No seguimento daquilo que disse anteriormente e basicamente disse entre outras coisas:
(a) “que o SCP era dos três grandes o que tinha menos investido, em termos de aquisições, e o que tinha mais apostado na manutenção de um plantel formado em grande parte por atletas portugueses, alguns deles, provenientes da sua escola de formação”;
(b) “a época 2008/2009 se tinha iniciado sabendo-se que no final apenas entrará directamente na Liga Milionária o 1º classificado e que o 2º terá que disputar a última eliminatória de acesso”;
(c) “iniciou-se também com o desenvolvimento de operações de desgaste da imagem do clube (Sporting), desenvolvidas pela imprensa do SISTEMA”;
(d) “no final da época estão previstas eleições para os órgãos directivos do SCP”.
Os ataques foram-se intensificando e sub-repticiamente – por alguma imprensa tóxica - foi-se criando a ideia de que o FC Porto se encontrava debilitado e em fase de declínio e que o Sporting estava a ser mal dirigido e que o treinador do clube não dispunha das condições de balneário aceitáveis (balneário desunido e descontente). Ao invés o Benfica dispunha do melhor plantel, dispunha dos melhores dirigentes, melhor treinador e para cúmulo tinha o melhor director desportivo, de todos os tempos, do futebol português, estou a referir-me a Rui Costa.
E por aí fora, virtualmente, os dias iam passando, o cavalgar da onda ia-se fazendo, o FC Porto afundava-se e o Sporting naufragava. No meio e da espuma envolvente emergia um SLB vitorioso, confiante e empolgante desportivamente e economicamente.
Pois bem chegámos ao natal e o FCP e o SCP passaram aos oitavos de final da Liga de Campeões, estão a dois e três pontos do primeiro classificado (SLB) da liga caseira. Na Taça de Portugal apenas resta o FC Porto – SCP e SLB foram eliminados, e na UEFA, nem oito nem oitenta, apenas ficou o SC Braga –o Benfica acabou por ficar em último lugar no grupo.
Afinal tudo ao contrário e a verdade é que ao SLB apenas lhe restam duas competições em quatro possíveis.
Pedro Vieira (pedro.vieira55@gmail.com)
sexta-feira, dezembro 19, 2008
O Sporting continua a resistir (Denuncia n.º2)
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Pedro Vieira
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quinta-feira, dezembro 18, 2008
A Imagem do Futebol Português
Foi um achado. Já há muito que pretendia expor as ideias infra até que encontrei esta imagem que é a que melhor espelha o Futebol Português nos últimos 30 anos.
Na 1ª fila e da esquerda para a direita podemos ver (o último listado está na 2ª fila):
- 1 - Joaquim Raposo - Autarca. Tal como mais de 300 semelhantes gosta de ver o nome do seu município em todos os jornais quando o clube da sua terra joga. Esta vaidade, que também é uma necessidade de visibilidade num país apaixonado pelo futebol, criou um mundo cinzento, obscuro e por vezes - demasiadas vezes - corrupto entre futebol e poder político no caso local. Apesar de ter uma imagem razoável deste autarca o que é certo é que está na tribuna deste pequeno mas vazio campo de futebol quando está presente o Presidente do mais titulado clube português do regime democrático.
- 2 - Pinto da Costa - O Papa Eucalipto, o Dono do Sistema. Ano após ano tem ajudado a reduzir as espécies do futebol português a três grandes espécies. As outras não passam de ervas daninhas em cujos estádios vão cada vez menos pessoas. Isto em virtude de uma nova ordem sócio desportiva mas também da incapacidade dos principais agentes desportivos se unirem na necessidade de dar competitividade e consistência a outras "espécies" que não as três grandes. Como "Dono do Sistema" conseguiu valer-se da vaidade do agente "Autarca" e do agente "Empresário Vaidoso" para diminuir os poderes destes e aumentar o seu a um nível médio em termos europeus. Se internamente (leia-se dentro do seu clube) é excelente, externamente é altamente pernicioso;
- 3 - Presidente do Estrela da Amadora - Empresário Vaidoso. Nem sei o nome dele. Apesar do escândalo - igual a tantos outros - de salários em atraso se manter desde o inicio da época, não sei mesmo o nome dele. Mas está bem vestido e anda de Mercedes. Foram muitos que se renderam ao Sistema e ao seu CEO - Reinaldo Teles. Este prometia o mesmo a vários e ao mesmo tempo. O que era impossível cumprir. Mas os "encaixes" já estavam garantidos. Também temos a noção que os clubes têm um défice estrutural de exploração crónico. Mas este problema fulcral não é resolvido. A bem do Sistema (de favores)!
- 5 - Joaquim Oliveira - O Homem da Publicidade e da SportTV. O irmão do António Oliveira jogador do Sporting chegou longe. Segundo reza a história começou a sua vida desportiva a acartar paineis publicitários. Depois foi intermediário de marketing entre empresas e clube com gestão artesanal. Quando os clubes não souberam negociar com a RTP monopolista da altura passou a ser intermediário para este serviço. Monopolizou a compra deste serviço aos clubes sem olhar aos meios para atingir os fins. Com o surgimento da SportTV o seu poder foi-se alargando a outros meios de comunicação social. É o UnCitizen Kane de Penafiel;
- 3 - Adelino Caldeira - O Profissional da SAD. (atrás do Presidente do Estrela na 2ª fila) Foi embolsar a bom embolsar desde 2003. Mas já antes disso tinha sido, mesmo antes de existir SAD. Comprar barato e vender caro foi um lema ainda hoje presente na parte oriental da VCI (infelizmente já não é na parte ocidental). Há que geral o dinheiro o mais profissional possível. E ele sabe o fazer mas há dinheiro que inexplicavelmente falta mas também o seu clube vai atingindo os elevados objectivos que o seu clube se propõe.
Mais tarde falarei da eucaliptização do sistema.
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António Gouveia
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segunda-feira, outubro 13, 2008
Atenção aos tempos que se avizinham
Recentemente o Jornal desportivo RECORD, nos dias 10 e 11 de Outubro de 2008, publicou uma extensa entrevista feita ao presidente do SCP.
O título, desde logo para os sportinguistas, não poderia ter sido mais sugestivo – As ideias para um novo SPORTING.
Sintetizamos as principais mensagens, passamos a citar:
(a) Existe uma crise de militância no Sporting;
(b) Equipa precisa de um estádio cheio:
(c) Realizámos o projecto, mas não conseguimos passar a mensagem de que queremos crescer;
(d) Tem falhado a ligação emocional da família leonina:
(e) A família leonina não cresceu;
(f) A “Olivedesportos” esteve desde o primeiro momento a apoiar os clubes. Há que reconhecê-lo;
(g) Paulo Bento é excepcional a gerir recursos humanos;
(h) È importante criar um novo conceito de clube que se adapte aos tempos modernos e onde as pessoas participem mais;
(i) O Sporting tem de dever menos para investir mais no futebol. Dentro de cinco anos estaremos a dever cerca de 140/150 milhões de euros, valores estes compatíveis com uma gestão mais saudável;
(j) Mais participação e militância dos sócios, alargamento do Conselho Leonino, acabar com as modalidades deficitárias e criar secção dos desportos radicais, equacionar construção do pavilhão;
(k) Novo modelo para o CD e SAD;
(l) Passar estádio e Comércio e Serviços para a SAD;
(m) A Sporting TV não é negócio possível;
(n) Dirigindo-se a alguma oposição diz que de nada vale desenterrar cadáveres.
Paralelamente os rivais (SLB) continuam na sua caminhada gastadora e investiram, mais uma vez, fortemente no seu plantel para 2008/2009. Ao mesmo tempo, criam um novo serviço comercial, neste caso um canal televisivo (Benfica) na rede MEO. Objectivo aproveitar os sócios Benfica (potenciais clientes do negócio) e rentabilizar o canal televisivo, isto independentemente dos compromissos assumidos com a “Olivederportos”.
Chamo a atenção para esta última situação e gostaria ainda de reflectir no seguinte: (1) As médias de assistência nos dois últimos anos na principal Liga de futebol em Portugal andarão nos 10.000 espectadores por jogo, isto num contexto de 16 equipas e 8 jogos semanais realizados durante aproximadamente 9 meses de competição; (2) Mesmo assim, para esta fraca média muito tem contribuído os três grandes e em especial o SLB nos jogos em que participou enquanto visitante. (3) Nesta perspectiva coloca-se uma questão, não diminuirão ainda mais com o novo canal televisivo Benfica as assistências e concomitantemente as respectivas médias. (4) Esta reflexão coloca ainda uma outra questão, para onde caminha competitivamente o futebol português (?), ou melhor existe, verdadeiramente, competição no futebol português (?). A resposta para mim é clara: enquanto não existir público nos estádios a competição estará fortemente prejudicada. O futebol existe porque o público participa no espectáculo.
Para finalizar gostaria que ficassem evidentes estas duas posturas diferentes: por um lado um clube pragmático, responsável e cauteloso – inovador na medida do possível – mas com um projecto sólido (Sporting); e do outro o (Benfica) à procura de uma dinâmica ganhadora custe o que custar.
Nota: Não menciono neste texto o FCP, porventura dos três grandes o clube mais sólido desportivamente e economicamente, porque considero no contexto desnecessário mencioná-lo.
Pedro Vieira (pedro.vieira55@gmail.com)
quarta-feira, setembro 10, 2008
Algumas notas,inicio época - 2008/2009 - Parte II
As notas anteriormente referidas (Parte I) permitem, após alguma reflexão, que se chegue a algumas conclusões, designadamente e de forma sintética:
Ao nível de clubes algumas regiões do país não se encontram representadas na principal liga de futebol profissional. O Alentejo, Algarve e região autónoma dos Açores não se encontram representadas e assim desvirtuam, de alguma forma, o princípio da representatividade que deve estar, sempre, associado a esta competição;
Mais de metade dos atletas (207) que participam na Liga Sagres (I Liga), são estrangeiros, facto que contribui fortemente para a descaracterização da competição e qualidade final desta;
A dinâmica das contratações dos atletas para a I Liga, na sua maioria, pertencentes a outras nacionalidades e a outros futebóis tem afectado negativamente todo o mercado formativo interno. Ao privilegiar-se o mercado exterior de contratações, compromete-se fortemente a dinâmica interna de criação de talentos. Esta situação agrava-se ainda mais pelo facto de os nossos principais talentos jogarem, actualmente, em ligas estrangeiras. A médio prazo esta dinâmica irá pôr em causa a nossa própria forma de jogar.
Em termos orçamentais, o volume financeiro associado encontra-se fortemente concentrado nos chamados três grandes, que representam, entre si, 79% do valor total;
Em termos de associados a grande maioria (81%) encontra-se filiada nos três grandes;
A fraquíssima afluência de público nos estádios. Com excepção dos chamados três grandes, normalmente, a média de público nos estádios da I Liga não chega aos 6 mil espectadores/ por jogo;
A existência de um fosso enorme ao nível económico/financeiro, desportivo e competitivo, entre a I e a II Liga.
O agravamento progressivo da saúde económica e financeira da generalidade dos clubes desportivos em Portugal;
As conclusões agora descritas permitem-nos ainda dizer que a realidade do futebol profissional em Portugal é bastante preocupante. Como muito bem disse recentemente Jorge Valdano, o futebol é a metáfora de uma sociedade com grandes desequilíbrios económicos.
Por isso é urgente encontrarem-se soluções organizativas, económicas e financeiras e competitivas que permitam sair desta preocupante situação.
