As notas anteriormente referidas (Parte I) permitem, após alguma reflexão, que se chegue a algumas conclusões, designadamente e de forma sintética:
Ao nível de clubes algumas regiões do país não se encontram representadas na principal liga de futebol profissional. O Alentejo, Algarve e região autónoma dos Açores não se encontram representadas e assim desvirtuam, de alguma forma, o princípio da representatividade que deve estar, sempre, associado a esta competição;
Mais de metade dos atletas (207) que participam na Liga Sagres (I Liga), são estrangeiros, facto que contribui fortemente para a descaracterização da competição e qualidade final desta;
A dinâmica das contratações dos atletas para a I Liga, na sua maioria, pertencentes a outras nacionalidades e a outros futebóis tem afectado negativamente todo o mercado formativo interno. Ao privilegiar-se o mercado exterior de contratações, compromete-se fortemente a dinâmica interna de criação de talentos. Esta situação agrava-se ainda mais pelo facto de os nossos principais talentos jogarem, actualmente, em ligas estrangeiras. A médio prazo esta dinâmica irá pôr em causa a nossa própria forma de jogar.
Em termos orçamentais, o volume financeiro associado encontra-se fortemente concentrado nos chamados três grandes, que representam, entre si, 79% do valor total;
Em termos de associados a grande maioria (81%) encontra-se filiada nos três grandes;
A fraquíssima afluência de público nos estádios. Com excepção dos chamados três grandes, normalmente, a média de público nos estádios da I Liga não chega aos 6 mil espectadores/ por jogo;
A existência de um fosso enorme ao nível económico/financeiro, desportivo e competitivo, entre a I e a II Liga.
O agravamento progressivo da saúde económica e financeira da generalidade dos clubes desportivos em Portugal;
As conclusões agora descritas permitem-nos ainda dizer que a realidade do futebol profissional em Portugal é bastante preocupante. Como muito bem disse recentemente Jorge Valdano, o futebol é a metáfora de uma sociedade com grandes desequilíbrios económicos.
Por isso é urgente encontrarem-se soluções organizativas, económicas e financeiras e competitivas que permitam sair desta preocupante situação.
Nesta perspectiva é hoje consensual que as soluções terão que passar, inevitavelmente, por se assumirem atitudes inteligentes, inovadoras e que, no seu conjunto, estas sejam financeiramente e politicamente aceitáveis e sustentáveis.
2. Em conformidade e no sentido da sua efectiva resolução constata-se que algumas das questões aqui colocadas poderão ser abordadas, estudadas e resolvidas no âmbito da nossa selecção, ou melhor ao nível das diversas selecções de futebol – escalões jovens e seniores.
A selecção pode e deve ser: (a) o nosso principal centro de formação
(atletas, técnicos e dirigentes); (b) o nosso principal centro de prospecção e desenvolvimento da modalidade junto dos clubes; (c) o principal centro aglutinador e dinamizador das dinâmicas desportivas e competitivas.
Pelo seu passado, competência e experiência e fundamentalmente pelo seu presente - muito mais amadurecido - o professor Carlos Queirós é a pessoa que reúne as melhores condições para iniciar todo este trabalho árduo e gigantesco. Precisa de tempo, fundamentalmente TEMPO E MODO, os resultados virão depois como, de resto, já anteriormente vieram.
Portugal necessita, a todos os níveis, de bons gestores e Carlos Queirós tem competência e é um bom professor – que o diga Ferguson.
Pedro Vieira (pedro.vieira55@gmail.com)
quarta-feira, setembro 10, 2008
Algumas notas,inicio época - 2008/2009 - Parte II
Publicada por Pedro Vieira à(s) 00:55
Etiquetas: Futebol Português, PV
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