segunda-feira, junho 25, 2007

Maus dias para Pinto da Costa (continuação)

A resposta de Pinto da Costa - ver nosso artigo anterior com o mesmo título - não se fez esperar e apareceu sob a forma de entrevista ao jornal diário “Público” (publicada nos dias 18 e 19 de Junho de 2007). A grande novidade é a de um homem reservado, a jogar à defesa e também de alguém ferido. No essencial PC disse o seguinte:

Desmente as acusações e jura que nunca comprou ou mandou comprar árbitros para beneficiar o FC Porto;

Sobre a reabertura do processo de acusação considera que ele só foi possível em virtude de ele, o FC Porto e o Norte estarem a ser perseguidos,

Sobre o livro de Carolina Salgado diz que as suas preferências literárias vão para literatura séria e não para a de cordel. Quanto ao seu conteúdo endereça os "parabéns ao senhor procurador e à senhora juíza, musas inspiradoras de tal obra, uma vez que foram eles que criaram o guião";

Considera estranho que todo o alarido criado à volta da corrupção no futebol só levantar suspeições sobre clubes e agentes desportivos do Norte do país. Na sua opinião “há outros dirigentes de clubes da capital a solicitar a nomeação de certos árbitros e contra esses não há processos a correr”;

No que diz respeito ao facto do realizador João Botelho ir fazer um filme baseado no livro de Carolina, entende normal pois acha que é a sequência lógica e faz parte do plano que levou à sua publicação;

Sobre Miguel Sousa Tavares tenta no essencial responder a alguns comentários/relevações efectuados pelo jornalista. Em nossa opinião de forma parcial e pouco convincente;

Por último diz ainda que “nunca disse que este era o último mandato” na presidência do clube.

Nos dias seguintes PC é de novo acusado por mais dois crimes de corrupção desportiva activa no âmbito do chamado “Apito Dourado”. Mais uma vez a matéria suporte da acusação tem a ver com a corrupção dos árbitros com o objectivo de beneficiar o FC Porto na época 2003/2004.

Conclusões:

1 - O dirigismo desportivo e o futebol português, em particular, não ignoram que nos últimos 20 anos o chamado “desporto rei” foi dominado claramente pelo FC Porto. E que uma quota-parte, muito importante, desse domínio foi da responsabilidade de Pinto da Costa. Foi ele de facto o grande obreiro desse domínio;
2 - PC conseguiu grande parte desse êxito porque se subordinou ao funcionamento de um Sistema cujas regras já existiam anteriormente (o 25 de Abril nunca chegou ao futebol). Limitou-se a alimentá-las e a dirigi-las de acordo com os seus interesses;
3 -A Justiça ao longo de todos estes anos foi muito maltratada pelos agentes do futebol, não foi respeitada e entendida como deve ser num estado democrático de direito. É natural e desejável que reaja nas circunstâncias;
4 - PC não entendeu ainda, ou não quis entender que chegou a hora da sua retirada. Quanto mais tarde esta se realizar pior para ele, pior para o FC Porto, pior para o futebol português e para a sua imagem e credibilidade nacional e internacional.

Pedro Vieira (pedro.vieira55@gmail.com)