domingo, novembro 13, 2005

Um Senhor do Futebol

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Manuel José


Manuel José conquistou pela segunda vez no seu currículo a Taça dos Campeões Africanos. Não é nada que me espante. Este excelente profissional de futebol, que já leva mais de 500 jogos na 1ª Liga, e pessoa correctíssima mostrou mais uma vez todas as suas qualidades.

Foi ele que pegou em meados da década de 80 num Portimonense que lutava para ficar pelo meio da tabela e o levou à Europa. Daí ao Sporting foi um passo. O meu clube, então com fome de títulos e com a sua tradicional voragem de treinadores conseguiu lá mantê-lo uma época e meia. Em 85/86 fez uma excelente época. Quase foi campeão e chegou aos Quartos de Final da Taça UEFA, melhor feito nesta prova até àquela altura. Mas os exigentes adeptos (treinadores) do Sporting elevaram as suas exigências, não dando margem de manobra. E a meio da época seguinte ele teve se sair. Daqui até à década de 90 ele ainda voltou por pouco tempo ao Sporting numa fase de demissão de treinadores à 2ª feira e andou por outros clubes incluindo o Marítimo.

É então na primeira metade da década de 90 que dimensiona e consolida um Boavista de dimensão europeia, em que este clube concorre sistematicamente por um lugar europeu e já almeja classificações acima do 3º lugar. Este trabalho foi depois prosseguido e no princípio do milénio o Boavista sagrou-se o 5º Campeão Nacional.

Neste período de estabilidade é possível ver evoluir vários jogadores no Bessa: de João Pinto a Ion Timofte, de Sanchez a Litos, etc, etc, etc. Foi também possível ver toda a sua capacidade táctica camaleónica. O sistema táctico adaptava-se a qualquer adversário e situação. A sua diplomacia e respeito pelos adversários prosseguia com análises justas ao seu desempenho bom ou mau. Aceitava as críticas com educação.
Até à ida para África passou por vários clubes. Benfica e Leiria incluídos. No primeiro não foi devidamente acompanhado, quer por dirigentes, quer por jogadores. Foi uma das piores fases do Benfica. Os encarnados jogavam literalmente para o lado e para trás. Já em Leiria também esteve envolvido no actual posicionamento de equipa temível e respeitável. Conseguiu um 5º lugar à frente de um 6º classificado moribundo chamado Benfica.

Da sua travessia africana, da qual a revista Dez do Record de ontem relatava alguns factos pouco sei. Sei o que li ontem. Mas o que ressalta à vista é que o Homem é o mesmo e que se adaptou à situação e a procura melhorar. José, como é conhecido, é um semi-Deus para os adeptos do seu Al-Ahly. Este clube, que tem uma rivalidade muitas vezes superior à dum Sporting vs Benfica com o Zamalek, chegou ao topo do futebol africano com a disciplina de Manuel José. Mas principalmente através da sua capacidade de catalisador de emoções exacerbadas de adeptos e jornalistas, que por erros ínfimos, pedem o lugar de treinadores. Isto foi evidente quando Nelo Vingada, então treinador do Zamalek perdeu com ele e José saiu da sala de imprensa porque os jornalistas não estavam a respeitar o seu colega.

Parabéns Manuel José!