Nesta perspectiva é hoje consensual que as soluções terão que passar, inevitavelmente, por se assumirem atitudes inteligentes, inovadoras e que, no seu conjunto, estas sejam financeiramente e politicamente aceitáveis e sustentáveis.
2. Em conformidade e no sentido da sua efectiva resolução constata-se que algumas das questões aqui colocadas poderão ser abordadas, estudadas e resolvidas no âmbito da nossa selecção, ou melhor ao nível das diversas selecções de futebol – escalões jovens e seniores.
A selecção pode e deve ser: (a) o nosso principal centro de formação
(atletas, técnicos e dirigentes); (b) o nosso principal centro de prospecção e desenvolvimento da modalidade junto dos clubes; (c) o principal centro aglutinador e dinamizador das dinâmicas desportivas e competitivas.
Pelo seu passado, competência e experiência e fundamentalmente pelo seu presente - muito mais amadurecido - o professor Carlos Queirós é a pessoa que reúne as melhores condições para iniciar todo este trabalho árduo e gigantesco. Precisa de tempo, fundamentalmente TEMPO E MODO, os resultados virão depois como, de resto, já anteriormente vieram.
Portugal necessita, a todos os níveis, de bons gestores e Carlos Queirós tem competência e é um bom professor – que o diga Ferguson.
Pedro Vieira (pedro.vieira55@gmail.com)
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Pedro Vieira
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segunda-feira, setembro 08, 2008
Notas, inicio de época - 2008/2009 (Parte I)
No chamado defeso, normalmente, alguma imprensa desportiva especializada pública, com algum detalhe, informações sobre os novos planteis e respectivas equipas técnicas (entradas e saídas), valores gastos com aquisições e vendas dos passes dos atletas, os orçamentos disponíveis para a nova época, etc. Foi, precisamente, o que aconteceu para a nova época – recentemente iniciada – 2008/2009 e mais propriamente para as duas principais ligas do nosso futebol profissional.
Justamente, a Liga Sagres (I) e a Liga Vitalis (II).
Sobre os dados recolhidos e após algum tratamento adequado dos mesmos, passo a descrever algumas notas:
Liga Sagres (I)
(a) A principal liga é composta por 16 clubes, com uma distribuição geográfica concentrada no Norte (9), Centro (5), incluindo Lisboa e Setúbal. A região autónoma da Madeira está representada por 2 equipas. O sul do país e a região autónoma dos Açores, mais uma vez, não se encontram representadas na principal liga de futebol;
(b) Fazem parte dos 16 clubes 403 atletas. Os planteis encontram-se constituídos por 23 atletas (5 equipas), 24 (1 equipa), 25 (2 equipas), 26 (4 equipas), 27 (2 equipas), 28 (2 equipas);
(c) Dos 403 atletas, 196 são portugueses (49%), 207 são estrangeiros (51%);
(d) Dos atletas portugueses presentes (196), 64 são provenientes do futebol formação. Os clubes que mais participam com atletas da formação foram o SCP com 9, FCP com 7 e E/Amadora e Rio Ave, ambos com 8;
(e) Dos atletas estrangeiros – a maioria – destacam-se os brasileiros com 130 e restantes nacionalidades 77;
(f) Dos 16 treinadores presentes, 12 são portugueses e 4 são estrangeiros (3 brasileiros e 1 espanhol);
(g) Para esta época entraram para os clubes da I Liga 171 novos atletas - 42% do total, portugueses foram 70, de outras nacionalidades 101. Os clubes que mais se destacaram foram o Nacional, E/Amadora, Belenenses (cada com 16 novos atletas), o Marítimo (15), o SLB (14) e finalmente o FCP (11). Ao invés o Sporting destacou-se como o clube que menos adquiriu (5);
(h) O SLB destaca-se, no valor despendido nas aquisições, com cerca de 23 M.€, o FCP com 20 M.€ e o SCP com 9 M.€. Em termos de vendas destaca-se apenas o FCP com cerca de 40 M.€;
(i) As 16 equipas, em termos orçamentais, prevêem gastarem para a época 2008/2009, cerca de 152,5 M.€. Os três grandes concorrem para este valor com 79% - designadamente, o SLB e o FCP com 40 M.€ cada um, e o SCP com 25 M.€;
(j) O número de adeptos filiados nos clubes atinge os 508.187, estando 81% destes concentrados em quatro clubes - designadamente, SLB (173.858) FCP (109.000), SCP (95.000) e finalmente o V.Guimarães com 30.000.
(k) A fraca afluência de publico nos estádios, normalmente a média, por jornada, não ultrapassa as 10.000 pessoas.
Liga Vitalis (II)
(1) A liga secundária é também composta por 16 clubes, com uma distribuição geográfica concentrada no Norte (10), Centro (3), Sul (2), a região autónoma dos Açores (1);
(2) Fazem parte dos 16 clubes 375 atletas. Os planteis encontram-se constituídos por, 18 atletas (1 equipa), 20 atletas (1 equipa), 21 atletas (1 equipa), 22 atletas (2 equipas), 23 atletas (3 equipas), 24 (2 equipas), 25 (3 equipas), 26 (2 equipas) e 28 atletas (1 equipa);
(3) Dos 375 atletas, 270 são portugueses (72%), 105 são estrangeiros (28%);
(4) Dos atletas portugueses presentes (270), 34 são provenientes do futebol formação;
(5) Dos 16 treinadores presentes, todos são portugueses;
(Continua)
Pedro Vieira (pedro.vieira55@gmail.com)
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Pedro Vieira
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segunda-feira, agosto 04, 2008
Cadê o Jogador Tuga?
Faltam jogadores portugueses ao campeonato português.
É incrível mas é verdade. Este ano deve ser um dos piores anos de sempre. Tive a oportunidade de ontem ler o anuário de um jornal desportivo português, e se já tinha andado com esta noção, constatei que são raras as equipas da primeira divisão - liga Sagres, que conseguem constituir um onze só com jogadores que podem envergar a camisola das quinas.
Dos 3 grandes apenas o Sporting apresenta 13 jogadores com essa capacidade em nas 16 equipas que constituem a primeira divisão o n.º de jogadores portugueses é para aí de 8 ou 9, sendo que tradicionalmente destes 2 serão os guarda-redes reservistas.
Depois querem selecção nacional. A exportação tem alguma culpa, mas não justifica tudo. Os investimentos dos clubes passam sempre por comprar jogadores preferencialmente ao mercado sul americano, de onde chegam aos magotes e quase sempre de qualidade francamente reduzida, já que raramente vêem de equipas da primeira divisão desses países mas sempre de divisões secundárias e o mais escandaloso de divisões equivalentes aos nossos distritais.
Mais grave se torna quando até vemos equipas da liga vitalis com excesso desses jogadores.
O jogador português que é formado nas 'academias' deixou de ter mercado a nível nacional.
Não pretendo com esta analise particularizar em nenhum clube mas tenho de dar o exemplo do FC Porto que este ano entre muitas contratações que fez apenas o defesa Rolando ex-belenenses, é português.
Vão seguramente existir muitas equipas na divisão principal do nosso futebol equipas onde não existiram portugueses nos onzes titulares.
A questão que eu coloco é a seguinte quanto ganhará um ex-júnior do Sporting ou de outro grande, face aos jogadores que vêem do joinville ou do criciuma. Compensará tal aposta. Por isso é que as selecções jovens portuguesas que ganhavam ou chegavam a finais em escalões sub-17 a sub-20 deixaram sequer de se apuraram para as fases finais dessas competições.
Não esquecer que os êxitos que as selecções tiveram basearam-se numa geração que quando chegou aos 22 anos já tinham 80 e muitas internacionalizações em escalões inferiores. Isto está a deixar de existir e urge regulamentar esta situação. Criação de um campeonato sub-21, o renascer do celebre torneio de reservas. Enfim algo tem de ser feito, antes que a selecção nacional passe aos níveis de 1970.
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Greenheart
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quinta-feira, junho 05, 2008
Um dia feio para o futebol português
Ontem a UEFA decidiu que o FC Porto deverá ser penalizado na sequência das sanções proferidas pela LIGA no âmbito do chamado processo Apito Final. A sanção a aplicar aos dragões será a de ficarem impedidos de participarem em qualquer das provas desportivas realizadas pela UEFA na época 2008/2009. Deverá ser (escrevemos) porque o FC Porto terá ainda direito a interpor recurso. Ao que parece desta vez vai exercer o direito.
Consequências imediatas: (a) péssima imagem transmitida para o exterior, com a consequente perde de credibilidade do futebol português; (b) consequências imediatas (negativas) no âmbito do grupo de trabalho da selecção nacional de futebol; perda de imagem e de credibilidade do principal clube de futebol português – justamente aquele que melhores resultados e títulos nacionais e internacionais alcançou - nas duas últimas décadas; (c) descredibilização, a vários níveis, do dirigismos desportivo português, (d) perdas, substanciais financeiras, a título de exemplo o FC Porto na época 2007/2008 e nas competições europeias, facturou aproximadamente 13 milhões de euros.
Leonor Pinhão (LP), benfiquista assanhada, escreve hoje na sua habitual crónica das quintas-feiras no jornal “A BOLA” que A “culpa” de a UEFA ter banido o FC Porto é … do Benfica. É evidente que LP tenta fazer humor com a situação. É evidente que existe bastante exagero na afirmação, agora que o Benfica está bastante envolvido na situação, também me parece evidente. Aliás, basta ter lido os artigos de LP sobre o Apito Dourado e constatar, ali, o ódio visceral existente contra o FC Porto.
Razão teve ontem (quarta-feira) Fernando Correia, quando aos microfones do RCP (Lugar Cativo), afirmou e a propósito da decisão punitiva da UEFA, ser um dia triste para o futebol português.
Pedro Vieira (pedro.vieira55@gmail.com)
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Pedro Vieira
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21:34
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quarta-feira, junho 04, 2008
UEFA com Mão Pesada
Leiam ESTA NOTÍCIA. A UEFA não foi em brincadeiras e deu um castigo exemplar a que o merece - FC Porto e Pinto da Costa.
FINALMENTE ALGUÉM PÕE UM TRAVÃO A UMA POUCA VERGONHA INSTALADA DESDE HÁ MAIS DE 30 ANOS DO FUTEBOL NACIONAL
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António Gouveia
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16:30
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sábado, maio 24, 2008
Os Xico-Esperto(s)
Existem e pululam por esse país fora, infelizmente em quantidade suficiente para contaminar organizações e instituições em geral e algumas (importantes) em particular. Antigamente palitavam os dentes e cheiravam a suor e engraxavam os sapatos com o jornal enfiado debaixo do sovaco. Actualmente, estão mais “polidos” e “sofisticados” e apresentam, sempre, um ar dinâmico e diligente, por isso andam em permanente comunicação, i/é, agarrados ao telemóvel, já não cheiram mal, mas continuam a fazer muito mal.
Vem isto a propósito de algumas notícias (recentes) relacionadas com alguns comportamentos associados a personagens que estão ligadas de forma directa e indirecta aos chamados Apitos, Final e Dourado.
Com efeito o FC Porto ao não recorrer para o Conselho de Justiça da Federação Portuguesa de Futebol (FPF) da decisão da Comissão de Disciplina (CD) da LIGA, designadamente da sanção que lhe foi imposta - perda de 6 pontos e multa de 150 mil € - acabou por aceitar implicitamente e objectivamente as sanções do CD e a culpa que lhe foi imputada.
