Os diagnósticos detalhados sobre a situação económica e desportiva do futebol português e dos seus protagonistas estão feitos. Permitam-me, no entanto, sobre o assunto e relativamente a esta época desportiva (2007 – 2008) fazer apenas umas breves notas, meramente, enquadradoras:
a) Mantém-se, não obstante os investimentos feitos em novos estádios, a fraca afluência de público aos estádios. Com excepção do FC Porto, Benfica, Sporting, V Guimarães e SC Braga, as afluências são, em geral, fraquíssimas;
b) Qualidade baixíssima nos espectáculos. Normalmente as equipas mais fracas e sobretudo quando são visitantes, jogam sistematicamente no aproveitamento dos erros do adversário e instalam-se, acampando, nas respectivas defesas. Não arriscam e não procuram o jogo pelo jogo, apostam fundamentalmente no erro do adversário;
c) Os planteis são construídos por atletas, na sua maioria, oriundos de mercados mais baratos e de qualidade inferior. Curiosamente abandonámos os mercados dos países africanos de língua oficial portuguesa;
d) O empobrecimento do mercado formativo, justamente, por falta de alternativas competitivas para os atletas;
e) O êxodo para outras ligas mais competitivas dos melhores atletas portugueses;
f) O endividamento progressivo dos clubes e respectivas Sades Desportivas. A título de exemplo e no primeiro semestre da presente época o passivo dos três grandes era de: FC Porto – 116 M €; Sporting 220 M €; SLB 315 M €;
g) Falta de qualidade do ordenamento jurídico afecto ao futebol e das principais organizações tutelares e dirigentes;
h) Falta de qualidade e preparação dos dirigentes desportivos;
i) O adiamento sistemático e a não resolução de forma transparente e, sobretudo, com justiça dos casos de corrupção que minam e afectam o futebol português e as suas principais estruturas.
A situação é critica e tem repercussão nos maus resultados e espectáculos conseguidos, na fuga dos principais talentos nacionais e no empobrecimento progressivo dos principais agentes desportivos. Em resumo, os adeptos têm tendência a afastar-se dos clubes e dos estádios.
Assim e em alternativa e no que diz respeito ao momento actual e futuro, torna-se necessário e urgente encontrar soluções económicas, sociais e desportivas num quadro globalizado em que o fenómeno futebolístico se caracterize fundamentalmente pela multinacionalidade dos seus agentes (atletas). A ideia implícita será, já lá vai o tempo em que as equipas eram constituídas maioritariamente por atletas nacionais e concomitantemente se garantiam, assim, os processos de identificação. Hoje o que fixa um adepto a um clube é o resultado, e se este no seu somatório geral significar vitórias finais e conclusivas (conquista de competições) tanto melhor. No futuro não bastará apenas o resultado, provavelmente, será necessário também, essencialmente, garantir bons espectáculos mediáticos com todas as tecnologias associadas. Os estádios não serão grandes, serão o suficiente, para que o público presente seja parte integrante e fundamental do espectáculo. As televisões com as suas produções e realizações farão o resto.
Está assim traçado um quadro de progresso em que o modelo globalizado garantirá oportunidades e naturalmente o desenvolvimento desta importante indústria.
Portugal pelas suas características e ligações intrínsecas – EUROPA / ÁFRICA / BRASIL – tem obrigatoriamente de estar à altura dos desafios globais que se irão num futuro próximo colocar ao mundo riquíssimo e apaixonante do futebol.
Pedro Vieira (pedro.vieira55@gmail.com)
terça-feira, março 04, 2008
Globalização, Gestão de Oportunidades, Desenvolvimento
Publicada por Pedro Vieira à(s) 11:23
Etiquetas: Futebol Internacional, Futebol Português, PV
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