segunda-feira, março 27, 2006

O ESTADO A QUE CHEGOU A NOSSA ARBITRAGEM

Atempadamente, julgo, a FIFA tendo em vista garantir a cobertura dos 64 jogos do Campeonato do Mundo de Futebol a realizar, ainda este ano, na Alemanha, pré-seleccionou 42 árbitros, assim distribuídos – pela sua origem:

Europa – 17;
América do Sul – 7;
Ásia – 6;
África – 6;
América do Norte – 5;
Oceânia – 1.

Nesta pré-selecção e no que diz respeito aos árbitros europeus, não há um português.

Como dizem e bem, passamos a citar, Fernando Seara e Victor Serpa no jornal “A Bola” de 26-03-06, a situação devia, de imediato, suscitar uma ampla meditação no conjunto do tecido associativo do futebol português.

Aliás, a não presença de árbitros portugueses no já citado evento desportivo, assim como nos momentos finais das principais competições europeias de clubes, atestam a falta de credibilidade actual da nossa arbitragem junto da UEFA e FIFA. Situação que manifestamente contrasta com os factos de recentemente termos organizado um Campeonato Europeu de Futebol – fase final ao nível das selecções “A”, termos ido a três finais europeias de Futebol – ao nível de clubes (duas delas ganhas pelo FCP) e de também, recentemente, termos sido eleitos para organizar mais um Campeonato Europeu de Sub - 21 – fase final.

É evidente, que o nosso país futebolístico tem árbitros de qualidade e suficientes para estarmos representados ao mais alto nível – o que nos falta e é isso que a UEFA e a FIFA nos estão a dizer - é que a nossa arbitragem, enquanto realidade institucional organizada, ganhe credibilidade internacional. PONTO FINAL.

Os homens, regra geral, são eles e as suas circunstâncias!

E quais são as circunstâncias na situação em apreço?
- Semi-amadorismo;
- Níveis mínimos de capacidade organizativa;
- Autonomia baixa;
- Níveis (significativos) de corrupção e compadrio,
associado ao facto de terem, através da prática de anos, chegado
à conclusão que é mais difícil chegar ao topo da carreira por
competência do que por compadrio.

Nesta conformidade e em síntese, muitos dos árbitros e nestes estão incluídos os árbitros auxiliares, sentem que o mundo da arbitragem está à mercê de poderes que não são tão indefinidos quanto parecem e procuram corresponder o melhor que podem e sabem, aos anseios desses poderes.


Pedro Vieira (pedro.vieira50@sapo.pt)