Esta assumpção implícita da culpa por parte dos dirigentes do FC Porto não aconteceu por acaso. Aconteceu e inseriu-se numa estratégia para evitar, caso se optasse por recorrer da decisão do CD, que uma das sanções, nomeadamente a perda dos 6 postos, resvalassem para a época seguinte (2008/2009), podendo assim vir a comprometer a conquista do campeonato.
Acontece que um azar nunca vem só e ao que parece a UEFA decidiu, recentemente, que os clubes que tenham sido acusados e culpados pela Justiça Desportiva dos seus países de origem de situações de viciação de resultados podem ser penalizados, no ano em que ocorreram essas decisões, com o impedimento de participarem nas competições organizadas por esse organismo europeu.
Pelos vistos os autores da “competente estratégia”podem ter sido enganados. É caso para se dizer que o tiro pode ter-lhes saído pela culatra.
Bom, mas não levou muito tempo para que aparecessem Outros Xico-Esperto(s) a reclamarem que eram eles e o seu clube que deveria ocupar a posição deixada em aberto pelo eventual impedimento competitivo do FC Porto. Esquecendo-se, entretanto, de um pequeno pormenor, justamente, o de que pode não ser esse o entendimento e a opção final da UEFA quanto ao clube escolhido para substituir o sancionado.
Pedro Vieira (pedro.vieira55@gmail.com)
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Pedro Vieira
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segunda-feira, abril 14, 2008
Um apelo sensato...
Dias Ferreira ex dirigente do Sporting e comentador desportivo, regular, no programa televisivo Dia Seguinte na SIC assina também habitualmente, na qualidade de advogado e presidente da Liga de Futebol não Profissional, no Jornal RECORD uma coluna com o título Ala Direito.
Este fim-de-semana (sábado, 12 de Abril) publicou um excelente texto sobre o qual me permiti extrair um excerto que deixo aqui para reflexão, a saber:
… A paixão, por vezes quase irracional, como tem vivido os nossos clubes até aos dias de hoje, está quase esgotado, por não se ter temperado em tempo oportuno com alguma razão. E enquanto ele se não esgota definitiva e irreversivelmente, há que ter a coragem de entre todos e cada um na sua casa, discutir qual o modelo de clube que quer e pode ter, sem tibiezas nem complexos, e tendo os olhos postos em exemplos onde o capital externo não matou a paixão interior….
Este pequeno excerto ilustra de forma concisa e clara as preocupações sentidas por um número crescente de adeptos de futebol e em particular daqueles que sentem os seus clubes do coração em dificuldades acrescidas. Em abono da verdade deveremos também dizer que o “mal” afecta a maioria dos clubes portugueses. É um “mal” que corrói lentamente e que anualmente produz as suas crises cíclicas, das quais destaco os ordenados em atraso dos protagonistas e o, sempre, crescente endividamento bancário.
Por outro lado, verifica-se que a diferença (capacidade) patrimonial e financeira dos três grandes relativamente aos restantes é abismal. Neste contexto e para esta importante indústria, convenhamos, é muito difícil criar regras e ambientes saudáveis de concorrência livre.
Neste cenário e circunstâncias, confessamos, é também muito difícil falar em igualdade e transparência desportiva.
Saudamos por isso a decisão dos órgãos sociais do Sporting Clube de Portugal de levarem a efeito, proximamente, a realização de um importante Congresso para se discutirem os problemas que afectam o clube e o futuro que se deseja para o mesmo.
A presidir este importante evento leonino estará o Dr. Ernesto Ferreira da Silva, que por si só, será já um sinónimo de seriedade e de êxito.
É necessário e urgente encontrar alternativas e sobretudo saídas inteligentes para os apitos dourados e quejandos que persistem em afectar o futebol português.
Mais uma vez a instituição leonina dá a cara e o, bom, exemplo.
Pedro Vieira (pedro.vieira55@gmail.com)
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Pedro Vieira
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18:12
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quarta-feira, abril 09, 2008
O Bom, o mau e o vilão
Um resumo que corrobora vários factos do texto hoje aqui transcrito!
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António Gouveia
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08:00
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FC PORTO - Para que não se esqueça nem se iludam (o texto é grande mas leiam)
Texto retirado de http://vedetadabola.blogspot.com/ Parabéns ao seu autor que teve a grande paciência e memória de tamanho trabalho de investigação. Alguns factos aqui relatados como graves já são hoje tidos como normais no futebol luso. Mas a memória não é curta! Obviamente não subscrevo a análise feita na letra S.
VINTE ANOS DE MENTIRA DE A a Z
A justiça do título conquistado pelo F.C.Porto nesta época de 2007-08 é inatacável. Embora beneficiando de dez golos irregulares ao longo da prova - Sporting, U.Leiria (3), P.Ferreira (2), Boavista, Leixões e Belenenses (2) -, cinco expulsões perdoadas (três delas a Bruno Alves em Matosinhos, Alvalade e Amadora, uma a Quaresma e outra a Lisandro nos Barreiros), e pese ainda os treze penáltis subtraídos ao Benfica e descritos em post anterior, tem que se admitir a maior regularidade exibicional dos portistas, a sua maior coesão, e o brilhantismo de alguns dos seus jogadores, nomeadamente os argentinos Lucho e Lisandro, que realizaram uma temporada extraordinária.
Efectivamente, mesmo sendo - respeitando a tradição - a equipa mais beneficiada da competição, tem que se dizer que o F.C.Porto foi também o melhor conjunto e, sobretudo, que não teve culpa dos erros de águias e leões, que cedo se suicidaram neste campeonato quer dentro quer fora das quatro linhas, com erros crassos de gestão desportiva próprios do mais cândido amadorismo. Sem interferências de arbitragem, possivelmente a festa não tinha ainda sido feita, mas, mais jornada menos jornada, a equipa de Jesualdo confirmaria o merecido título, até porque muitos dos lances referidos (embora nem todos) ocorreram em jogos nos quais os portistas acabaram por vencer folgadamente.
Isto todavia não apaga, nem pode branquear, todo o caminho histórico percorrido pelos dragões até aqui, designadamente desde o momento em que Jorge Nuno Pinto da Costa assumiu o poder – do F.C.Porto, e do futebol português.
Desde os anos oitenta muitos foram os casos, muitas foram as suspeitas. Quando vieram a público as escutas do Apito Dourado quase ninguém foi apanhado de surpresa, pois toda a gente mais ou menos ligada ao futebol sabia o que se passava. Tratando-se de situações difíceis de comprovar, e conhecendo-se a rede de influências e interdependências ardilosamente construída ao longo de duas décadas, tornava-se (e torna-se) difícil ver a justiça chegar a bom porto, para mais conhecendo-se a sua dramática lentidão e ineficácia, verificada nestes e noutros casos no nosso país.No momento em que se vão julgar em tribunal um F.C.Porto-E.Amadora e um Beira Mar-F.C.Porto, disputados na melhor temporada de sempre dos dragões (com uma grande equipa e um grande treinador), é importante que se perceba que o problema está muito longe de se esgotar nesses dois episódios, nem eles serão certamente os mais relevantes de uma história repleta de mentira, corrupção e tráfico de influências. Pelo contrário, o que deve ser entendido das escutas – mesmo que o tribunal não o possa ou consiga fazer - é um panorama de subversão total e absoluta de uma lógica competitiva de isenção e transparência, que foi sendo a base para benefício de uns e prejuízo de outros, ao longo de muitas temporadas, e que valeu títulos, dinheiro, prestígio europeu, numa espiral que ainda hoje condiciona e subverte a hierarquia competitiva do futebol português.
É em nome da preservação dessa memória que este texto é publicado. É no fundo o repescar de um conjunto de episódios, factos e, nalguns casos, apenas rumores, que por si pouco poderiam representar, mas que em conjunto reflectem uma realidade à qual não podemos fugir, e a qual ninguém de bom senso deverá ignorar ou fingir que não existe ou existiu. Mesmo que, por questões processuais, a justiça acabe por não conseguir desempenhar o seu papel, a verdade não poderá ser esquecida nem branqueada, pois o que está em julgamento não é mais que a ponta de um iceberg escondendo uma sórdida teia de podridão que alicerçou o futebol português ao longo de mais de vinte anos. É importante que nos lembremos, a cada momento, a cada fim-de-semana, a cada jogo, como é que o F.C.Porto se tornou na máquina de vitórias que hoje é, não desfazendo, obviamente, da qualidade e profissionalismo de muitos dos jogadores e técnicos que passaram pelo clube, e aos quais provavelmente até terá escapado muito do lixo arrecadado nas traseiras dos seus triunfos.
Fica pois aqui, de A a Z, a memória de duas décadas de mentira:
A de ACÁCIO – Pouca gente se lembrará deste nome. Trata-se de um guarda-redes brasileiro que passou com discrição pelo Tirsense e pelo Beira Mar, e que só depois de regressar ao Brasil tomou a liberdade de falar sobre a sua aventura europeia. Confessou então que recebera pressões e propostas diversas para facilitar uma vitória do F.C.Porto em Aveiro, que valia (e valeu) o título nacional de 1993. O caso foi pouco falado, vivia-se ainda um clima de medo pré-Apito Dourado. Mas a recordação das suas declarações e desse campeonato permanecem bem vivas no meu espírito. Só não sei se foi nessa ocasião que, também em Aveiro, o jornalista Carlos Pinhão foi barbaramente agredido por elementos ligados ao F.C.Porto.
Uns anos antes havia sido o belga Cadorin, avançado do Portimonense, a acusar o empresário Luciano D’Onófrio de lhe prometer um bom contrato (em Portugal ou no estrangeiro), caso fizesse um penálti nos primeiros minutos de um Portimonense-F.C.Porto (“depois jogas normalmente”, ter-lhe-á dito). Com a saída do belga do futebol português, o caso acabou por morrer.
B de BENQUERENÇA – Olegário Benquerença protagonizou duas das mais escandalosas actuações da arbitragem portuguesa dos últimos anos. Na Luz, em Outubro de 2004, dois meses antes da detenção de Pinto da Costa, o árbitro leiriense e o seu assistente Luís Tavares foram os únicos que não viram (mais alguns que não quiseram ver…) uma bola rematada por Petit ser retirada de dentro da baliza portista por um desesperado Vítor Baía. No mesmo jogo já havia feito vista grossa a uma claríssima grande penalidade de Seitaridis sobre Karadas (que daria expulsão do grego no início da segunda parte), e mostrado um vermelho injusto a Nuno Gomes, que havia sido barbaramente agredido por Pepe. Um ano depois, em jogo da Taça de Portugal, foi o Sporting a vítima deste benemérito portista de longa data. Com mais uma exibição de “luxo”, Benquerença colocou os leões fora da Taça, poupando penáltis, e expulsando jogadores até achar necessário. Já antes de 2004 era um árbitro polémico, com arbitragens invariavelmente favoráveis aos portistas. Talvez por isso viu as portas de uma carreira internacional de sucesso serem-lhe escancaradas e, não se sabe bem como, poderá até estar no Euro 2008.
C de CALHEIROS – Os irmãos Calheiros – quem não se recorda dos gémeos e barbudos fiscais de linha, ladeando Carlos, o irmão mais velho – foram umas das muitas figuras sinistras da arbitragem portuguesa da década de noventa. Recordo particularmente um inacreditável penalti assinalado nas Antas por suposta falta de Mozer no empate 3-3 de 1993-94, bem como um jogo em Aveiro, na época anterior, concretamente na tarde soalheira de 16-5-1993, em que expulsou Yuran e Pacheco por supostas palavras, possibilitando a vitória ao Beira Mar, e dando o título ao F.C.Porto - que à mesma hora via um tal de Marques da Silva, do Funchal, expulsar estranhamente dois jogadores do Desp. Chaves e assinalar um penálti escandaloso que lhe permitiu virar o marcador para de 0-1 para 2-1 na difícil visita a Trás-os-Montes, quando águias e dragões seguiam, a três jornadas do fim, empatados em pontos. Mais do que essa e outras actuações, sempre em benefício dos mesmos, este trio ficou famoso pela célebre viagem ao Brasil, feita através da agência de Joaquim Oliveira, e paga pelo F.C.Porto. A investigação deste caso nunca foi devidamente feita. Com a PJ do Porto e o próprio MP aparentemente alinhados com o sistema, foi difícil durante muitos anos (e continua a sê-lo) avançar pelos caminhos da verdade.
