direcção da TSF deveria, na altura e antes de tomar a decisão de acabar com o programa e na defesa do elementar direito à informação dos seus ouvintes e participantes, ter esclarecido e porventura escutado a opinião dos mesmos em tempo útil.

Nada disso fez e com isso traiu os vínculos de confiança e dedicação estabelecidos e que perduravam há cerca de 12 anos – justamente a idade do referido programa.

É um facto que o conteúdo da BANCADA CENTRAL e o seu formato necessitavam de reforma – porque urgente e necessária – de forma a se eliminarem vícios e comportamentos e com isso criar um novo clima de convivência mais saudável e enriquecedor. Julgo, aliás, que muitos já tinham sentido essa necessidade. Por isso era imperioso dar um salto – um salto – inteligente, um salto que em tempos a TSF – Rádio Noticias nos tinha habituado a não ter dificuldade em dar.

Porque o tempo corre a uma velocidade estonteante e também, porque não dizê-lo, porque o tempo é também feito de mudanças e de novas vontades, urge, portanto abraçar um novo projecto.

Nessa perspectiva está previsto ir para o ar no RCP (Rádio Clube Português) em FM – 104.3 – um novo programa desportivo, realizado e dirigido por Fernando Correia de segunda a sexta-feira no horário das 22h às 24h.
A primeira edição está prevista para 29 de Janeiro de 07 (segunda-feira).

Lá estaremos participativos – respeitando sempre o contraditório e o direito à informação – de forma clara e transparente.


Pedro Vieira (pedro.vieira55@gmail.com)

sexta-feira, janeiro 05, 2007

ADEUS À BANCADA CENTRAL

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A direcção da TSF - Rádio Notícias despediu ontem Fernando Correia e simultaneamente decidiu cessar a emissão do programa desportivo Bancada Central que era dirigido pelo citado jornalista. Foi ainda decidido que Fernando Correia deixasse de relatar aos microfones da TSF os jogos de futebol.

Para tão radicais decisões – ontem mesmo já não foi para o ar o referido programa - a direcção da cadeia de rádio referiu ser seu entendimento existir uma incompatibilidade entre o exercício de um cargo de director de jornal e as funções que vinha a desempenhar na TSF.

Efectivamente Fernando Correia envolvera-se recentemente num projecto editorial novo, no âmbito dos jornais desportivos, designadamente o “Diário Desportivo” o qual vai estar nas bancas a 8 de Janeiro. O jornal terá uma tiragem inicial de 100 mil exemplares a serem distribuídos, gratuitamente, nas duas principais cidades do país, terá 24 páginas de texto nos primeiros quatro dias da semana e 32 à sexta. Oito páginas diárias de anúncios classificados serão a sua única fonte de receitas. Outra particularidade desta edição jornalística é a de não pretender ser um jornal só da bola, mas fundamentalmente privilegiar outras modalidades desportivas insuficientemente tratadas na imprensa da especialidade.

A imprensa desportiva existente actualmente no mercado é constituída por três jornais diários, pagos, a saber: A BOLA (€ 0,70); RECORD (€ 0,70); O JOGO (€ 0,75).
De acordo com a empresa auditora “APCT” os dois últimos diários citados, nos primeiros nove meses do passado ano, perderam 7,6% e 9% de taxa de circulação paga. Para “A BOLA” não existem, presentemente, dados disponíveis.

Fernando Correia acaba de celebrar 50 (cinquenta) anos como profissional da comunicação social, a grande maioria deles ligados à informação desportiva escrita e radiofónica.

Estava ligado à TSF há 17 anos. O programa Bancada Central é, seguramente, o que tinha maior audiência e longevidade (12 anos) na citada estação radiofónica.

Paralelamente à sua actividade jornalística era professor convidado numa prestigiada universidade portuguesa, precisamente, para leccionar uma cadeira na área da comunicação social, a qual tratava, entre outras, de ética e isenção desportiva.

Para muitos, incluindo o autor deste artigo, Fernando Correia é hoje considerado, justamente, o decano do jornalismo desportivo português.

Curiosamente o programa Bancada Central vinha ultimamente comentando insistentemente o caso “APITO DOURADO”.

Curiosamente a TSF e o jornal “O JOGO” pertencem a um grupo de comunicação social (CONTROLINVESTE/LUSOMUNDO SERVIÇOS) controlada pelo sr. Joaquim Oliveira.

