No rescaldo do “caso Mateus” e ainda a quente começam a ser audíveis vozes - umas, em minha opinião, credíveis outras não - acerca das soluções para ultrapassar a situação grave em que caiu o futebol profissional em Portugal.
É consenso alargado que o problema principal não reside nos principais e verdadeiros protagonistas – jogadores e equipas técnicas – mas antes nos dirigentes, quer sejam os que estão à frente das entidades que superintendem o futebol (Federação e Liga de Clubes) quer os que estão à frente dos clubes.
Nesta conformidade, algumas vozes com credibilidade devidamente suportada têm, ultimamente, assumido a necessidade de se proceder – com urgência - a uma “varredela” profunda nas estruturas dirigentes do futebol português. Alguns dizem ainda que as alterações preconizadas na nova lei de bases do desporto são insuficientes, perspectivando medidas ainda mais duras, ou seja, mais radicalismo no tratamento da situação, inclusive a intervenção do governo da república.
Nas circunstâncias actuais a adopção de bom senso (qb) é essencial, como essencial é despirem-se as camisolas impregnadas de “clubite,” bem como afastar o maior número de interesses individuais e particulares, estabelecendo-se, assim, fronteiras claras de forma a garantir níveis seguros de isenção e independência.
É fundamental tipificar as incompatibilidades quanto à sua natureza e temporalidade.
É essencial esclarecer o papel do Estado e das suas estruturas naquilo que diz respeito ao desporto em geral e ao futebol em particular. Quanto mais afastado estiver aquele da gestão directa, melhor - deve, por princípio, confinar-se essencialmente ao seu papel regulador. Sobre este, e atendendo aos problemas graves de corrupção que afectam o futebol aos mais diversos níveis, é importante também e no âmbito do pacto da justiça recentemente celebrado entre os dois principais partidos, aproveitar a veia reformadora instalada e criar os meios e os instrumentos de actuação adequados. É determinante entrar nas reformas dos códigos – sobretudo ao nível do agravamento das penas individuais e colectivas – assim como procurar novas instituições que tratem dos problemas de forma eficiente e eficaz.
É fundamental pensar o futebol, globalmente, como indústria de sucesso:
- Avaliar qualitativamente e quantitativamente as diversas competições e as suas estruturas subjacentes - físicas, financeiras e humanas;
- Definir metas de evolução ao nível nacional e internacional;
- Definir as políticas e as estratégias e escolher as parcerias (internas e externas) adequadas;
- Monitorizar e programar os meios de controlo e validação a curto e a médio prazo.
Na devida altura, mais propriamente em 1/03/06. escrevemos aqui, sob o titulo “Contributos para Alterar o Sistema”, algumas coisas com o objectivo de reflectirmos um pouco sobre o futebol e fundamentalmente sobre eventuais alternativas. Mais à frente voltaremos a este assunto com mais desenvolvimentos.
Pedro Vieira (pedro.vieira55 @gmail.com)
domingo, setembro 17, 2006
Sobre o estado do futebol potuguês (1)
Publicada por Pedro Vieira à(s) 00:52
Etiquetas: Instituições e Legislações, PV
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