Ao pé destes meninos, Calabote era possivelmente apenas um ingénuo aprendiz – e diga-se que o suposto e empolado caso Calabote, nos anos cinquenta, redundou apenas num título para o…F.C.Porto.
D de DUDA – Foi um dos meus primeiros contactos com a suja realidade do futebol português das últimas décadas. Jogava-se, já em plena segunda volta, a liderança do campeonato numa tarde chuvosa na Luz – foi este o célebre jogo em que Toni saiu a chorar por ter involuntariamente partido a perna de Marco Aurélio. O Benfica vencia por 1-0 desde os primeiros minutos com um golo de João Alves, mas já na ponta final do desafio, em recarga a um livre defendido por Bento, o brasileiro Duda em claríssimo fora de jogo empatou a partida. O F.C.Porto de Pedroto, e já com Pinto da Costa no departamento de futebol, seria campeão.
No ano antes o F.C.Porto tinha alcançado o título através de um livre duvidoso à entrada da área, que lhe possibilitou o empate (1-1) frente ao Benfica nos últimos minutos de um jogo nas Antas em que estivera em desvantagem desde o terceiro minuto, com um auto-golo de Simões, e em que vira a barra devolver uma bola cabeceada por Humberto Coelho. Era o início de uma longa e podre história.
E de EXPULSÕES – A dualidade de critérios nos jogos do F.C.Porto foi desde os anos setenta uma constante. Todo o anti-jogo lhes foi sempre permitido (recordo por exemplo os empates a zero na Luz em 1989, 1990 e 1993), as agressões de Frasco, Fernando Couto, Paulinho Santos e Jorge Costa raramente foram punidas – este último quando se sentia pressionado atirava-se para o chão e punha assim fim aos lances -, mas aquilo que talvez tenha sido o emblema desta realidade foram as sistemáticas expulsões de jogadores encarnados sempre que jogavam frente aos portistas. Nos últimos vinte anos foram mostrados 23 (!!!) cartões vermelhos a jogadores do Benfica em clássicos com o F.C.Porto para todas as competições. A saber, e por ordem alfabética: Abel Xavier 94-95, Dimas 94-95, Eder 02-03, Escalona 99-00, Hélder 94-95, Isaías 91-92, João Pinto 94-95, 97-98 e 98-99, Miguel 02-03, Mozer 92-93, Nuno Gomes 04-05, Nelo 94-95, Pacheco 88-89, Ricardo Rocha 02-03 e 03-04, Ricardo Gomes 95-96, Rojas 99-00, Rui Bento 91-92, Tahar 96-97, Vítor Paneira 94-95, Veloso 87-88 e Yuran 92-93. Para se ter uma ideia da força deste número, digamos que nos oitenta anos de história anteriores (1907 a 1987) foram expulsos apenas 10 jogadores do Benfica em jogos com o F.C.Porto, ou seja, em apenas vinte anos foram expulsos mais do dobro dos que haviam sido em toda a restante história do futebol português. Este tem sido um aspecto fulcral da perseguição ao Benfica e da protecção ao F.C.Porto, e que muitas vezes impediu outros resultados, nomeadamente a norte, onde a maioria daquelas expulsões teve lugar. Por vezes foi também em vésperas de deslocações às Antas que as expulsões cirurgicamente ocorreram. Foi o caso de Preud’Homme, em 1995-96 e Miccoli no ano passado, curiosamente dois grandes jogadores que nunca haviam sido expulsos em Portugal, e nunca voltaram a sê-lo depois dessas ocasiões.
Também os penáltis marcados a favor do F.C.Porto e subtraídos ao Benfica foram uma constante nas deslocações às Antas (por exemplo 89-90, 92-93, 93-94 no primeiro caso; 91-92 no segundo). Mas até na Luz, em jogo decisivo para o título de 1991-92 isso aconteceu, com o marcador a ser aberto já a meio da segunda parte num lance fora da área entre Rui Bento e Rui Filipe, que valeu o primeiro golo portista e a expulsão do benfiquista. O F.C.Porto, a jogar contra dez, venceria por 2-3. O árbitro era Fortunato Azevedo, que já na primeira volta subtraíra uma grande penalidade ao Benfica e expulsara Isaías, em jogo que terminou empatado a zero.
Os golos anulados a Kandaurov em 1997-98, e Amaral em 1994-95, além do caso Benquerença em 2004-05, também são dignos de figurar neste negro registo de clara e inequívoca parcialidade. Sem falar nas célebres defesas de Vítor Baía fora da área, sem cartão nem punição.
F de FAMALICÃO – Foi um dos muitos escândalos da era Lourenço Pinto/Laureano Gonçalves (fim de oitentas princípio de noventas) – a pior de todas na arbitragem portuguesa. Com o campeonato de 1992-93 ao rubro, o F.C.Porto deslocou-se ao então difícil recinto do Famalicão. Quase seis minutos depois da hora o árbitro José Guimaro - mais tarde condenado por corrupção no caso Leça - arquitectou um absurdo penálti para dar a vitória ao F.C. Porto. João Pinto converteu e o F.C.Porto, com estas e outras (ver Acácio e lembrar o penálti de Rui Bento sobre Rui Filipe na Luz), alcançou um dos títulos mais nebulosos da história do futebol português.
G de GERALDÃO – O central brasileiro Geraldão, bem como o lateral esquerdo internacional Branco, eram especialistas na cobrança de livres directos. Como tal, as arbitragens mostravam-se extremamente zelosas sempre que algum jogador portista caía nas imediações da área (e eram muitos a fazê-lo de forma deliberada), assinalando de pronto livres que frequentemente acabavam em golos. O F.C.Porto do início da década de noventa venceu muitos jogos assim. Recordo um Benfica-F.C.Porto de 1990 em que foi assinalada perto de uma dezena de livres nas imediações da área encarnada, quase todos simulados. Por sorte, nesse dia Geraldão estava com a pontaria desafinada, e o resultado acabou em branco. Mas o título voou para norte…
H de HILÁRIO – Tal como Acácio e Cadorin, o agora guarda-redes do Chelsea foi outra das figuras sobre a qual se ouviram rumores de possível suborno ou pressão quando defendia, por empréstimo do F.C.Porto, as redes do Estrela da Amadora. Neste caso não foi o próprio a assumir, mas sim terceiros a acusar. Foi uma história que também acabou por morrer nos silêncios do medo. Nos últimos anos falou-se também de Rolando do Belenenses, eternamente apalavrado com os dragões.
Ao longo dos últimos tempos muitos têm sido também os jogadores emprestados pelo F.C.Porto a clubes da primeira divisão (situação que deveria ser proibida), conseguindo com isso atirar algum charme para cima dos seus dirigentes - sempre conveniente na hora das contratações - e simultaneamente amaciar adversários. Durante muitos anos os clubes da Associação de Futebol do Porto (Leça, Leixões, Tirsense, Penafiel, Varzim, Rio Ave, Salgueiros, Paços de Ferreira, etc) foram a este nível verdadeiros parceiros do F.C.Porto na sua rota rumo ao domínio, a bem ou a mal, do futebol português. Isso notava-se com clareza nos resultados e nas exibições. E de certo modo ainda nota, caso estejamos bem atentos.
Nesta mesma edição da liga, o F.C.Porto tem jogadores emprestados a Sp.Braga, Belenenses, Leixões, V.Guimarães, V.Setúbal, Académica e E.Amadora. Também U.Leiria e Marítimo têm tido relações privilegiadas com os dragões, sem contar a Liga de Honra, território quase todo submerso na rede de interdependências criada pelo F.C.Porto e seus próximos, ou não tivesse sido ela criada mesmo para esse efeito. O Alverca foi filial do Benfica (embora depois tenha servido para retirar jogadores como Deco da Luz e vender-lhe monos a preços de luxo), mas a satelização de clubes da primeira divisão tem sido ao longo dos anos uma das armas do F.C.Porto. Alguns clubes chegaram a receber quase meia equipa emprestada pelos dragões. Refira-se ainda que a quantidade de treinadores ex-jogadores portistas, conotados com o F.C.Porto e imbuídos da cultura do clube, orientando clubes da liga principal nos últimos anos, é extraordinariamente vasta: Carlos Carvalhal (que ainda na Taça da Liga festejou um golo virando-se para o banco encarnado e gritando f..d..p), Carlos Brito, Jaime Pacheco, Jorge Costa, Domingos Paciência, António Sousa, António Conceição, José Mota, Augusto Inácio, Eurico Gomes, Octávio Machado, António Oliveira, Rodolfo Reis, Paulo Alves, José Alberto Costa, para referir apenas os que me vêm no imediato à memória. Se em muitos destes casos seria injusto especular acerca do menor empenho das equipas, percebeu-se quase sempre, nas flash-inteviews, um pudor extremo em falar de arbitragens nos jogos contra os dragões, e uma fúria incontida caso os supostos prejuízos se dessem com outros clubes, designadamente o Benfica.
I de ISIDORO RODRIGUES – Este árbitro viseense foi um verdadeiro Benquerença da década de noventa. Muitos foram os jogos em que beneficiou o “seu” F.C.Porto, e sobretudo aqueles em que prejudicou o Benfica, por vezes sem sequer se preocupar com as aparências. Recordo com particularidade um Benfica-Boavista (1995-96) em que Isidoro virou o resultado quase sozinho, expulsando três jogadores do Benfica (entre os quais João Pinto), assinalando um penálti fantasma e validando um golo em fora-de-jogo; bem como um Varzim-Benfica para a primeira jornada de 2001-02, em que o árbitro só apitou para o final do jogo quando o Varzim chegou ao empate, nove (!!) minutos depois da hora, e já depois de ter expulsado os benfiquistas Cabral e Porfírio, e marcado o penáltizinho da ordem, começando a liquidar desde logo as aspirações benfiquistas numa época em que muito apostavam (contratações de Simão, Drulovic, Zahovic, Mantorras etc).
J de JOÃO ROSA – Estava-se em 1985-86 e o campeonato seguia animado com a luta Benfica-F.C.Porto na frente da tabela. Este árbitro eborense foi nomeado para um Salgueiros-Benfica, no qual acabou por só não meter a bola dentro da baliza dos da Luz com as suas próprias mãos. De resto fez tudo para o Benfica perder pontos, acabando por “conseguir” um empate a um golo. O sistema estava a atingir o auge dos seus tempos mais tenebrosos.
Outro Rosa, mas este Santos (embora apenas de nome…), foi também figura de proa do sistema que construiu a hierarquia do futebol português que hoje temos. Uma vez em Loulé, permitiu a marcação de um livre sem ter apitado nem os jogadores algarvios terem formado barreira. Esse lance valeu uma eliminatória da taça para o F.C.Porto. Hoje continua a fazer alguns favores aos dragões, comentando arbitragem no jornal “O Jogo”.
