Há quem defenda que estamos a entrar ou já iniciámos uma nova realidade competitiva no universo do futebol em Portugal, caracterizada essencialmente por uma generalização vasta no que diz respeito ao domínio clubista.
Efectivamente podemos hoje afirmar que no século passado a década de 50 foi dominada pelos cinco violinos do Sporting, as décadas de 60 e 70 pela maravilha atacante, encimada pelo grande símbolo do futebol português – EUSÉBIO, do Benfica e finalmente as décadas de 80 e 90 pelo colectivo do F. C. do Porto.
Os domínios referidos tiveram, regra geral, reflexos e extensões que ultrapassaram o mero futebol e os respectivos clubes e entraram em poderes mais vastos pertencentes aos universos sociais e políticos. As tentações e as lógicas do poder levaram a que os clubes dominantes controlassem as principais instituições que geriam o futebol e assim as suas regras competitivas, disciplinares e financiadoras – a lógica foi em primeiro lugar a defesa dos interesses do grupo dominante.
Em virtude da progressiva afirmação do Estado de Direito Democrático e da internacionalização da nossa economia que culminou com a entrada de Portugal na União Europeia, os diversos cenários envolventes alteraram-se e com eles surgiram novas exigência nos domínios competitivos e desportivos e concomitantemente nos respectivos modelos organizativos e institucionais representativos.
A lógica actual é efectivamente global e neste contexto os níveis de exigência dos protagonistas – praticantes, técnicos, dirigentes, comunicação social e adeptos – e infra-estruturas, tecnologias e comunicação social, alteraram-se significativamente nos aspectos quantitativos e qualitativos.
Hoje não basta ganhar é necessário faze-lo de forma rigorosa e obrigatoriamente credível e transparente – assente em princípios e estruturas sólidas do ponto de vista jurídico, competitivo, económico e financeiro.
Hoje mais do que nunca é necessário planificar, controlar e gerir as emoções e garantir o efectivo principio, aliás essencial, da rotatividade e com isso “temperar” os campeões e os seus respectivos adeptos. Quer isto dizer que numa década não haverá apenas um campeão, de preferência dez distintos.
Com isto atingiremos níveis elevados do ponto de vista desportivo e fundamentalmente, e é disso que aqui se trata, das competições profissionais. Assim sendo assume importância acrescida o Congresso do Desporto recentemente iniciado na cidade do Porto, evento protagonizado pela Secretaria de Estado dos Desportos e que se estenderá a todo o país e que culminará numa proposta legislativa próxima, designadamente através de uma nova lei de bases do desporto. É nossa convicção que algumas das questões agora e aqui mencionadas serão naturalmente debatidas ao longo da iniciativa.
Sem pretender qualquer tipo de protagonismos, em período posterior, voltaremos a abordar este assunto desenvolvendo alguns temas pertinentes a saber: II - O financiamento dos clubes; III - O modelo competitivo ; O modelo disciplinar – com especial enfoque na arbitragem (IV).
Pedro Vieira (pedro.vieira50@sapo.pt)
Efectivamente podemos hoje afirmar que no século passado a década de 50 foi dominada pelos cinco violinos do Sporting, as décadas de 60 e 70 pela maravilha atacante, encimada pelo grande símbolo do futebol português – EUSÉBIO, do Benfica e finalmente as décadas de 80 e 90 pelo colectivo do F. C. do Porto.
Os domínios referidos tiveram, regra geral, reflexos e extensões que ultrapassaram o mero futebol e os respectivos clubes e entraram em poderes mais vastos pertencentes aos universos sociais e políticos. As tentações e as lógicas do poder levaram a que os clubes dominantes controlassem as principais instituições que geriam o futebol e assim as suas regras competitivas, disciplinares e financiadoras – a lógica foi em primeiro lugar a defesa dos interesses do grupo dominante.
Em virtude da progressiva afirmação do Estado de Direito Democrático e da internacionalização da nossa economia que culminou com a entrada de Portugal na União Europeia, os diversos cenários envolventes alteraram-se e com eles surgiram novas exigência nos domínios competitivos e desportivos e concomitantemente nos respectivos modelos organizativos e institucionais representativos.
A lógica actual é efectivamente global e neste contexto os níveis de exigência dos protagonistas – praticantes, técnicos, dirigentes, comunicação social e adeptos – e infra-estruturas, tecnologias e comunicação social, alteraram-se significativamente nos aspectos quantitativos e qualitativos.
Hoje não basta ganhar é necessário faze-lo de forma rigorosa e obrigatoriamente credível e transparente – assente em princípios e estruturas sólidas do ponto de vista jurídico, competitivo, económico e financeiro.
Hoje mais do que nunca é necessário planificar, controlar e gerir as emoções e garantir o efectivo principio, aliás essencial, da rotatividade e com isso “temperar” os campeões e os seus respectivos adeptos. Quer isto dizer que numa década não haverá apenas um campeão, de preferência dez distintos.
Com isto atingiremos níveis elevados do ponto de vista desportivo e fundamentalmente, e é disso que aqui se trata, das competições profissionais. Assim sendo assume importância acrescida o Congresso do Desporto recentemente iniciado na cidade do Porto, evento protagonizado pela Secretaria de Estado dos Desportos e que se estenderá a todo o país e que culminará numa proposta legislativa próxima, designadamente através de uma nova lei de bases do desporto. É nossa convicção que algumas das questões agora e aqui mencionadas serão naturalmente debatidas ao longo da iniciativa.
Sem pretender qualquer tipo de protagonismos, em período posterior, voltaremos a abordar este assunto desenvolvendo alguns temas pertinentes a saber: II - O financiamento dos clubes; III - O modelo competitivo ; O modelo disciplinar – com especial enfoque na arbitragem (IV).
Pedro Vieira (pedro.vieira50@sapo.pt)
|