Ao fim de 3 anos e poucos meses José Moutinho saiu do Chelsea. Acabou com o jejum de 50 anos ao ganhar dois campeonatos. Ganhou ainda algumas taças e esteve por duas vezes nas meias-finais da Liga dos Campeões. Como é seu timbre (e enquanto pode) pegou em zé ninguéns e fez estrelas. Ao fim ao cabo ovos de boa qualidade cujo aviário não era conhecido.
Não falando sobre os porquês da sua saída – eventualmente por desavenças com o seu presidente e desgostoso de certas contratações, falo sobre a sua permanência e sobre o ciclo percorrido por vários jogadores ao fim destes três anos.
Como já tinha referido em A Metodologia de Mourinho um risco que existia para tanta intensidade competitiva era o cansaço físico e psicológico dos seus jogadores. De certa forma isto já tinha acontecido no Porto. Com tanta estrela a cintilar no Porto do biénio 2002/2004 essas estrelas teriam de sair. Ricardo Carvalho, Paulo Ferreira e Deco continuaram com o seu bom nível exibicional. Outros houve que não se deram bem com a gelada cidade moscovita – Costinha, Maniche e Derlei. No Porto temos uma equipa preferencialmente vendedora em virtude da Liga em que reside.
Já no Chelsea isto não sucede. Reside numa Liga Milionária com um presidente milionário que pode comprar quem quer e sustentar deficits de exploração. Sendo assim, em teoria, o treinador do Chelsea tem a equipa que deseja. Até certo ponto foi o que aconteceu com Mourinho. No entanto ficou com um John Terry, Lampard e Drogba cansados.
O defesa, apesar de poder passar por traidor, estava exausto. O médio talvez foi o que mais aguentou. Drogba ao fim da 2ª época solicitou a mudança de esquema táctico pois queria um colega mesmo ao lado dele. Estes foram os elementos mais presentes nos blues de Londres.
Na 3ª época contratou duas estrelas com créditos firmados e a barriga cheia de títulos. Será que o treinador português queria isto? Ora isto implica, quanto mais não seja pela personalidade do jogador, ter que os colocar no onze inicial. Sendo assim. Ficámos com dois jogadores médio centro – Lampard e Ballack e com dois pontas de lança – Drogba e Schevchenko. Com a particularidade que este último nunca se impôs na equipa mas informou muito bem o seu conterrâneo presidente. A criatividade e mobilidade da equipa diminuiu.
A equipa estava diferente na época transacta. Já existia um certo cansaço. Este ano o Chelsea já tinha um futebol previsível pois a rapidez e a imprevisibilidade já não eram pedra de toque.
Que conclusões tirar daqui?
- As equipas de Mourinho parecem ser, até agora, um Turbo que tem uma quebra irreparável – a excelente performance não se prolonga muito no tempo;
- A performance até se pode prolongar desde que o modo de funcionamento se altere. Como se pode ver agora, com Grant, e com alguma quebra, o modo de jogo já não é o mesmo embora com os mesmos agentes;
- Falta-nos uma prova para que a metodologia de Mourinho deixe de ter resultados excelentes mas fugazes. Isto implica que Mourinho fique cinco anos ou mais no mesmo clube sem refundações de plantel. Só assim se poderá dizer que os jogadores não são explorados até ao máximo (irreparável) das suas capacidades.
Mas esta permanência longa só poderá acontecer, a meu ver no futebol britânico. Eventualmente em Itália. Mas em Itália será pouco provável com um estrangeiro. Ancelotti já está à frente do Milan há um bom par de anos mas é italiano.
Apesar de tudo considero que Mourinho está no grupo dos 5 melhores treinadores do Mundo e é o Rei da motivação e da extracção de todo o potencial humano – físico e psicológico do jogador de futebol.
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