Curiosamente, o sr. Joaquim Oliveira é hoje considerado um dos homens que mais influência e controlo têm no futebol português.

Nesta perspectiva e por agora, quero deixar aqui o meu testemunho de solidariedade, de apreço e profundo respeito ao ilustre cidadão e jornalista Fernando Correia.


Pedro Vieira (pedro.vieira55@gmail.com)

terça-feira, janeiro 02, 2007

Futebol e Justiça Fiscal

Ouvi há pouco no Telejornal que os jogadores de futebol vão boicotar os campeonatos de futebol se não forem atendidas as suas pretensões de benefícios fiscais devido ao estatuto de profissão de desgaste rápido.

Falando curto e grosso digo o seguinte - Pois boicotem!

Porquê? Porque:

  1. Os futebolistas quando começam a jogar já têm a noção de que o período de vida profissional é curto e há que fazer como a formiga - amealhar para o futuro ou para mudar de profissão sem sobressaltos. Têm também a noção que os altos rendimentos, caso os aufiram, são irrepetíveis;
  2. Quando terminam as suas carreiras podem programar um tempo sabático para obter formação profissional e ingressar numa nova carreira, eventualmente totalmente diferente da de futebolista;
  3. Nos casos dos mais beneficiados pelo talento e pela sorte podem "limitar-se" a gerir o património e gerar novas receitas;
  4. Nos casos em que há lesões, quer a entidade patronal, quer o próprio jogador podem fazer um seguro profissional que acautele estas situações, nomeadamente uma impossibiliade total do exércicio desta profissão.

Não há assim desculpas para que esta categoria profissional seja tratada de modo diferente do comum dos mortais. Comum dos mortais esse que pode ganhar um salário médio ou também pode ganhar mensalmente um salário que tenha uma retenção na fonte à taxa mais elevada. Em ambos os casos não há ninguém que lhes dê benefícios fiscais. No caso do mais afortunado o seu rendimento elevado também pode ser temporário e não permanente. Só que não faz piruetas ou marca golos que lhes dêm um estatuto fiscal privilegiado.

Sendo assim, sou da opinião que devemos boicotar o boicote. Se for avante devemos ir para os estádios com tarjas a dizer que não temos estatutos fiscais privilegiados. Senhores futebolistas - dêem-se ao respeito se querem ser respeitados.

quinta-feira, dezembro 21, 2006

Já agora convém lembrar que ...

Para além do importantíssimo “Apito Dourado” que eu preferiria que se chamasse “A Corrupção no Futebol Português”, gostaria também aqui de mencionar outros casos e factos que, pela sua importância e acuidade, devem ser recordados:

- O caso Mateus, cujos desenvolvimentos futuros serão importantíssimos para o futebol português e porventura europeu;

- As politicas de Impostos e das Contribuições para a Segurança Social previstas no futuro para o futebol profissional;

- A situação actual sobre o cumprimento dos compromissos assumidos pelos clubes profissionais das dívidas ao Fisco e à Segurança Social, a seu tempo, negociadas e afirmadas por quem de direito;

- A constituição do presidente do Benfica, Luís Filipe Vieira, como arguido no caso Mantorras;

- O caso José Veiga que envolve o jogador João Pinto e o Sporting;

- O caso de doping que envolve o jogador Nuno Assis e que está a ser analisado em Lausana (Suiça) pelo Tribunal Arbitral do Desporto;

- A rocambolesca e caricata constituição da lista de Gilberto Madail para o seu novo mandato à frente da Federação Portuguesa de Futebol;

- A nova lei de Bases do Desporto a constituição e preparação dos mecanismos mínimos para a sua aplicação e entrada em vigor;

- O Estatuto do Dirigente Desportivo e as incompatibilidades concomitantes.

Esta minha preocupação tem a ver, unicamente e essencialmente, com a convicção de que os problemas de corrupção que afectam o futebol em Portugal não se esgotam nem se ultrapassam com a resolução do citado caso “Apitado Dourado”. Provavelmente, como normalmente é apanágio neste tipo de situações, precipitámo-nos nas expectativas criadas em torno deste caso. Alguns, já prevêem, a obtenção de resultados finais magros.

Por isso e não só, convém lembrar que existem outras coisas e casos que não nos devemos esquecer e de resolver a bem do futebol português.


Nota: como estamos no início de uma quadra festiva importante gostaria aqui de deixar a todos, os que gostam e não gostam do ALVALÁXIA, os meus votos de BOAS FESTAS.