K de KANDAUROV – Seria necessário muita pesquisa ou imaginação para encontrar na história do desporto-rei um golo anulado tão limpo como o que este médio ucraniano marcou no Estádio das Antas em 1997-98, num jogo que poderia dar novo rumo a esse campeonato. O F.C.Porto venceu por 2-0, golos de Artur, depois de ser dominado na maior parte do tempo, fruto de uma grande exibição de Poborsky, que se estreava de águia ao peito. Uma arbitragem ultra-tendenciosa de António Costa não permitiu a vitória encarnada.
Outro golo limpo anulado igualmente célebre foi na Supertaça de 1994-95, também nas Antas (onde, assim, era naturalmente difícil marcar), ao extremo campeão de Riad, Amaral. Sem falar em Benquerença.
L de LOURENÇO PINTO –O advogado de Valentim Loureiro no início do caso Apito Dourado, o homem que avisou Pinto da Costa das buscas a sua casa e lhe permitiu a fuga, foi, por surreal que pareça, presidente do Conselho de Arbitragem da FPF no início dos anos noventa, por indicação, claro, da Associação de Futebol do Porto, presidida por o recentemente falecido Adriano Pinto, e que sendo maioritária, pôde sempre optar por manter na sua “posse” aquele “precioso” conselho, em detrimento até mesmo da própria presidência da FPF (que deixava para Lisboa, mas só tratava da selecção nacional). Os seus tempos foram dos piores da história da arbitragem portuguesa, e valeram vários títulos ao F.C.Porto, que tão bem protegido nem precisava de jogar muito para vencer. Com equipas onde pontificavam Vlk, Bandeirinha, Tozé, Paulinho César, Kiki, Raudnei, Barriga ou António Carlos, conseguiu vencer campeonatos ao Benfica de Paulo Sousa, Rui Costa, João Pinto, Vítor Paneira, Futre, Mozer etc. Lourenço Pinto foi pois um verdadeiro Maradona no campeonato português. Laureano Gonçalves e Fernando Marques seguir-lhe-iam o exemplo. Sobre Pinto de Sousa não é necessário acrescentar mais nada aquilo que tem sido veiculado no âmbito do Apito Dourado.
O caso Francisco Silva – que se terá autonomizado do sistema, depois de ser um dos seus principais interpretes – é algo que merecia ser melhor estudado e investigado, e no qual talvez se encontrassem algumas das origens de todo este tenebroso caminho. O juiz algarvio foi “tramado” por Lourenço Pinto, certamente por saber demais, vendo-se irradiado. Recorde-se que foi apanhado com um cheque na mão no balneário em Penafiel.
M de MAIA – Quando vejo toda a polémica em torno do Estoril-Benfica de 2005, disputado no Algarve, e me lembro da quantidade de jogos que o F.C.Porto disputou fora de casa na…Maia, até me dá vontade de rir. Com o pretexto das transmissões televisivas – negociadas pela Olivedesportos – o Estádio Municipal da Maia, um bocadinho mais perto das Antas que o Algarve da Luz, serviu para diversas equipas “receberem” o F.C.Porto. Os resultados eram óbvios, e suponho que os portistas nunca tenham perdido um ponto que fosse nessas “deslocações”. Com Damásio na presidência do Benfica, estes eram aspectos que passavam totalmente em claro. Pinto da Costa e o F.C.Porto agradeciam. Foram os anos do “penta”.
N de NORTE – O povo do norte tem sangue na guelra. Para o melhor o para o pior. Nas Antas, por exemplo, não eram só os jogadores e os árbitros que tinham de enfrentar a pressão de figuras como o Guarda Abel (que exibia armas em pleno túnel de acesso aos balneários), ou os simpáticos “Super Dragões”. Também os jornalistas sofreram na pele sempre que revelaram a coragem de afrontar o super-poder tentacular e mafioso que por ali reinava. Lembro-me de um célebre F.C.Porto-Nacional, em que foram os próprios repórteres televisivos a serem objecto da fúria dos adeptos, sem que ninguém lhes tivesse valido, qual território sem lei, qual fanatismo elevado à potência máxima.
Fala-se também aqui da agressão a Carlos Pinhão, das ameaças de morte a João Santos e Gaspar Ramos, podia-se falar das agressões a Marinho Neves, a Ricardo Bexiga, a Rui Santos e a muitos outros anónimos que, como inclusivamente eu próprio, já foram objecto de ameaças várias.
Noutras modalidades, esta pressão intimidatória tem sido e continua a ser uma das armas dos dragões que, ao contrário do que se passa em Lisboa, contam com forças policiais domesticadas (para além do MP, da PJ, também a PSP lá parece funcionar de forma diferente). No Hóquei em Patins já caíram petardos na cabeça de jogadores do Benfica, sem que tivesse acontecido nada. No Basquetebol ainda no ano passado houve distúrbios que passaram impunes.
O ódio a Lisboa foi sempre uma matriz de Pinto da Costa e do seu F.C.Porto, mistificando o facto de haver muitos benfiquistas no norte, e o Benfica não ser, longe disso, representativo exclusivo da capital portuguesa, onde existem dois clubes grandes. Na verdade, esse ódio – de consequências por apurar na coesão do nosso pequeno país – não foi mais que um instrumento de aglutinação de tropas e manutenção e endeusamento de um poder com laivos fascizantes quanto ao seu fanatismo. Isto virou-se sempre contra a selecção nacional, a qual foi amplamente penalizada pelo desprezo e/ou instrumentalização de que foi alvo. Até chegar Scolari…
O de OLIVEIRAS – Juntamente com o irmão António, Joaquim Oliveira foi elemento determinante na consolidação do poder portista. Ainda hoje o clube da Luz tem as suas transmissões televisivas extremamente sub-avaliadas, face à popularidade e audiências de que desfruta. Faz-me alguma confusão Joaquim Oliveira ser accionista de referência da SAD benfiquista, e ninguém se preocupar com isso.
Já o irmão António (o do caso Paula, dos carimbos falsificados no caso N’Dinga, e das polémicas do Coreia-Japão), ex jogador e treinador do clube portista, protagonizou em 1992 um episódio curioso e revelador. Treinava o Gil Vicente e na primeira volta, nas Antas, fez entrar um tal de Remko Boere a um minuto do fim com o resultado em branco. Esse jogador, que quase nunca havia jogado na equipa, nesse minuto apenas, fez um penálti caricato e recebeu ordem de expulsão. O F.C.Porto venceu 1-0. Na segunda volta, em Barcelos, com o F.C.Porto já campeão, o Gil venceu por 2-1 e salvou-se da descida à segunda divisão. Tudo em família portanto…
P de PROSTITUTAS – Já muito antes de rebentar o Apito Dourado se ouvia falar de orgias de prostitutas com árbitros. Até na segunda divisão isso acontecia, e quem conheça pessoalmente alguém ligado à arbitragem facilmente perceberá do que estou a falar. Marinho Neves também já havia falado dessa realidade, muitos anos antes de António Araújo entrar no mundo do futebol, e de se ouvir falar em Apito Dourado.
O envolvimento com prostitutas é uma forma de pressão extremamente eficaz. Se por um lado premeia e vicia, por outro permite sempre chantagear, mantendo nas mãos, quais marionetas, quem por uma vez cai nessa rede, nomeadamente através de câmaras de filmar ocultas. Estando muitas das casas de alterne da zona do grande Porto ligadas a Reinaldo Teles, é fácil perceber a potencialidade deste esquema.
Q de QUINHENTINHOS – Por falar nele, Reinaldo Teles tem passado estranhamente pelo meio dos pingos da chuva do processo Apito Dourado. Mas foi ele que apareceu ligado ao célebre caso dos “quinhentinhos”, em finais dos anos noventa, numa conversa no âmbito do caso Guímaro, que nunca foi devidamente esclarecida. Outro dos casos que se perderam na impunidade com que toda esta temática se debateu ao longo dos anos. Sobre ele, há também quem diga que parte do dinheiro da venda de Ricardo Carvalho e Paulo Ferreira foi para pagar dívidas suas no casino de Espinho. Mas isso são contas de outro rosário e pouco interessam ao caso.
R de RAÇA – A equipa do F.C.Porto sempre foi admirada pela sua raça, mas algumas foram as vozes que, à boca pequena, se referiram à natureza dessa “raça”. Luciano d’Onofrio, o bruxo “brasileirinho” e sobretudo o Dr.Domingos Gomes, talvez saibam mais do que a generalidade dos adeptos acerca da capacidade competitiva com que os jogadores do F.C.Porto sempre se apresentaram em campo, mesmo quando muitos deles não apresentavam os mesmos índices, nem pela selecção, nem quando saíam para outros clubes. O Dr. Domingos Gomes era, e é, um dos grandes especialistas europeus em (anti)dopagem, e os jogadores portistas tinham, nos anos noventa, fama de levar frascos dentro dos bolsos do roupão já cheios para o controlo anti-doping.
S de SPORTING – Sempre me pareceu incompreensível o posicionamento do Sporting em toda esta história. O clube de Alvalade sempre se queixou, e muito, mas nunca percebendo, ou não querendo perceber, onde estava realmente a origem do problema. Apenas Dias da Cunha pareceu a dado passo ter entendido tudo, mas acabou escorraçado da presidência do clube, muito fruto de um pacto que estabelecera com o Benfica a este propósito, e que foi muito mal aceite em Alvalade pelos ortodoxos da rivalidade lisboeta.
O Sporting, seus adeptos, e muitos dos seus dirigentes, na cegueira de uma fratricida rivalidade com o Benfica, sempre olharam de lado tudo o que se pudesse parecer com corrupção, mas não envolvesse o clube da Luz. Se o Apito Dourado tem atingido o Benfica, outro galo certamente cantaria, pois ferir o Benfica era tudo o que muitos sportinguistas mais quereriam, mesmo não tendo o clube da Luz vencido mais que um campeonato nos últimos catorze anos. Sendo com o Porto, pouco lhes parece interessar. Aliás, parece-me que cada vez mais as vitórias portistas vão sendo compartilhadas pelos leões – só pelo prazer de ver o odiado Benfica perder -, bastando ver o que se passou e Lisboa nas comemorações do tri.
Compreende-se de algum modo a questão emocional, mas esta postura não encerra qualquer tipo de racionalidade, acabando por ser responsável, por omissão, por muito do que tem sido o futebol português. Exemplo disto foi a época 2004-05, em que com Pinto da Costa no banco dos réus, o Sporting e as suas vozes, ao invés de aproveitarem a ocasião para, juntamente com o Benfica, varrerem de vez toda a porcaria do futebol português, viraram agulhas para um rol de acusações ao Benfica, a Vieira e a Veiga, que acabou por beneficiar objectivamente o F.C.Porto, num momento em que este estava verdadeiramente de gatas, e em risco de tão depressa se não levantar. Resultado: o Benfica foi à mesma campeão, e o F.C.Porto reergueu-se, conquistando este tri, não sobrando nada para Alvalade.
Os sportinguistas deveriam reflectir sobre isto: Em 1982 o Sporting era claramente o segundo maior clube português, agora é claramente o terceiro…
T de TÍTULOS – Se o título de 2003-04, com Mourinho, foi de justiça indiscutível, mau grado as investigações terem incidido sobre essa época, outros houve em que as coisas não foram assim tão cristalinas. 85-86, 89-90, 91-92 e 92-93 foram temporadas em que a verdade desportiva foi completamente adulterada, e em que o campeão deveria ter sido, tem que se dizer, o Benfica. No final dos anos 90, já com o poder sedimentado, e fruto da desorganização interna do Benfica, a facilidade com que o F.C.Porto chegou ao penta não permite afirmar que, sem sistema, não fosse igualmente campeão. Mas a embalagem já era grande. Neste século as coisas melhoraram ligeiramente. Ainda assim, as épocas de 2001-02 e 2002-03, talvez por haver um maior temor do Benfica pós-Vale e Azevedo, foram épocas de mentira Lembram-se do Benfica-Sporting 2-2 apitado por Duarte Gomes (o afilhado de Guilherme Aguiar, então director executivo da Liga), ou do Boavista-Benfica 1-0 da semana seguinte apitado por Pedro Proença, em que Simão foi abalroado dentro da área sem que nada acontecesse ?.
