segunda-feira, novembro 19, 2007

Paciência

Paciência foi a palavra elegida pelo presidente do SCP a propósito do momento actual e do passado recente do clube leonino.
Disse que os dirigentes, sócios e adeptos tinham que ter muita paciência para enfrentar as constantes adversidades pelas quais o clube era confrontado, a saber: as injustiças protagonizadas pelas arbitragens; a comunicação social, permanentemente, hostil; os constantes atropelos de algum dirigismo fanático e incompetente; a incompreensão, sem justificação, de alguns sectores pertencentes à família leonina.
Numa palavra, paciência, contra um certo clima, constante, do “bota abaixo” leonino.
Nós os que somos do Sporting, independentemente da forma com que o assumimos, em substância temos que dar razão a F. Soares Franco.

E é precisamente por aí que devemos encarar o problema, i/é, procurar o consenso dos interessados avançando, em simultâneo, para o diagnóstico correcto.

De uma coisa estamos todos convictos, o momento é de crise e não só de resultados - na Liga estamos com menos 5 pontos do que na época passada – mas também ao nível do modelo de gestão desportiva a seguir. A crise de resultados é superável, difícil é definir e desenhar o modelo de organização desportiva a seguir e os respectivos alicerces de sustentabilidade. E é aqui que reside o problema.
Por outro lado, no nosso futebol indígena não basta dizer que o modelo assenta nos critérios rigorosos da gestão e do profissionalismo, no chamado modelo empresarial competente. Não basta, porque o nosso sistema competitivo está moribundo, encontra-se absolutamente falido. Com excepção dos chamados três grandes e mais uns poucos (Braga, Guimarães, Marítimo e Boavista), pouco mais existe. Ao largo é um absoluto deserto de ideias e de convicções – com excepção dos mencionados os outros clubes, praticamente, não tem adeptos e existem porque existem aqueles e a SPORT TV.

De facto o diagnóstico é mau, muito mau e temo o pior, o problema já não reside em ter ou não ter razão, em ter ou não ter paciência, o problema é muito mais profundo.
A crise não é apenas verde, é muito mais vasta e é também por isso que muitos estão a afastar-se do nosso futebol, ignorando-o, ou então transferindo, neste tempo globalizado, as suas emoções para outras paragens futebolísticas. Dito de outra maneira, já não tem paciência.

Pedro Vieira (pedro.vieira55@gmail.com)