Pedro Vieira (pedro.vieira55@gmail.com)

terça-feira, dezembro 12, 2006

O "Insubstituível" ...

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Recentemente, no dia 4-12-06, o actual e ainda presidente da FPF - Gilberto Madaíl – deu uma entrevista de cerca de quatro páginas ao diário desportivo da capital A BOLA em que procura, ao longo da mesma, justificar a sua recandidatura às próximas eleições daquela instituição desportiva.
Convém relembrar que, recentemente, a mesma personagem tinha num programa de um canal público televisivo manifestado o seu cansaço e o desejo “ardente”de partir para outra….

Convém, porque esclarecedor, transcrever e comentar aqui algumas passagens da mencionada entrevista, a saber:

- Sobre o citado cansaço reafirma o que já tinha dito anteriormente, i/é, ”estou cansado na mesma, cansado e saturado”, no entanto e sem perda de tempo, avança com a recandidatura e justifica, porquê … “desde logo, pelo facto de ter sido impossível fazer aprovar em Assembleia-Geral da FPF o prolongamento deste mandato, que era o que eu desejava, e do qual não viria mal algum ao mundo. Mas enfim, não foi possível e temos de aceitar a decisão soberana da AG”;

- Questionado pelo jornalista sobre o porquê do prolongamento do mandato, responde … “consideramos que é necessário acompanhar um conjunto de matérias políticas que estão em curso e que vão determinar alterações importantes na regulação desportiva e evitaríamos dois actos eleitorais em pouco tempo”… e acrescenta …”todo um conjunto de novos diplomas que torna indispensável haver pessoas na Federação que estejam dentro desta matéria como eu estou sobretudo desde 1999, para que seja possível acompanhar bem tudo em conjunto com o Governo”…. “E se essas alterações forem no sentido que eu defendo, e já o disse publicamente, terá de haver necessariamente novas eleições dentro de sete, oito meses no máximo”…. Factos, portanto e segundo ele, justificadores do prolongamento do mandato;

- Sobre as eleições seguintes e as quais prevê que se realizem-se dentro de sete ou oito meses, refere …” neste momento, não está realmente no meu horizonte voltar a recandidatar-me nessa altura”…. E em jeito cauteloso apressa-se a dizer … “mas logo se verá”...;

- No entanto mais à frente na entrevista esclarece ainda que no futuro…” gostaria de ficar ligado à Federação com a pasta dos assuntos internacionais, pondo, portanto, de parte a hipótese de me manter como presidente para lá de 2007. E, aliás, se for eleito…” e esta é grande questão, em minha opinião, suscitada…”para o Comité Executivo da UEFA, não vejo como possa desempenhar as duas funções ao mesmo tempo…”. Logo de seguida ainda é mais eloquente ao dizer e passo de novo a citar…” relembro que para fazer o melhor que pude e soube como presidente da Federação, renunciei, no final de 1998, ao mandato de deputado à Assembleia da Republica. E se tivesse mantido esse lugar no parlamento teria hoje, certamente, uma situação de vida pessoal bastante mais confortável”…. É impossível, nesta matéria e neste contexto, ser-se mais esclarecedor do que Madaíl;

- A dada altura dá ainda a indicação de qual deveria ser o seu substituto. Segundo, os seus desejos, deveria ser o eng. José Lello - o qual “daria um bom presidente da federação, pois sei que é um bom gestor.”

O que acabamos de descrever é, no seu conjunto e de certa forma esclarecedor do fraco nível intelectual e ético patenteado, nas circunstâncias, pelo dirigente desportivo. Sublinhe-se que estou a referir-me a um homem que detém, hoje em dia, um poder imenso no mundo do futebol, o qual lhe advém do cargo que ocupa e que ele não pretende de forma alguma enjeitar.


Nota: Sobre Carolina Salgado, ex namorada de Pinto da Costa, e mais propriamente sobre o seu recente livro – “Eu, Carolina” - editado pela D. Quixote, em que aquela faz acusações gravíssimas ao presidente do FCP. Sobre o assunto gostaria de referir a excepcional peça jornalista feita por Miguel Sousa Tavares a qual foi editada hoje, dia 12 de Dezembro de 2006, no jornalA BOLA”.

Pedro Vieira (pedro.vieira55@gmail.com)

quarta-feira, novembro 22, 2006

Cooperação uma palavra amiga...

