Tivemos, até hoje, porque ainda não acabou, um defeso que brindou os três grandes com a taluda financeira. Um deles até hoje já ganhou duas taludas e ainda se habilita a ganhar uma terceira. É uma situação incaracterística. Por via de regra a taluda saí a um quando muito a dois.
Como já tive oportunidade de afirmar anteriormente o futebol português é um futebol de passagem. Antigamente eram só os grandes jogadores que cá passavam que almejavam Ligas de qualidade superior, o que se constatou neste defeso. Hoje qualquer jogador de estatuto mediano encontra emprego no estrangeiro com um ordenado superior.
Mas foram os bons jogadores que deram a taluda a Sporting, Benfica e Porto. Em Alvalade perdemos mais um bom valor que ainda só ia na sua segunda época de escalão principal. No Porto tivemos um Pepe que passou pela Madeira e pelo Porto e é vendido por um valor astronómico ao Real Madrid. Também por lá passou um Andersson que nem meia época jogou e já rumou a Manchester. Qualquer dia somos sucursais de outros clubes europeus... Já da Luz saiu um Simão que tem legítimas pretensões de ganhar mais enquanto pode. Foi um jogador sem sucesso em Barcelona que encontrou em Lisboa um porto de abrigo durante 6 anos. Dos que saem o Benfica foi o que mais lucrou pois vende um jogador de 28 anos por 25 milhões de euros depois de seis épocas no clube.
Todos estes encaixes financeiros serviram para amortecer passivos e reforçar as equipas no caso do Sporting e Benfica. No caso do Porto não sei se ainda têm passivos respeitantes às novas infraestruturas Dragão e Olival, depois dos encaixes financeiros desde 2004. Também têm um orçamento que pagaria os do Benfica e Sporting... O que é certo é que também compraram um punhado de jogadores a par dos clubes lisboetas.
Sendo Portugal um país de passagem é difícil chegar ao fim da época e não ter de comprar 3 a 4 jogadores para "repor o stock". No mínimo é isto que acontece. Rui Santos no seu Tempo Extra estava contra esta situação. Mas não há como evitá-la. Também estava contra a compra de jogadores "por atacado" como fez um Benfica ao adquirir um jogador que não conhecia... Fez o Benfica e Graças a Deus já não faz hoje o clube verde e branco. Aí estou de acordo com ele e com a sua posição de que é difícil ganhar e manter automatismo e rotinas de jogo. Sem dúvida que é.
Também por atacado tem feito compras o Porto. Este clube é o mais rico dos três. Mas se calhar não precisaria de meia dúzia de reforços. O Benfica já vai na dezena. O Sporting comprou pelo menos 7 fora os reforços juniores... Mas teve maior número de saídas. Ainda assim...
Há aqui um aumento quantitativo dos planteis. Será que em Janeiro, depois da maior carga de jogos vão ser aliviados? Não sei. Será que as exibições valorizarão esses ou outros jogadores para os vender a curto prazo? Também não sei.
Penso que nos três casos em análise e mantendo-se as três equipas técnicas temos a manutenção de espinhas dorsais das equipas e fios de jogo. Onde é mais patente é no Sporting e Porto em que as aquisições são de reposição. No Benfica há mais jogadores e inflação de elementos no ataque. Mesmo assim Fernando Santos deve manter-se fiel ao seu losango.
AC Milan foi campeão europeu com meia equipa cuja permanência mínima no clube já era superior a 4, 5 anos. Não temos campeonato para manter estrelas por tanto tempo. Mas também temos que evitar as passagens fugazes de jogadores. A ideia é manter fios de jogo, esquemas tácticos e o maior número de jogadores fundamentais possíveis. Só assim se pode fazer face à descaracterização do futebol nacional e criar e manter as marcas dos três grandes. E dar-lhes consistência, resistência e permanência alongada no tempo. Também será um pouco assim o que tem feito o Ajax, que joga no pouco visível campeonato holandês e tenta não viver só das boas memórias da década de 70.
quinta-feira, agosto 02, 2007
Gestão de Plantéis
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