terça-feira, outubro 17, 2006

Duas noticias recentes...

Recentemente duas notícias publicadas na comunicação social portuguesa chamaram-me, particularmente, à atenção:

A primeira tem a ver com as declarações feitas pelo presidente da FPF (Gilberto Madail), a propósito da proposta da Liga de clubes sobre a futura profissionalização dos árbitros em Portugal. Diz Madail que a proposta da Liga Profissional de Futebol lhe parece sem cabimento e justificação em virtude da falta de mercado para os árbitros portugueses se afirmarem como profissão.

Se olharmos para a indústria do futebol profissional em Portugal mesmo de forma superficial o que é que nós observamos de imediato:

- A existência de 32 equipas pertencentes à primeira Liga e Liga de honra que no seu conjunto e nos respectivos campeonatos disputam anualmente cerca de 60 jogos;
- A Taça de Portugal que envolve um conjunto de jogos significativos com importância competitiva assinalável – vamos calcular, a partir dos oitavos finais, cerca de 15 jogos incluindo a final;
- Os principais jogos que envolvem os campeonatos da 2ª e 3ª divisões, tantas vezes incompetentemente arbitrados – vamos supor que nestas circunstâncias, em média, haverá cerca de 20 a 30 jogos por época;
- Os jogos mais importantes das fases finais dos campeonatos de juniores e iniciados;
As competições internacionais ao nível de clubes e selecções – UEFA e FIFA;
- Os jogos de início de época que envolvem as principais equipas dos diversos campeonatos, normalmente participantes em torneios importantes da chamada pré-época;
- A existência do desporto escolar, felizmente com boas perspectivas futuras de crescimento, cada vez mais competente e exigente e em que a prática do futebol assume importância relevante;
- A formação dos praticantes, dos treinadores, dos próprios árbitros (formação inicial e qualificante);
- A formação dos dirigentes e dos profissionais da comunicação social ligados ao futebol;
- A formação do adepto, praticamente inexistente no nosso país e de importância relevante para a cidadania;
- A participação em fóruns especializados e na comunicação social.

A segunda noticia diz respeito ao facto de Portugal ser um dos países que consomem mais psicofármacos – somos o segundo país da União Europeia mais consumidor.

Segundo a Direcção Geral de Saúde, 20% dos portugueses estão deprimidos. Em 2004 gastaram em fármacos 250 milhões de euros. Em cinco anos, conforme o Infarmed, registou-se um aumento de 41% no consumo destas drogas.

É de facto uma Droga. Por um lado, um economista que, hipocritamente, desconhece uma realidade concreta que é um mercado activo cheio de potencialidades presentes e futuras. Por outro, uma sociedade deprimida que necessita, urgentemente, de acreditar em si, de ter esperança e de sonhar. Numa palavra, acreditar no futuro.


Pedro Vieira (pedro.vieira55@gmail.com)