1. Tem vindo o nosso Presidente da Republica – Cavaco Silva – a promover a ideia da necessidade imperiosa das instituições, aos mais diversos níveis, cooperarem entre si de forma a ultrapassarmos os obstáculos existentes ao desenvolvimento sustentado da nossa economia. Nos tempos que correm a cooperação institucional é importante não apenas á escala local (leia-se nacional) mas e fundamentalmente, à escala global (leia-se europeia e mundial).

Ao promover a ideia – cooperação institucional local – o nosso Presidente parece-me propor o seguinte:

- Que os diversos ministérios e as suas direcções gerais, as autarquias, os diferentes institutos públicos e demais organismos do Estado, cooperem no sentido de operacionalizarem com eficiência, eficácia e economicidade as politicas e os recursos existentes e postos á sua disposição pelos contribuintes nacionais e comunitários;

- Que os órgãos do Estado com inteligência e sentido de oportunidade cooperem e colaborem com a sociedade civil de forma a agilizar politicas e recursos. Em abono da verdade, modernamente, o Estado tem vindo cada vez mais a assumir o papel de suporte estrutural da sociedade civil;

- Que os principais agentes políticos – partidos com assente Parlamentar – se entendam nas questões fundamentais e promovam as diligências politicas adequadas para o efeito, criando os concomitantes equilíbrios sociais desejáveis.

2. Não deixa de ser curioso e igualmente triste e preocupante, que ao fim de 32 anos de vida democrática, o país não tenha ainda compreendido, na sua plenitude, esta necessidade, primária, de cooperação institucional. O nosso Presidente, ao colocar no centro da agenda politica este problema / necessidade está a alerta-nos, inteligentemente, para o facto de que não basta equacionar os problemas e encontrar os meios com vista à sua solução é necessário, também, operacionaliza-los através da cooperação.

3. No segundo semestre de 2007 a Presidência da União Europeia (UE) caberá pela terceira vez a Portugal.
A agenda será essencialmente composta por:

a) Constituição Europeia – sendo fundamental encontrar as soluções adequadas que ultrapassem as dificuldades que levaram ao veto da França e da Holanda;

b) A Agenda de Lisboa – proceder à sua avaliação e introduzir as correcções necessárias e programar a sua continuidade;

c) A Imigração – proceder à sua avaliação à escala europeia e planetária e equacionar as politicas futuras adequadas ao desenvolvimento económico e social sustentado.

Obviamente que o êxito destas politicas passa, necessariamente e fundamentalmente, pela cooperação realizada ao nível das principais instituições, organizações privadas e públicas dos países membros da UE.

4. Nesta conformidade devo salientar a visão oportuna, porque inteligente, do nosso Presidente da Republica ao ter colocado o desafio da cooperação institucional como tema politico determinante na actualidade.
Salienta-se, portanto, a atitude sábia de alguém que foi primeiro-ministro de Portugal durante 10 anos e que sabe, melhor do que ninguém, aquilatar sobre as verdadeiras necessidades do país real que somos.

Nota:Ao inserir este texto neste espaço, estou a fazê-lo de forma integradora com o propósito, também, de estimular atitudes construtivas futuras desejáveis e necessárias para a melhoria do estado e governo do futebol português e das suas principais organizações.


Pedro Vieira (pedro.vieira55@gmail.com)

terça-feira, outubro 17, 2006

Duas noticias recentes...

Recentemente duas notícias publicadas na comunicação social portuguesa chamaram-me, particularmente, à atenção:

A primeira tem a ver com as declarações feitas pelo presidente da FPF (Gilberto Madail), a propósito da proposta da Liga de clubes sobre a futura profissionalização dos árbitros em Portugal. Diz Madail que a proposta da Liga Profissional de Futebol lhe parece sem cabimento e justificação em virtude da falta de mercado para os árbitros portugueses se afirmarem como profissão.