A estratégia foi nesta fase sempre a mesma: beneficiar o F.C.Porto e prejudicar o Benfica nas primeiras dez jornadas (em que com menos dramatismo as coisas passavam melhor…), ganhar vantagem, e assim desmobilizar adversários e galvanizar acólitos.
U de ÚLTIMOS TEMPOS – A partir de 2004, fruto das vicissitudes do Apito Dourado, a situação melhorou consideravelmente. A incompetência dos árbitros naturalmente não desapareceu por magia, mas passou a haver a sensação de errarem para todos os lados de forma menos discriminada. Contudo, na época de 2004-05, a pressão anti-benfiquista e a respectiva tentativa de condicionamento foi tanta que por pouco não tinha retirado o título aos encarnados, na época de Benquerença, da roubalheira de Penafiel (Pedro Proença não quis ver quatro grandes penalidades !!), do penalti por marcar em Coimbra sobre Sokota, do golo limpo anulado a Nuno Gomes frente ao Marítimo com o resultado em 3-3, do agarrão pelas costas a Nuno Gomes com o Belenenses, do golo sofrido directamente de livre indirecto contra o Nacional, do penálti fantasma marcado por Jorge Sousa em Guimarães num salto de Romeu com Luisão, do penálti sobre Geovanni em Setúbal não assinalado com o resultado ainda em branco, e por outro lado, nos jogos dos dragões, de uma expulsão surrealista de Juninho Petrolina num jogo contra o Belenenses, do golo de Fabiano nos Barreiros dois metros fora-de-jogo, do golo também off-side de McCarthy ao Penafiel em casa, do golo validado após falta de Jorge Costa sobre Ricardo no Porto-Sporting, das agressões impunes de McCarthy, Fabiano, Costinha e Jorge Costa, do penálti escamoteado a Lourenço no Restelo, do domínio com a mão de McCarthy no golo ao Rio Ave, etc etc.
Em 2006-07 o campeão podia ter sido o Sporting, não fosse o golo com a mão do Paços de Ferreira em Alvalade, e em 2007-08, caso os seis pontos tivessem sido retirados em tempo útil aos portistas, o campeonato poderia ter sido outro. Isto no pressuposto que o clube de Pinto da Costa não tinha descido à segunda divisão na época 2005-06, como teria acontecido se estivéssemos em Itália, França, Espanha, Alemanha ou Inglaterra, e a nossa justiça não tivesse um “quê” de tanzaniana.
Destaque nestas últimas épocas para as arbitragens do portuense Paulo Costa. Uma na Amadora há dois anos, e uma na Luz recentemente com o Leixões, em que ficou demonstrado existirem ainda resquícios de um tempo que se julgava já passado. Lucílio Baptista nos dois últimos domingos também mostrou algum zelo em deixar essa ideia bem vincada.
V de VERY-LIGHT – O termo entrou na história na sequência da final da Taça de 1995-96, em que um irresponsável qualquer atirou um para a bancada oposta matando um adepto do Sporting. Sem a mesma gravidade humana, mas com influência desportiva acrescida, houve um caso nas Antas (pois claro), pouco tempo depois, que raia o surrealismo. No momento da marcação de um penálti contra o Farense, com o resultado a zero, cai um very-light sobre a cabeça do guarda-redes nigeriano Peter Rufai. Com ele total e naturalmente desconcentrado, Jardel atirou para o fundo da baliza e o árbitro validou inacreditavelmente o golo, perante os protestos dos atónitos jogadores algarvios. Este caso simboliza o motivo porque técnicos estrangeiros respeitados como Camacho, Koeman ou Trapattoni, sempre disseram ser o F.C.Porto muito “respeitado” nos estádios portugueses.
Nas Antas aliás passava-se de tudo. Em 1991 no jogo decisivo para o título, os jogadores do Benfica foram obrigados a equipar-se nos corredores, pois o balneário tinha sido empestado de um estranho cheiro tóxico. Nesse dia o presidente João Santos e Gaspar Ramos foram ameaçados de morte pelo guarda-Abel, e a comitiva benfiquista foi apedrejada logo desde a saída do hotel, o que aliás era comum sempre que se deslocava ao Porto – ao contrário, diga-se, do que acontece em Lisboa, onde os jogadores do F.C.Porto se passeiam a pé livremente nas imediações do hotel Altis onde costumam pernoitar.
X de XISTRA – É um dos artistas da nova vaga. Nas últimas épocas realizou na Luz uma das arbitragens mais escandalosas de que me lembro ultimamente, em jogo do Benfica frente ao Beira Mar no qual expulsou de forma alarve Miccoli, impedindo-o de jogar no Estádio do Dragão na jornada seguinte. Na época anterior viu e assinalou de forma anedótica um penálti a favor do F.C.Porto, quando um jogador do Marítimo cortou com a cabeça uma bola que ia para a baliza. O lance seria corrigido pelo árbitro auxiliar, mas mostrou bem porque é que Xistra começa por X.
Z de ZÉ PRATAS – Zé Pratas é da minha terra e é bom rapaz. Não creio que tenha estado alguma vez directa e decididamente ligado a corrupção, e talvez por isso nunca chegou a internacional. Chamo-o para aqui por me recordar de uma Supertaça disputada em Coimbra, na qual após assinalar um penálti, Fernando Couto correu metade do campo atrás dele, e ele sempre a recuar, a recuar, sem que sentisse força para tomar a atitude que se exigia: expulsar o irmão da actual directora executiva da Liga de Clubes.
Essa imagem, define bem o ambiente que se vivia no futebol português da altura. Como uma imagem vale mais que mil palavras (foto no início do post), essa espelhou bem o que era o medo e o poder. O medo terá entretanto desaparecido, mas o poder ainda prevalece. Até quando ?
Texto retirado de http://vedetadabola.blogspot
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terça-feira, março 04, 2008
Globalização, Gestão de Oportunidades, Desenvolvimento
Os diagnósticos detalhados sobre a situação económica e desportiva do futebol português e dos seus protagonistas estão feitos. Permitam-me, no entanto, sobre o assunto e relativamente a esta época desportiva (2007 – 2008) fazer apenas umas breves notas, meramente, enquadradoras:
a) Mantém-se, não obstante os investimentos feitos em novos estádios, a fraca afluência de público aos estádios. Com excepção do FC Porto, Benfica, Sporting, V Guimarães e SC Braga, as afluências são, em geral, fraquíssimas;
b) Qualidade baixíssima nos espectáculos. Normalmente as equipas mais fracas e sobretudo quando são visitantes, jogam sistematicamente no aproveitamento dos erros do adversário e instalam-se, acampando, nas respectivas defesas. Não arriscam e não procuram o jogo pelo jogo, apostam fundamentalmente no erro do adversário;
c) Os planteis são construídos por atletas, na sua maioria, oriundos de mercados mais baratos e de qualidade inferior. Curiosamente abandonámos os mercados dos países africanos de língua oficial portuguesa;
d) O empobrecimento do mercado formativo, justamente, por falta de alternativas competitivas para os atletas;
e) O êxodo para outras ligas mais competitivas dos melhores atletas portugueses;
f) O endividamento progressivo dos clubes e respectivas Sades Desportivas. A título de exemplo e no primeiro semestre da presente época o passivo dos três grandes era de: FC Porto – 116 M €; Sporting 220 M €; SLB 315 M €;
g) Falta de qualidade do ordenamento jurídico afecto ao futebol e das principais organizações tutelares e dirigentes;
h) Falta de qualidade e preparação dos dirigentes desportivos;
i) O adiamento sistemático e a não resolução de forma transparente e, sobretudo, com justiça dos casos de corrupção que minam e afectam o futebol português e as suas principais estruturas.
A situação é critica e tem repercussão nos maus resultados e espectáculos conseguidos, na fuga dos principais talentos nacionais e no empobrecimento progressivo dos principais agentes desportivos. Em resumo, os adeptos têm tendência a afastar-se dos clubes e dos estádios.
Assim e em alternativa e no que diz respeito ao momento actual e futuro, torna-se necessário e urgente encontrar soluções económicas, sociais e desportivas num quadro globalizado em que o fenómeno futebolístico se caracterize fundamentalmente pela multinacionalidade dos seus agentes (atletas). A ideia implícita será, já lá vai o tempo em que as equipas eram constituídas maioritariamente por atletas nacionais e concomitantemente se garantiam, assim, os processos de identificação. Hoje o que fixa um adepto a um clube é o resultado, e se este no seu somatório geral significar vitórias finais e conclusivas (conquista de competições) tanto melhor. No futuro não bastará apenas o resultado, provavelmente, será necessário também, essencialmente, garantir bons espectáculos mediáticos com todas as tecnologias associadas. Os estádios não serão grandes, serão o suficiente, para que o público presente seja parte integrante e fundamental do espectáculo. As televisões com as suas produções e realizações farão o resto.
Está assim traçado um quadro de progresso em que o modelo globalizado garantirá oportunidades e naturalmente o desenvolvimento desta importante indústria.
Portugal pelas suas características e ligações intrínsecas – EUROPA / ÁFRICA / BRASIL – tem obrigatoriamente de estar à altura dos desafios globais que se irão num futuro próximo colocar ao mundo riquíssimo e apaixonante do futebol.
Pedro Vieira (pedro.vieira55@gmail.com)
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terça-feira, fevereiro 19, 2008
Lembrar Gelsenkirchen
O último título internacional ganho pelo futebol português foi há 4 anos na Alemanha, tendo como palco o Arena auf Schalke e pertenceu a sua conquista ao FC Porto, tratou-se da Liga dos Campeões. Dos jogadores presentes na final nem um pertence hoje ao plantel dos dragões, inclusive o seu treinador, estou a referir-me ao principal responsável por aquela grande vitória do futebol português de seu nome José Mourinho.
Depois disso não ganhámos mais nada, embora tenhamos chegado às finais do Euro 2004 (selecções) e UEFA (Sporting).
Naquele período chegámos a atingir um brilhante 5º lugar no ranking europeu. Na frente conjuntamente connosco estavam então, justamente, as grandes potências europeias, a saber: Inglaterra; Espanha; Itália e Alemanha. Hoje já fomos e julgo também que justamente, ultrapassados pela França e Holanda e estamos quase a ser pela Rússia.
Naquela altura vivíamos uma situação económica, social e desportiva de optimismo e esperança. Acreditávamos que era possível. Acreditávamos, ao invés de hoje, no nosso potencial e na força viva da inovação e da globalização. Posteriormente ainda cavalgámos, construímos novos estádios e organizámos, com competência reconhecida, importantes eventos. De repente parámos e em simultâneo “exportámos” talentos e competências (jogadores e treinadores), os melhores infelizmente partiram.
Fizemos o pior que poderíamos ter feito, não soubemos aproveitar os êxitos alcançados e com eles iniciar as reformas necessárias e desejáveis. Não tivemos a inteligência necessária para renovar o dirigismo e os seus protagonistas, oferecendo-lhes, em contrapartida, oportunidades (dignas) de saída. Ao invés mergulhámos nos “apitos dourados” e quejandos e em consequência entrámos em desordem mental.
