segunda-feira, abril 30, 2007

Continuidades

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Soares Franco disse que "Paulo Bento será o Alex Ferguson do Sporting". A análise mais rápida e emotiva levou-me a responder a um portista meu amigo "Olha ainda bem.Temos um treinador para 20 anos e ganhou vários títulos, nomeadamente uma Liga dos Campeões".

Esta afirmação leva-nos a escrever sobre a permanência dos treinadores à frente dos clubes. O último treinador a ser despedido foi Ulisses Morais porque houve desentendimentos no balneário do Marítimo. Várias vezes acontecem situações semelhantes. Parece dizer que é por incompetência dos treinadores e das direcções. Talvez por falta de diálogo no caso vertente. Às vezes até é.

Mas o que dizer do seguinte exemplo que muitas vezes acontece – determinado treinador tem como objectivo evitar a despromoção. Conseguiu fazer a equipa jogar o melhor que pode face aos recursos existentes. No entanto, a concorrência ou porque tem mais sorte e/ou sabedoria, passa-lhe à frente e essa equipa desce. Se calhar o treinador em causa até fez tudo o que pode e vai ser despedido contra a sua vontade. Muitas vezes isto acontece. E quem diz este caso cujo o objectivo era a despromoção diz outros casos com objectivos diferentes.

Assumo-me como um adepto da permanência prolongada dos treinadores nos clubes. Uma visão de longo prazo só trás benefícios em termos de planeamento estratégico de aquisições e dispensas de jogadores e de renovação de sectores. Para isto ser feito o líder deve estar alguns anos no leme.

Isto acontece com frequência em vários apíses da Europa. Vários clubes espanhóis, alemães ou franceses têm treinadores por 3, 4, 5 anos ou eventualmente períodos maiores. Como expoente máximo temos Guy Roux esteve à frente do Auxerre por mais de 3 décadas. Alex Ferguson está a frente do Manchester United desde 1986. Arséne Wenger lidera o Arsenal há mais de 10 anos. Se visitarmos www.lfp.es poderemos encontrar outros exemplos de longevidade (não necessariamente nos clubes de topo).

Falando de Wenger tenho a dizer que nestes 10 anos não cumpriu o seu objectivo principal que seria ficar à frente do Machester de Sir Alex Ferguson. Este foi-lhe superior. No entanto ganhou uma série de títulos que os arsenalistas perseguiram durante vários anos. E não foi despedido.

Em Portugal temos o exemplo de Manuela José. Ele já treinou o Boavista durante seis anos na década de 90. Sistemas e Apitos Dourados à parte foi ele que consolidou a dimensão europeia do Boavista. Que Jaime Pacheco transformou em Campeão Nacional. Jaime Pacheco que já saiu e voltou a entrar no Boavista e agora não sabe bem porquê parece que sairá novamente.

O que reter do que disse atrás? Que os clubes portugueses devem olhar para estes exemplos. Devem tentar copiá-los para terem equipas mais consistentes e com uma identidade mais vincada no longo prazo. Para mim só trás benefícios. Trocas e trocas a toda a hora e a meia das épocas são negativas.

Espero então que Paulo Bento se consiga manter por vários anos em Alcochete e Alvalade. Para já, se ficar até ao fim da próxima época será um recorde desde que me lembre. Carlos Queirós esteve cerca de dois anos consecutivos no Sporting. Parece-me um técnico competente e bem assessorado. Se olharmos para as suas prestações nas salas de imprensa, diria que consegue passar todas as mensagens que quer e a quem quer. Nomeadamente jogadores, adeptos e dissuadir ataques da imprensa.

Uma nota final para o sistema de jogo do Sporting. Embora eu preferisse outro, o 4-4-2 losango já não muda desde Fernando Santos, portantto desde 2003/04. O que é bom pois que está dentro do campo já sabe muito bem o que fazer nas mais diversas posições. Esperemos então agora que o treinador competente não mude.