Se olharmos para a indústria do futebol profissional em Portugal mesmo de forma superficial o que é que nós observamos de imediato:

- A existência de 32 equipas pertencentes à primeira Liga e Liga de honra que no seu conjunto e nos respectivos campeonatos disputam anualmente cerca de 60 jogos;
- A Taça de Portugal que envolve um conjunto de jogos significativos com importância competitiva assinalável – vamos calcular, a partir dos oitavos finais, cerca de 15 jogos incluindo a final;
- Os principais jogos que envolvem os campeonatos da 2ª e 3ª divisões, tantas vezes incompetentemente arbitrados – vamos supor que nestas circunstâncias, em média, haverá cerca de 20 a 30 jogos por época;
- Os jogos mais importantes das fases finais dos campeonatos de juniores e iniciados;
As competições internacionais ao nível de clubes e selecções – UEFA e FIFA;
- Os jogos de início de época que envolvem as principais equipas dos diversos campeonatos, normalmente participantes em torneios importantes da chamada pré-época;
- A existência do desporto escolar, felizmente com boas perspectivas futuras de crescimento, cada vez mais competente e exigente e em que a prática do futebol assume importância relevante;
- A formação dos praticantes, dos treinadores, dos próprios árbitros (formação inicial e qualificante);
- A formação dos dirigentes e dos profissionais da comunicação social ligados ao futebol;
- A formação do adepto, praticamente inexistente no nosso país e de importância relevante para a cidadania;
- A participação em fóruns especializados e na comunicação social.

A segunda noticia diz respeito ao facto de Portugal ser um dos países que consomem mais psicofármacos – somos o segundo país da União Europeia mais consumidor.

Segundo a Direcção Geral de Saúde, 20% dos portugueses estão deprimidos. Em 2004 gastaram em fármacos 250 milhões de euros. Em cinco anos, conforme o Infarmed, registou-se um aumento de 41% no consumo destas drogas.

É de facto uma Droga. Por um lado, um economista que, hipocritamente, desconhece uma realidade concreta que é um mercado activo cheio de potencialidades presentes e futuras. Por outro, uma sociedade deprimida que necessita, urgentemente, de acreditar em si, de ter esperança e de sonhar. Numa palavra, acreditar no futuro.


Pedro Vieira (pedro.vieira55@gmail.com)

segunda-feira, outubro 09, 2006

Farei sempre o que digo...

Aproximadamente ao fim de dois meses depois da eleição dos novos órgãos sociais da LIGA o presidente eleito tomou, finalmente, posse. De seu nome Hermínio Loureiro é jovem e era recentemente um dos vice-presidentes da bancada social democrática no Parlamento português. Em tempos recentes exerceu também o cargo de secretário de estado dos desportos.

Casa cheia com a presença de todos os clubes profissionais de futebol com excepção do Benfica e do Nacional da Madeira. Presença do secretário de estado actual, Dr. Laurentino Dias – que para o efeito e entre outras coisas, disse:
a) estar assegurada a total disponibilidade do Governo para cooperar com a Liga;
b) que em conjunto, Governo e Liga, podem encontrar novos caminhos;
c) esperar que a Liga participe na discussão da nova Lei de Bases;
d) relações entre a Federação e a Liga e os diversos papeis a assumir, os protocolos, as separações de poderes;
e) o voto secreto nas eleições para a FPF.

Os principais nomes eleitos para os Órgãos Sociais da Liga são:

Comissão Executiva: Presidente – H. Loureiro; Directora executiva – Andreia Couto;
Mesa da Assembleia Geral: Presidente – Valentim Loureiro;
Comissão de Arbitragem: Presidente - Vítor Pereira;
Comissão Arbitral: Presidente - José Ramos dos Santos;
Comissão Disciplinar: Presidente – Ricardo Costa;
Conselho Fiscal: Presidente – João Augusto

Foi apresentado um extenso Programa de onde relevam os seguintes pontos:

1-Criar em colaboração com a Federação, a Taça da Liga;
2.Organizar no Algarve o Troféu Abertura;
3.Captar patrocinador Para a Liga de Honra;
4.Revisão dos Estatutos e Regulamentos da Liga;
5.Profissionalização dos árbitros;
6.Regras (novas) para a cedência de jogadores às Selecções Nacionais;
7.Estudar medidas de apoio á indústria do futebol;
8.Participação activa da liga na discussão da Lei de Bases;
9.Criar regras para o funcionamento da Comissão Técnica de Estudos e Auditorias;
10.Criar programa para captar novos públicos nos estádios;
11.Fomentar encontros de ética entre treinadores, árbitros e capitães de equipas;
12.Criar código de conduta entre os diversos Órgãos de Liga;
13.Criar a figura do Instrutor – em matéria disciplinar juntos dos clubes;
14. Fazer cursos de formação na área da arbitragem aos profissionais da comunicação social.

