segunda-feira, outubro 13, 2008

Atenção aos tempos que se avizinham

Recentemente o Jornal desportivo RECORD, nos dias 10 e 11 de Outubro de 2008, publicou uma extensa entrevista feita ao presidente do SCP.
O título, desde logo para os sportinguistas, não poderia ter sido mais sugestivo – As ideias para um novo SPORTING.
Sintetizamos as principais mensagens, passamos a citar:

(a) Existe uma crise de militância no Sporting;
(b) Equipa precisa de um estádio cheio:
(c) Realizámos o projecto, mas não conseguimos passar a mensagem de que queremos crescer;
(d) Tem falhado a ligação emocional da família leonina:
(e) A família leonina não cresceu;
(f) A “Olivedesportos” esteve desde o primeiro momento a apoiar os clubes. Há que reconhecê-lo;
(g) Paulo Bento é excepcional a gerir recursos humanos;
(h) È importante criar um novo conceito de clube que se adapte aos tempos modernos e onde as pessoas participem mais;
(i) O Sporting tem de dever menos para investir mais no futebol. Dentro de cinco anos estaremos a dever cerca de 140/150 milhões de euros, valores estes compatíveis com uma gestão mais saudável;
(j) Mais participação e militância dos sócios, alargamento do Conselho Leonino, acabar com as modalidades deficitárias e criar secção dos desportos radicais, equacionar construção do pavilhão;
(k) Novo modelo para o CD e SAD;
(l) Passar estádio e Comércio e Serviços para a SAD;
(m) A Sporting TV não é negócio possível;
(n) Dirigindo-se a alguma oposição diz que de nada vale desenterrar cadáveres.

Paralelamente os rivais (SLB) continuam na sua caminhada gastadora e investiram, mais uma vez, fortemente no seu plantel para 2008/2009. Ao mesmo tempo, criam um novo serviço comercial, neste caso um canal televisivo (Benfica) na rede MEO. Objectivo aproveitar os sócios Benfica (potenciais clientes do negócio) e rentabilizar o canal televisivo, isto independentemente dos compromissos assumidos com a “Olivederportos”.

Chamo a atenção para esta última situação e gostaria ainda de reflectir no seguinte: (1) As médias de assistência nos dois últimos anos na principal Liga de futebol em Portugal andarão nos 10.000 espectadores por jogo, isto num contexto de 16 equipas e 8 jogos semanais realizados durante aproximadamente 9 meses de competição; (2) Mesmo assim, para esta fraca média muito tem contribuído os três grandes e em especial o SLB nos jogos em que participou enquanto visitante. (3) Nesta perspectiva coloca-se uma questão, não diminuirão ainda mais com o novo canal televisivo Benfica as assistências e concomitantemente as respectivas médias. (4) Esta reflexão coloca ainda uma outra questão, para onde caminha competitivamente o futebol português (?), ou melhor existe, verdadeiramente, competição no futebol português (?). A resposta para mim é clara: enquanto não existir público nos estádios a competição estará fortemente prejudicada. O futebol existe porque o público participa no espectáculo.

Para finalizar gostaria que ficassem evidentes estas duas posturas diferentes: por um lado um clube pragmático, responsável e cauteloso – inovador na medida do possível – mas com um projecto sólido (Sporting); e do outro o (Benfica) à procura de uma dinâmica ganhadora custe o que custar.

Nota: Não menciono neste texto o FCP, porventura dos três grandes o clube mais sólido desportivamente e economicamente, porque considero no contexto desnecessário mencioná-lo.

Pedro Vieira (pedro.vieira55@gmail.com)