É importante, então, recordarmos o passado desportivo recente e com ele criar um movimento renovador e inovador. Para isso e para já é também importante e essencial lembrar Gelsenkirchen e sobretudo sentir de novo o seu espírito ganhador e não esquecer que jamais existiram vitórias morais.
Pedro Vieira (pedro.vieira55@gmail.com)
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quinta-feira, novembro 22, 2007
O regresso de Veiga

Recentemente o presidente do SLB, Luís Filipe Vieira (LFV), sugeriu que o seu homólogo da União de Leiria fosse irradiado do mundo do futebol. Vai daí o Sr. João Bartolomeu (JB) resolveu responder convidando para um almoço o antigo responsável do futebol do Benfica José Veiga (JV). Este aceitou e no final do almoço o anfitrião resolveu aproveitar a ocasião para dizer à comunicação social que Veiga seria bem recebido na União de Leiria como director desportivo.
O mau humor de LFV para com JB tem a ver com o facto de este se ter insurgido ultimamente contra as arbitragens, situação que irritou de sobremaneira o presidente encarnado. Por outro lado, parece que o dirigente de Leiria é um homem afecto ao FCP e a Pinto da Costa (PC), o que agravou ainda mais o clima.
Ao mesmo tempo e curiosa foi a posição assumida por Leonor Pinhão (LP) sobre este assunto. A benfiquista, no jornal A BOLA, manifestou-se preocupada, fundamentalmente com o facto de JV estar aí de novo e ainda por cima do outro lado da barricada.
Esta é uma das muitas histórias hilariantes – com contornos mafiosos – que envolvem o dirigismo desportivo/futebolístico português. É preocupante e reflecte uma certa pobreza de espírito que infelizmente habita em algumas pessoas, desgraçadamente, com alguma influência em instituições de relevo.
Este, à semelhança de alguns outros casos, recentes, deveriam e mereceriam uma reflexão profunda de quem de direito.
Nota: Nem só de maus momentos vive o nosso futebol. Portugal acaba, hoje, de se qualificar para o Euro 2008. Bastava um empate contra a Finlândia e foi esse o resultado conseguido. O jogo realizou-se no Dragão e o público (50.000) apoiou com alma e de forma vibrante a selecção de Scolari, dando assim testemunho positivo ao seleccionado. Esta é a quarta presença consecutiva da nossa selecção nos principais palcos do futebol internacional. Parabéns então á equipa técnica e atletas.
Pedro Vieira (pedro.vieira55@gmail.com)
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terça-feira, agosto 21, 2007
O futebol profissional e as suas finanças - 3ª Parte
Feito o diagnóstico anterormente, compete-nos agora apresentar alternativas.
1ª Questão
A necessidade de se consolidarem as contas ao nível das SAD’s dos clubes, presentemente – como já foi dito – apenas o Benfica está a faze-lo.
2ª Questão
A necessidade de as contas referentes às SAD’s serem auditadas periodicamente. Apenas os três grandes estão a fazê-lo regularmente.
3ª Questão
Ao nível das receitas é fundamental haver um maior equilíbrio na distribuição das mesmas. Só assim será possível no futuro sustentar uma indústria.
Por outro lado é necessário explorar e intensificar o valor da marca associada aos clubes.
4ª Questão
Reduzir convenientemente os custos, designadamente os salariais.
5ª Questão
Intensificar a formação de talentos, investindo mais nos Centros de Formação dos respectivos clubes.
Nota importante – Pela primeira vez na época 2006/2007 os resultados líquidos das 16 equipas da Super Liga, no seu conjunto, serão positivos.
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quinta-feira, agosto 16, 2007
O futebol profissional e as suas finanças - 2ª Parte
A Deloitte – multinacional consultora de serviços, com escritórios instalados em Portugal – vem publicando anualmente um “Anuário” sobre as finanças do futebol profissional em Portugal. Recentemente publicou um estudo (8ª edição) referente à época 2005/2006.
O referido estudo é um documento, pela sua credibilidade, merecedor de ampla divulgação e discussão. É um excelente instrumento formativo – que para o efeito deveria ser acompanhado de sessões explicativas – fundamentalmente dirigidas aos principais agentes desportivos.
É um documento merecedor de estudo universitário competente e especializado.
Sobre o mesmo efectuámos algumas notas, em termos de diagnóstico, que passamos a descrever:
1ª Nota
As receitas geradas na época 2005/2006, no que diz respeito à indústria do futebol no mercado europeu atingiram os 12.600 milhões de € (o futebol inglês está no topo com cerca de 2.000 milhões de € – 16%).
Comparativamente o futebol português, naquele período, gerou apenas 239 milhões de €, o que representou naquele universo 1,9% e por outro lado é demonstrativo da nossa pequenez.
As receitas acima mencionadas foram controladas / geradas, no contexto competitivo europeu, maioritariamente pelas principais cinco Ligas – Inglesa, Italiana, Alemã, Espanhola e Francesa.
Por outro lado verifica-se ainda e com referência à situação portuguesas, que os três grandes (FC Porto, Sporting e Benfica) controlam entre si 62,7% das receitas geradas.
Já no que diz respeito aos custos envolvidos, em termos agregados, as equipas do 1º escalão atingiram os 274,8 milhões de €, também aqui os chamados três grandes encontram-se representados com 65,9%.
Por último, de referir que a principal rubrica de custos é a que tem a ver com os custos de pessoal, a qual ascendeu, em igual período a 132,8 milhões de €, os quais representaram 48% dos custos totais. Esta percentagem encontra-se muito acima daquilo que é tolerável e desejável.
2ª Nota
Na época em análise verificou-se um crescimento no desequilíbrio dos resultados de exploração e uma forte dependência do endividamento ao nível das instituições financeiras. Este, de origem bancária, foi obtido para cobrir os prejuízos que foram gerados pelos fortes investimentos efectuados nos plantéis e em centros de estágio.
Este complexo de situações obrigará a alterações futuras ao nível da chamada governação das sociedades e dos clubes.
3ª Nota
Nos últimos tempos tem-se observado a procura de modelos de negócios mais desenvolvidos e sustentáveis, assim como uma maior profissionalização dos agentes desportivos.
4ª Nota
Em termos, meramente desportivos, o ano em análise ficou marcado por resultados desportivos positivos no que se refere ao futebol português, designadamente:
- Participação e honroso 4º lugar conseguido no C. Mundo realizado na Alemanha;
- Organização em Portugal do EURO – sub 21;
- Participação honrosa do Benfica na Liga Milionária.
5ª Nota
As contas do FC. Porto foram elaboradas de acordo com as normas internacionais de contabilidade e também de acordo com as orientações e procedimentos adoptados no seio da EU.
Importante e fundamental salientar ainda, no que diz respeito às boas práticas seguidas, que o único clube português que apresentou as contas consolidadas foi o S.L.B..
De certa forma a Liga Milionária tem vindo a contribuir através das receitas geradas, pela própria competição, para um certo equilíbrio financeiro dos clubes participantes. Evidência disso é o caso dos clubes portugueses i/é FC. Porto, Sporting e Benfica, cujas presenças anuais são fundamentais para garantir o prestígio desportivo e a estabilidade financeira necessária.
7ª Nota
A época 2005/2006 ficou marcada negativamente pelo facto de as 18 equipas, 7 não gerarem cash flows positivos.
Neste caso o Benfica foi a equipa que obteve melhores resultados.
Os três grandes, também aqui, representaram 73% dos cash flows gerados.
8ª Nota
O custo médio por jogador (18 equipas) foi de 209 mil euros.
Mais especificamente os três grandes apresentaram, em média, por jogador 565 mil euros. Os chamados pequenos 97 mil euros.
9ª Nota
O número total de associados das 18 equipas participantes era de 533 mil, o que corresponde a 5% da população portuguesa. O Benfica aparece destacado em 1º lugar com 152 mil, o FC. Porto em 2º lugar com 99 mil e o Sporting em 3º com 86 mil associados.
10ª Nota
Ao nível das assistências o número de bilhetes vendidos foi de cerca de 3 milhões. Face ao ano anterior verificou-se uma ligeira diminuição.
A taxa de ocupação dos estádios foi de 43%
11ª Nota
Ao nível da formação o Sporting aparece destacado em 1º lugar com um investimento de 1,3 milhões de euros. O Benfica (2º) com aproximadamente 1 milhão e o FC. Porto (3º) com 645 mil euros.
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sexta-feira, agosto 10, 2007
O futebol profissional e as suas finanças - 1ª Parte
1. Ponto prévio
Aos meus amigos e colegas do alvalaxia.blogspot.com e aos leitores, a todos, quero deixar aqui um abraço e votos de uma nova época – 2007/2008 – repleta de êxitos desportivos e já agora, “bloguistas”.
Ao longo das últimas duas épocas tive o prazer de escrever aqui, no ALVALAXIA, cerca de 60 artigos e com isso tive a oportunidade e o privilégio de reflectir sobre a multiplicidade de assuntos e temáticas que envolvem o desporto e o futebol em particular.
Ao passar a vista por eles verifiquei e perdoem-me a imodéstia, que a complexidade e o grau de exigência que hoje é pedido aos envolvidos é enorme. Neste particular direi que esta exigência/competência além de um direito é uma obrigação em termos de cidadania.
Daí também a importância dos instrumentos operativos – onde estão necessariamente incluídos os BLOGUES – que tornam dinâmica, eficaz e generalizada as competências associadas à sociedade da informação e do conhecimento.
Em consequência, parece-me, justo, incluir como tema obrigatório no ALVALAXIA para a nova época o das finanças no desporto e no futebol em particular.
Falar em finanças no desporto e no futebol em Portugal é estudarmos a realidade societária que lhe dá corpo e que são os clubes de futebol e de estes, em particular, os profissionais.
Nesta perspectiva vamos iniciar o desafio abordando as finanças do futebol profissional tendo, nas circunstâncias, como referência o documento recentemente editado pela Deloitte e relativo à Época 2005/2006.
2. Questão geral
A maioria dos clubes profissionais em Portugal assenta a sua actividade e gestão nas chamadas SAD (Sociedades Anónimas Desportivas). Para o efeito a legislação portuguesa prevê, para estas sociedades, que o capital accionista seja constituído por duas categorias de acções, grupos “A” e “B”. As acções pertencentes ao grupo “A” concedem direitos especiais (privilégios) aos seus detentores designadamente os de veto em diversas matérias preponderantes – como a de aumentos de capital, alteração de estatutos, fusão ou cisão da sociedade – as quais, objectivamente, impedem quaisquer tomada de posição importante sem a sua anuência.
A lei obriga ainda e com isso fecha o circuito de controlo, que as acções do grupo “A” numa percentagem não inferior a 15% nem superior a 40% terão de estar na posse do respectivo clube.
Ora os clubes e os seus órgãos sociais tem, nas circunstâncias, um poder de controlo e decisão determinantes. Por outro lado, e em Portugal isso é evidente, os presidentes dos clubes tem um poder enorme nas decisões dos clubes aos mais diversos níveis.
Por outro lado, verificou-se que até agora em Portugal os clubes que estabeleceram acordos com empresas externas para efeitos de gestão e fundamentalmente de saneamento económico e financeiro, a totalidade deles foram despromovidos e encontram-se em situação mais grave.
Porventura e à semelhança de outros países da EU como a Espanha, França e Itália, entre outros, em Portugal o futebol continua a não ser considerado como um negócio puro e duro. O futebol é um facto,
continua a alimentar-se do entusiasmo e da paixão dos adeptos.