Seria muito importante para o futebol em Portugal e para o desporto em geral levar adiante este programa no prazo previsto (quatro anos). Aqui, no espaço/sítio “ALVALAXIA” seremos participativos e colaborantes e também vigilantes – já agora e como pontapé de saída proponho que seja estudado a hipótese de se criar um Observatório para o efeito.

Finalmente desejar ao novo presidente da Liga felicidades e votos que se cumpram as suas palavras finais no seu discurso de tomada de posse i/é “..farei sempre o que digo…”.

Pedro Vieira (pedro.vieira55@gmail.com)

quinta-feira, setembro 28, 2006

Liga Profissional de Futebol - que futuro?

Na época passado escrevi aqui que considerava que a Liga tinha sido criada pelos clubes para defender exclusivamente os seus legítimos interesses e não, por razões de isenção e transparência, para gerir as principais competições do futebol profissional em Portugal.

Os acontecimentos e peripécias recentes, numa palavra, inconcebíveis e escandalosos que envolveram e envolvem o Gil Vicente e as concomitantes repercussões que os mesmos tiveram na FPF e na FIFA, assim como as eleições para os órgãos sociais da Liga e as suas peripécias vêm, entre muitas outras coisas, confirmar quão justas e sensatas foram, então, as minhas considerações.

É impensável, insensato e no mínimo caricato, que a Liga tenha assento e poder de decisão, ao mais alto nível, na FPP e que por sua vez esta Entidade (considerada de Interesse Público) julgue e sancione os actos desportivos praticados pelos clubes profissionais de futebol.

A Liga não pode interferir directa ou indirectamente na gestão do calendário desportivo e nas suas diversa competências, entre outras, as avaliadoras, arbitrais e disciplinares.

A Liga deve, unicamente, defender os superiores interesses dos seus sócios - os clubes profissionais de futebol. Para o fazer eficazmente e com eficiência tem que ser independente e isenta. Neste quadro e alcançada a total independência, resta garantir a excelência da sua representatividade. Esta é, porventura, a grande dificuldade e o grande desafio que hoje se coloca. Da qualidade da solução encontrada dependerá também e muito o êxito de uma importante e próspera indústria.

As Entidades responsáveis pela gestão e controlo das competições têm que atingir níveis adequados e eficazes de independência e isenção entre si e também, naturalmente, dos clubes e Liga Profissional de Futebol – pela sua “alta” missão e desígnio justificam e devem ser classificadas de Interesse Público.

Por outro lado e à semelhança dos artistas (futebolistas) devem os dirigentes, árbitros e demais agentes ligados ao futebol profissional serem profissionalizados e ficarem subordinados a um código ético, deontológico e disciplinar compatíveis com o rigor exigível.

Pelo que fica dito resta-me dizer que a Liga não só é desejável como fundamental para o desenvolvimento de uma indústria que se quer promissora e inovadora.

P.S. Com muita felicidade o Sporting conseguiu ontem em Moscovo um resultado positivo (empate) contra o SPartak. Resta para a história desta edição 2006 / 2007 da Liga de Campeões, para além do resultado, a experiência inovadora de o mesmo se ter realizado num recinto cuja relva era sintética. Muitas notas terão certamente sido recolhidas pelos especialistas, esperamos que no futuro esta primeira experiência tenha contribuído positivamente para tornar o “jogo” mais competitivo e espectacular. O FUTEBOL, como todas as actividades, necessita para se consolidar e desenvolver de mais competência e inovação.


Pedro Vieira (pedro.vieira55@gmail.com)

domingo, setembro 17, 2006

Sobre o estado do futebol potuguês (1)

No rescaldo do “caso Mateus” e ainda a quente começam a ser audíveis vozes - umas, em minha opinião, credíveis outras não - acerca das soluções para ultrapassar a situação grave em que caiu o futebol profissional em Portugal.

É consenso alargado que o problema principal não reside nos principais e verdadeiros protagonistas – jogadores e equipas técnicas – mas antes nos dirigentes, quer sejam os que estão à frente das entidades que superintendem o futebol (Federação e Liga de Clubes) quer os que estão à frente dos clubes.

Nesta conformidade, algumas vozes com credibilidade devidamente suportada têm, ultimamente, assumido a necessidade de se proceder – com urgência - a uma “varredela” profunda nas estruturas dirigentes do futebol português. Alguns dizem ainda que as alterações preconizadas na nova lei de bases do desporto são insuficientes, perspectivando medidas ainda mais duras, ou seja, mais radicalismo no tratamento da situação, inclusive a intervenção do governo da república.

