terça-feira, fevereiro 26, 2008

O novo ...

Este fim-de-semana (Fev., dias 23 e 24) feio e chuvoso, a lembrar os tempos dos invernos rigorosos, foi convidativo para a militância da preguiça e do descanso. Por isso optei e bem pelo sofá e o aconchego da manta, nos intervalos da televisão e de alguma rádio, a leitura, obrigatória, dos jornais.

Dessas leituras retirei três artigos que achei interessantes e que propositadamente me permitiram reflectir sobre alguns assuntos, a saber:

Jornal “O Público” coluna “Opinião” de Vasco Pulido Valente (VPV), título do artigo – “Apodrecer ao Sol”. VPV e a propósito da “velha SEDES (com gente nova)” e acerca da última posição pública daquela associação, designadamente “que Portugal está na iminência de uma crise social de contornos difíceis de prever”.” O país deixou de acreditar no sistema político e, em particular, nos partidos, de direita ou de esquerda”. Teme a SEDES, em virtude do aparelho de estado e da sociedade influente estar minada pelo poder partidário, que se caminhe para uma situação de “bloqueamento do regime”.
Em remédio e alternativa a SEDES preconiza que se deve pedir aos partidos que promovam uma “elite de serviço” como forma de esses mesmos partidos deixarem de ser tão, maliciosamente, interventivos.
Pergunta e ao mesmo tempo afirma VPV, “nunca com certeza a preveniram (à SEDES) que as meninas não reformam o bordel”. “Como nunca lhe explicaram (de novo à SEDES), que andam por aí há anos derivas populistas, caciquistas, personalistas”.”No fundo, os senhores da SEDES não perceberam que nenhuma crise social põe em perigo o suave arranjo da política portuguesa, enquanto Portugal pertencer à Europa”;

Jornal “A BOLA” coluna “Opinião” de Fernando Seara (FS), título do artigo – “LEX sportiva”. FS, acerca da posição alcançada pelo futebol português no Ranking da UEFA, afirma que “ a análise fria dos números permanece intocável. Os espanhóis começaram com oito equipas e mantêm quatro, os ingleses iniciaram as provas com as mesmas oito e permanecem sete”, os italianos, os franceses, os alemães e por aí fora, sempre mais do mesmo. Diz e bem FS que “ permanece uma certa noção de estagnação nas competições europeias”. E em alternativa, “talvez seja esta a altura em que se impõe uma reflexão sobre o actual modelo competitivo, tornando-o mais abrangente e mais aberto a outros futebóis”. “É que a construção da Europa, vai passar também pela integração dos diferentes modelos de desporto/indústria/entretimento”. É assim “que surge para alguns, em evolução um conceito de Direito Transnacional que cria a lex sportiva”;

Jornal “A BOLA” coluna “Opinião” de Jorge Valdano (JV), título do artigo – “O multifutebol”. Diz JV, acerca da evolução do futebol e do seu posicionamento actual, politico, social e desportivo, que não são só as situações de violência, sectarismo, racismo e

xenofobia que invadem e marcam, negativamente, o futebol e o seu espectáculo, existem, felizmente, outras como as novas tecnologias associadas que nos permitem “com um comando à distância sentir como nossa uma competição que mantém despertas ao mesmo tempo milhões de pessoas na Turquia, Grécia, Itália, França, Escócia, Inglaterra, Alemanha, Portugal e Espanha é surpreendente”. “Coloca-nos perante a evidência que a Champions contribui para a construção da Europa”. “E comprovar que os actores do espectáculo são homens nascidos em mais de 50 países amplia a ideia que o futebol é cada vez mais um fenómeno integrador”.
Verifica-se ainda que as equipas são cada vez mais multinacionais o que de certa forma elimina a sua significação e representatividade e concomitantemente a sua essência e raiz sociológica. Diz e bem JV que “a curto prazo o resultado salva do fracasso; a longo, só o bom jogo permitirá voar, seduzir e conquistar”. Diz ainda que “o futebol é cada vez mais um símbolo representativo particular, é cada vez mais um espectáculo global e luminoso e, como sempre, sentimental”.

Aparentemente estes três artigos parecem diferentes, mas lidos com atenção fazem parte do novo e tem sentido de conjunto. Por outro lado e se fizermos ainda um esforço maior, quiçá com a ajuda e o aconchego da manta, estaremos ainda de acordo com aquilo que também escreveu este fim-de-semana Jorge Valdano i/é “o novo chama-se globalização e muda os cenários a uma velocidade nunca vista”.

Por isso e em conclusão diremos que é fundamental prepararmos convenientemente e avançarmos, da forma como sempre fizemos, cautelosamente e já agora sem medos e quase de certeza sem SEDES.

Nota: Sobre a jornada 20.ª da Bwin LIGA, apenas para dizer que fomos péssimos na prestação. Estou totalmente de acordo com a análise feita por António Gouveia. Apenas uma constatação mais, Paulo Bento começa, efectivamente, a não ter muita margem de manobra. Esta perda é resultado, fundamentalmente, da sua intransigência e teimosia. Afinal, e não sigo isto para brincar com as palavras, onde está a sua tranquilidade tão apregoada?.


Pedro Vieira