quarta-feira, março 07, 2007

Relatório Arnault - brevissimo comentário...


É hoje unânime, em termos de opinião pública desportiva, que o futebol português atravessa dias difíceis. São vários os problemas causadores, de referir apenas três que consideramos mais importantes, a saber:

- Negligência e incapacidade de gestão que se fixou no tope do dirigismo desportivo, designadamente no que diz respeito às principais estruturas que superintendem e controlam (Federação e Liga), organizações de classe (treinadores, árbitros e futebolistas) e os próprios clubes;

- Estruturais e financeiros. A quase totalidade dos clubes, salvo raras excepções – Sporting, Benfica; FC. Porto e SC. Bragas, não possuem os meios estruturais e económico/financeiros autónomos adequados ás circunstâncias e necessidades competitivas;

- Modelo e mapa competitivo. Estão desajustados com a realidade (fortemente precária) existente e já não representam geograficamente, no que diz respeito à principal Liga, a totalidade do território português.

Não obstante e de alguma forma paradoxalmente somos, no ranking da UEFA, considerados a quinta potência futebolística na Europa. Ganhamos ultimamente importantes títulos nas competições europeias de clubes e recentemente organizamos finais e torneios das mais importantes competições (selecções e clubes). Os nossos atletas encontram-se “espalhados” por grandes clubes europeus sendo, justamente, referenciados como grandes talentos. O treinador do Chelsea - José Mourinho - é actualmente considerado, quase unanimemente pela critica especializada, como o melhor treinador do mundo.

A(s) causa (s) dos problemas referidos estão longe de ser exclusivamente portuguesas, muito provavelmente tem também a ver com realidades que ultrapassam as nossas próprias “fronteiras territoriais”, mas que estão interligadas com as nossas actividades.

Nesta perspectiva recentemente a Presidência britânica da União Europeia decidiu oportuno criar uma “Comissão Independente do Desporto Europeu”, destinada a estudar e apresentar propostas relativas ao modelo europeu de desporto e outra sobre a especificidade do desporto em geral, com um enfoque no futebol europeu.
Fundamentalmente o objectivo último da Comissão foi o de “implementar a Declaração de Nice sobre o desporto”.

Para a referida Comissão Independente, composta por peritos internacionais especializados em matérias desportivas, jurídico-legais, económicas e políticas, foi a respectiva presidência assumida, após honroso convite – facto que se salienta, por um português o Dr. José Luís Arnault.

Mais recentemente ainda foi divulgado um extenso, complexo e completo relatório, onde é feito um exaustivo diagnóstico da situação e são apresentadas conclusões e Recomendações muito importantes para o futuro da indústria do futebol europeu e naturalmente para Portugal.



Notaoportunamente e em próximo artigo abordarei aqui as principais conclusões e recomendações efectuadas pela referida Comissão Independente.


Pedro Vieira (pedro.vieira55@gmail.com)