Nas circunstâncias actuais a adopção de bom senso (qb) é essencial, como essencial é despirem-se as camisolas impregnadas de “clubite,” bem como afastar o maior número de interesses individuais e particulares, estabelecendo-se, assim, fronteiras claras de forma a garantir níveis seguros de isenção e independência.

É fundamental tipificar as incompatibilidades quanto à sua natureza e temporalidade.

É essencial esclarecer o papel do Estado e das suas estruturas naquilo que diz respeito ao desporto em geral e ao futebol em particular. Quanto mais afastado estiver aquele da gestão directa, melhor - deve, por princípio, confinar-se essencialmente ao seu papel regulador. Sobre este, e atendendo aos problemas graves de corrupção que afectam o futebol aos mais diversos níveis, é importante também e no âmbito do pacto da justiça recentemente celebrado entre os dois principais partidos, aproveitar a veia reformadora instalada e criar os meios e os instrumentos de actuação adequados. É determinante entrar nas reformas dos códigos – sobretudo ao nível do agravamento das penas individuais e colectivas – assim como procurar novas instituições que tratem dos problemas de forma eficiente e eficaz.

É fundamental pensar o futebol, globalmente, como indústria de sucesso:

- Avaliar qualitativamente e quantitativamente as diversas competições e as suas estruturas subjacentes - físicas, financeiras e humanas;


- Definir metas de evolução ao nível nacional e internacional;

- Definir as políticas e as estratégias e escolher as parcerias (internas e externas) adequadas;

- Monitorizar e programar os meios de controlo e validação a curto e a médio prazo.

Na devida altura, mais propriamente em 1/03/06. escrevemos aqui, sob o titulo “Contributos para Alterar o Sistema”, algumas coisas com o objectivo de reflectirmos um pouco sobre o futebol e fundamentalmente sobre eventuais alternativas. Mais à frente voltaremos a este assunto com mais desenvolvimentos.

Pedro Vieira (pedro.vieira55 @gmail.com)

quarta-feira, setembro 06, 2006

E o Mateus que é feito dele?..,

O chamado “caso Mateus” atingiu níveis de complexidade elevados, suportando-se em áreas jurídicas diversas – desportivas, laborais, constitucionais e comunitárias. Para complicar todo o processo tem-se criado ainda algumas confusões no que diz respeito ao papel assumido e a assumir pelas diversas entidades envolvidas.
Tornou-se num problema politico que ultrapassa largamente os contornos internos, sendo difícil, no presente, ter a noção clara da dimensão do mesmo e das suas consequências futuras. Há quem defenda e diga que estas poderão vir a tornar-se bem mais complicadas do que as do “caso Bosman”.

Desta vez, todos os envolvidos, os que gostam de futebol, os que não gostam, os que dizem que não gostam mas lá no fundo estão intensamente apaixonados. Todos, opinam, é a conversa generalizada e intensa - nas casas, nos empregos, nos jornais, nas rádios e televisões. O problema ultrapassou fronteiras e é hoje também caso lá fora. A FIFA e a UEFA estão atentas e esperam a oportunidade adequada para desferirem o “castigo exemplar”, por isso, e porque não querem perder tempo, pressionam.
Para a Itália o “caso Mateus” foi o pretexto para sair de cena e desviar as atenções. Uma dádiva, depois do título de campeões do mundo foi a cereja em cima do bolo.

Em torno do caso muita coisa importante foi discutida sendo possível, com algum bom senso, concluir o seguinte:

a) A excessiva lentidão com que a Federação Portuguesa de Futebol e a Liga de Clubes Profissionais abordaram os problemas inerentes. Decorrendo desse comportamento a atribuição de responsabilidades a essas instituições que importa virem a ser assumidas rapidamente;

b) Do ponto de vista desportivo o Gil Vicente procedeu e agiu mal e merece, por isso, ir para a divisão de honra. De facto atentou e sobretudo não respeitou os regulamentos da Liga e da Federação que livremente e na devida altura subscreveu e aceitou cumprir. Efectivamente o futebol e as suas competições federadas não podem - correndo o risco de ficarem bloqueadas - estarem sujeitas aos prazos e formalismos próprios da justiça comum;

c) Do ponto de vista Administrativo (jurídico ou laboral) o Gil Vicente, provavelmente, terá razão. E nesta caso, apenas os tribunais comuns poderão dirimir a situação em sede própria, justificando-se o recurso aos mesmos e assim cumprir-se um elementar direito constitucional, o direito de todos à justiça;

d) A forma incorrecta - porque atentatória dos seus elementares direitos desportivos, sociais e económicos - como o cidadão imigrante Mateus foi tratado ao longo deste processo;

e) O facto de toda a problemática subjacente ultrapassar os meros interesses e contornos internos – sendo correcto dizer que a mesma é extensível aos outros países e às respectivas instituições responsáveis pela gestão do futebol e membros da FIFA.

