segunda-feira, junho 12, 2006

1º Jogo de Portugal - (Mundial - 2006)

Há uns anos, em 1993 ou 1994, tive o privilégio de ouvir uma entrevista numa rádio espanhola a uma individualidade política sobre o fenómeno económico, social e cultural ligado à imigração no país vizinho. Dizia ela, entre outras coisas,... que considerava excepcional viver-se num país onde a coabitação de diferentes culturas eram um factor de desenvolvimento e progresso. Estávamos, é um facto, no auge daquilo a que se convencionou chamar o Estado Social, em que as políticas públicas essenciais ao exercício da cidadania de um estado democrático de direito eram de todos e para todos. Acreditávamos que os homens e as suas acções eram o veículo essencial do progresso e da integração, independentemente das suas diferenças e origens.

Vem isto a propósito da nossa participação nesta edição do Campeonato do Mundo de Futebol de 2006 que se realiza na Alemanha. Calhou-nos um grupo do qual, além de nós, fazem parte o México, Irão e Angola. O nosso primeiro jogo é justamente com Angola, o qual tem criado e suscitado um conjunto de opiniões e sentimentos negativos e só justificáveis pela nossa atávica falta de confiança e de bom senso.

Com sabemos vivemos num tempo de globalização em que o futebol, como actividade, se integra, em 1º lugar no sistema desportivo e comunitário a que pertence, em 2º lugar na economia e no desenvolvimento do meio de que faz parte e finalmente, e em 3º lugar num espaço global e no seu concomitante desenvolvimento económico e social.
Estamos, portanto, num Tempo de Integração, em que o desenvolvimento económico, social e cultural depende também muito das nossas competências individuais.
Os Alemães compreenderam isto há muito tempo. Compreenderam que para serem fortes necessitavam de uma EU pujante, por isso eles são o motor económico dessa União.
Mas eles também sabem que para isso ser possível necessitam de parceiros individualmente e igualmente fortes, com níveis prestativos elevados.

Indo à questão deste Campeonato do Mundo, e tendo como exemplo a Alemanha, sabemos que o futuro Campeão do Mundo terá que ser muito forte, terão que ser os melhores.
Sabemos também que para que o Campeonato seja um êxito (económica. social e desportivo), necessita que todas as selecções tenham níveis prestativos igualmente elevados.
Ao dizermos isto estamos a pensar globalmente e de forma integrada. E nestas condições, é certo, que o resultado final será sempre superior à soma das partes.

O jogo de hoje, estamos a 35 minutos do seu início, é apenas mais um jogo, apenas isso. Tem de facto uma particularidade importante – é falado e jogado em português, por dois países, soberanos, que também fazem parte de uma comunidade própria, a CPLP.
O Estádio da bonita e importante cidade de Colónia estará cheio de um publico, maioritariamente, luso – falante, um público preparado para pensar e agir globalmente, não fossem eles, na sua quase totalidade, distintos imigrantes portugueses, primeiras e segundas gerações a trabalhar na Alemanha consecutivamente há cerca de 40 anos.

Voltando à primeira parte deste artigo e olhando para o interior da nossa selecção (equipa técnica e jogadores), julgamos estar no bom caminho e esse é, obrigatoriamente, de excelência e de qualidade.

Felicidades para a nossa selecção.


Pedro Vieira (pedro.vieira55@gmail.com)