Se olharmos para a península ibérica e para as duas principais ligas profissionais de futebol, verificamos que em Portugal, apenas, três SAD se encontram activamente no mercado bolsista, em Espanha nem uma.
Apenas os clubes ingleses abraçaram o mercado bolsista de forma aberta e frontal e sem quaisquer restrições. Estão integralmente no negócio puro, duro e simples. Por isso a Liga Inglesa é uma excepção. Por isso também a Liga Inglesa é, porventura hoje em dia, a mais rentável.
Para os adeptos ingleses tornou-se, relativamente, indiferente que o clube do seu coração seja controlado, parcialmente ou na totalidade, por um grupo financeiro russo, escandinavo ou chinês. O importante é que o clube ganhe.
Esta postura britânica é interessante e porventura tem, hoje em dia, muito a ver com o modelo político adoptado.
De facto, uns defendem um modelo em que compete ao Estado ser mais intervencionista (Estado - providência) estando neste caso a Espanha e Portugal. Outros defendem e é ocaso de a Inglaterra uma postura mais liberal em que deixa ao critério e julgamento do mercado o desenvolvimento das coisas.
3. As finanças dos clubes profissionais (época -2005/2006)
3.1. Breve resenha histórica
De uma forma grosseira podemos dizer que até ao inicio da última década do século passado as principais receitas obtidas pelos clubes
foram numa 1ª fase, as seguintes:
- Totobola;
- Quotizações (sócios);
- Bilheteiras.
Os correspondentes custos com o pessoal, incluindo os dos atletas, foram baixos, haviam limitações à circulação de atletas.
Posteriormente e numa 2ª fase aquelas receitas foram acumuladas com as seguintes:
- Televisivas;
- Subsídios;
Sem limitações à circulação de jogadores e com os concomitantes acréscimos nos custos salariais dos atletas, recorreu-se a mercados mais acessíveis e ao endividamento bancário.
Recentemente numa 3ªfase e em consequência da situação caótica em que se encontravam as finanças dos clubes e as suas situações patrimoniais, tentou-se solucionar o problema recorrendo ao aumento das receitas por via da solução SAD’s e dos putativos encaixes financeiros provenientes do mercado accionista.
Em recurso e como contenção de custos recorreu-se a mercados futebolísticos, ainda, mais baratos e finalmente ao inevitável endividamento bancário.
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sexta-feira, julho 27, 2007
O Futebol Português - Da década de 80 até hoje
O Futebol Português teve uma evolução significativa desde os anos 80 até hoje. Esta evolução insere-se na dinâmica europeia e mundial deste desporto bem como da globalização da sociedade.
Começando por aqui posso desde já adiantar que progressivamente as trasmissões televisivas foram ganhando cada vez mais adeptose, ao invés, os estádios foram perdendo. Quem ainda consegue ser fiel ao seu clube prefere muitas vezes ficar no conforto do seu lar ou ir ao café da rua do que ir ao estádio. Mesmo com os estádios actuais. Exemplificando digo que hoje seria inpensável ter 120.000 adeptos no Estádio da Luz para ver um Clássico com os preços de bilhetes da 1985 actualizados à taxa de inflação. Isto mesmo com as condições dos novos recintos.
Quanto ao fenómeno televisivo é ainda necessário referir que as transmissões são em número muito superior ao de duas décadas atrás. Vemos as melhores ligas e todas as provas internacionais com a regularidade que queremos. Assim os jogadores fora de série são vulgares. Entram-nos pela casa adentro todos os dias. Sendo assim os antigos jogadores razoáveis e bons deixam de ter algum interesse.
Efectivamente ficava sempre na retina dos simpatizantes do desporto rei as fantásticas exibições das principais ligas estrangeiras - Inglesa, Alemã, Espanhola, Francesa e Italiana. Quer em competições europeias quer na Final da FA Cup sobresaiam sempre a qualidade técnica, a pujança física e resistência dos atletas destes países. Os adeptos querem mais jogos de qualidade. Surge assim um novo mercado televisivo em Portugal que passa de canais abertos e gratuitos para fechados e pagos surgindo assim um e depois dois canais específicos de desporto - a Sport TV. Oliveirinha
Os limites para jogadores estrangeiros foram desaparecendo e a Lei Bosman deu a machadada final ao não impor limites aos números de jogadores comunitários. As escolas nacionais (regionais ao nível europeu) perdem as suas características. O futebol tem as suas tácticas e modos de jogar que são comuns a todo o mundo. Temos um "esperanto" futebolístico. O mercado de trabalho de jogadores vai esvaziar as ligas mais fracas, de menor dimensão e menos endinheiradas. No caso português há a acrescentar o menor número de recrutamentos nacionais que agora se passa a fazer em escolas de formação específicas para o efeito. As equipas de menor qualidade passam a recorrer aos brasileiros "de segunda e refugo" para fechar os seus planteis.
O figurino das provas europeias alterou-se. Com alguma frequência irregular podemos ver cair vários colossos europeus aos pés de clubes desconhecidos no panorama futebolístico. Nesses anos, as finanças de clubes, que regularmente investiam em contratações para a conquista de títulos, eram bastante afectadas.
Para obviar esta situação e para harmonizar a qualidade dos clubes a Taça passou a Liga dos Campeões e a Tça UEFA progressivamente passou a ser uma 2ª Divisão Europeia. Os clubes de topo das ligas europeias passam a ir para a Liga dos Campeões mesmo que não ganhem os seus campeonatos. Os campeões dos países menores vão para as Pré-Eliminatórias das duas provas europeias. Temos hoje em dia duas divisões europeias intercomunicantes e que não se jogam totalmente em poule a duas mãos. Mas para lá caminhamos...
A dimensão dos países e dos fenómenos futebolísticos dentro destes afecta muito as receitas geradas. Comparando Portugal e Espanha hoje em dia há vários clubes espanhois que têm assistências médias superiores a 10 ou 20.000 espectadores. Em Portugal superior a 20.000 temos 3 e superior a 10.000 temos dois. Em termos de receitas de bilheteira é o que se pode esperar e em termos de merchandisng o mesmo. Com a agravante da globalização televisiva onde há mais estrelas futebolísticas e mais adeptos a tendência é existir ainda mais. Clubes de dimensão mundial como Manchester United já têm os seus sites em chinês e japonês e o que é um facto é que são clubes cujo número de fans aumentou significativamente na Ásia. O que é aborrecido é que a estrela deste clube é portuguesa e pior ainda foi formado em Alcochete...
Hoje em dia temos uma série de jogadores de qualidade europeia e mundial que são portugueses. Figo, Rui Costa e Cristiano Ronaldo são os expoentes máximos desta qualidade. São jogadores que já não resultam dos acasos do futebol de rua, hoje já quase inexistente como fonte de talentos. São, isso sim, frutos da formação pensada e definida por profissionais do futebol com formação académica. Formação esta que é obrigatória para os treinadores do futebol profissional. Formação de jogadores que teve em Carlos Queiroz o seu melhor exemplo, sendo este trabalhador no mais rico clube do mundo. Formação de jogadores, ainda, que teve e tem como exemplo e benchmarking os futebolistas de topo. Trabalho árduo, inteligência e persistência fizeram uma geração dita de ouro que hoje se renova com qualidade e vai sendo vertida para o Clube Portugal - a Selecção.
Escusado será dizer porque motivo não temos uma Liga de Qualidade equivalente à dos nossos futebolistas. A reduzida dimensão do País e o reduzido pelo em termos de imagem e de adeptos dos clubes portugueses reduzem o futebol português a uma Liga de passagem e/ou de formação e/ou ainda de reforma.
Veja-se o caso do nosso mal amado e ingrato Simão Sabrosa. Teve uma formação futebolística em Alvalade que lhe permitiu ser transferido para Barcelona aos 19 anos por 15 milhões de euros. Na cidade condal não vingou e regressou ao Portugal, mais precisamente ao Benfica. Aqui deu de novo nas vistas. Já foi sondado anteriormente e agora, ao transferir-se para o Atlético, vai potenciar todo o seu encaixe financeiro. Vai também para um clube que, com estabilidade, será um que tem uma dimensão mais adequada à sua capacidade futebolística.
Como exemplo de formação temos Figo e Rui Costa entre muitos outros. Um mais ingrato não regressou. Outro mais grato tenta ajudar como pode o seu clube. Ambos vingaram no estrangeiro. Uma palavra de especial apreço para Fernando Couto ainda no activo.
Como exemplo de passagem temos um Anderson que só cá parou um ano e rumou a Manchester um um Deco que precisou de várias épocas para ser notado a nível europeu e sair pela porta grande para Barcelona.
Porquê tão grande argumentação? Para vos lançar a questão fulcral. Como vai evoluir o futebol português no futuro?
- Vamos ter uma liga europeia?
- Vamos ter ligas regionais europeias? Onde os 3 grandes podem ser notados?
- Vamos ter um campeonato como já foi descrito?
- Vamos ter clubes cronicamente deficitários no que toca à actividade corrente (sem receitas extraordinárias de vendas de passes)?
- Vamos ter um campeonato ibérico (aí a Pátria amada!)?
De uma coisa bem podemos ter a certeza. Para termos clubes de topo europeu dificilmente será com o cenário actual, em que por muito amados que sejam os clubes (e são) as suas estrelas param por cá pouco tempo. Atente-se no exemplo do AC Milan. Foi campeão europeu com meia dúzia de jogadores que estão no clube há mais de cinco anos. Isto seria impensável em Portugal.
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terça-feira, maio 15, 2007
A Nova Época
Vou focalizar este texto agora no que vai ser a próxima época com duas Taças e o Campeonato. Digo desde já que sou apoiante da Taça da Liga. Mesmo que não dê acesso directo à Taça UEFA é uma competição que pode ser ganha por outros clubes que não os três grandes. Desde Agosto até Março e jogando-se maioritariamente a meio da semana talvez esta prova não seja prioritária para os três grandes que investem mais esforços neste período de tempo nas competições europeias. A Taça da Liga é ainda uma competição que serve para "encher" a época, nomeadamente daqueles que advogam que a época natalícia ficou despovoada de jogos.
Quanto ao Campeonato digo que a versão mais curta evita mais quatro jogos enfadonhos com equipas de baixo nível. Mas podia ser melhorado pois ao descerem duas equipas não há competitividade no fundo da tabela. Na 2ª Liga temos o inverso - ao subirem só dois há um grande poço até à zona de despromoção. Duas possibilidades de solução: 1. - Passam a descer e subir três clubes; 2 - Cria-se uma competição entre o 13º, 14º da 1ª Liga e o 3º e o 4º da 2ª Liga. Esta segunda hipótese é sem dúvida mais penosa. Para aligeirá-la devia ser feita no formato taça a duas mãos.
Quanto à Taça de Portugal digo que foi benéfico ser feita ao fim de semana para merecer a atenção necessária. Seguramente que os valores médios de espectadores subiram de uma época para a outra.
P. S. - Quem diria que o campeonato seria decidido na 30ª e última jornada. Depois de o Sporting ter estado em 3º lugar a 9 pontos do 1º FC Porto. Quem também diria que os três estariam separados por dois pontos. O Sporting tem o adversário teoricamente mais difícil - o Belenenses 4º classificado e finalista da Taça de Portugal. Duas vitórias dar-nos-ão (pelo menos) o 2º lugar e a 14ª Taça de Portugal. Deixem-nos Sonhar como disse José Torres em Outubro de 1986.
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António Gouveia
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07:31
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