Posto isto, sinceramente não percebo a reacção da FIFA. Será que esta foi mal informada? Ou será que esta não está interessada em ceder naquilo que tem que ceder ou seja, na aceitação do diálogo e da discussão com vista à uniformização de princípios e procedimentos?
Na minha modesta opinião a FIFA só tem a ganhar com o diálogo, não sendo tolerável que siga caminhos sancionatórios e atentatórios de alguns dos valores democráticos essenciais, designadamente dos elementares direitos constitucionais – garantes da autonomia contratual e da livre circulação das pessoas.
Assim, por convicção, considero que o caminho correcto a seguir não é o da mera penalização por parte da FIFA – muito menos através de ameaças – das Federações inscritas em que muitas delas pertencem a Estados Democráticos de Direito.

Porque é uma das partes importantes do processo e porque não tem tido o tratamento jornalístico esperável, gostaria de deixar aqui uma palavra de atenção ao atleta internacional angolano envolvido, formulando a seguinte pergunta: E o Mateus que é feito dele?


Pedro Vieira (pedro.vieira55@gmail.com)

Imbróglio Mateus

Vou abordar este caso opinando sobre os vários agentes envolvidos.
Belenenses - Tal como outros clubes ameaçaram fazer se descessem de divisão e o Gil Vicente permanecesse, o Belenenses denunciou o caso à Liga. E fez muito bem. Os clubes não podem ser prejudicados pelo facilitismo e incumprimento de normas por parte dos seus concorrentes. Não sou a favor das "vitórias" mas pior do que isso é violar as regras estabelecidas. Se em vez de Belenenses estivesse aqui escrito Académica, Naval, ou outro qualquer nome diria o mesmo.
Gil Vicente - Ao que parece vai ser penalizado pelo seu incumprimento das normas estabelecidas e pela sua leviandade. É verdade que tem um fax da FPF que lhe convida a recorrer aos tribunais civis. Mas para quê ir tão longe? A partir do momento que se vê burlado pelo Lixa - clube vendedor de Mateus devia ter pedido o dinheiro de volta se já tivesse pago algum. É claro que o Paços de Ferreira já tinha tido o mesmo problema e não tinha ido com o negócio avante e os gilistas não tinham conhecimento disso. Mas cautleas e caldos de galinha nunca fizeram mal a ninguém. Espero que rapidamente retome à normalidade, leia-se disputar a 2ª Liga e tentar retornar à 1ª.
Liga - Esta instituição, que nas palavras do seu dirigente máximo é "sócia" minoritária da Federação, demorou muito tempo a resolver o problema. A decisão é tardia e previamente conhecida. Segundo me parece, não permite, em tempo útil o recurso do Gil Vicente. Um país com a Selecção que tem e os jogadores que tem não merece a organização que tem.
Federação - Não devia ter enviado aquele fax ao clube de Barcelos. Assim o Gil Vicente já tem um motivo e uma "autorização" para recorrer aos tribunais civis. E assim a FPF é que está a desrespeitar as Leis do futebol internacional. Isto se ao caso vertente se lhes aplicarem as Leis desportivas e não as do trabalho.
Nota Final 1 - Há que evitar estas situações que há muito me pareciam banidas do futebol português. Caso contrário a FIFA ficam com a ideia que o Sul da Europa não funciona "bem da cabeça" e que Portugal é um país da América Latina.
Nota Final 2 - Gilberto Madail esteve bem ao fazer a comparação entre a União Europeia e a UEFA e/ou FIFA. Apesar de grosseira teve o dom de mostrar que a nível internacional e fora da esfera do futebol também são emanadas normas que os diversos países, e no caso vertente Estado Membro, têm que transpor para os respectivos Direitos Nacionais. Veja-se o caso do Euro - €. Não é uma moeda europeia? Veja-se o caso da já falada Segurança Social Europeia.