terça-feira, junho 10, 2008

Para reflectir (I)

1. Euforia que, inteligentemente, tem vindo (recentemente) desde Viseu a ser criada à volta da principal selecção de futebol. Um clima que está a ser construído por alguma comunicação social portuguesa.

Um estado de ânimo excessivo, porventura, compensador de um certo desânimo transversal que se instalou na sociedade portuguesa.

E o nosso futebol indígena, ao nível de clubes, não tem sido excepção, bem pelo contrário tem sido igualmente desesperante. Se olharmos (últimos anos) para a situação económica e financeira da maioria dos clubes o que vimos é muito mau, quase todos estão falidos. Se olharmos para as assistências da maioria dos jogos (últimos anos) realizados na principal Liga, o que verificamos é que quase não existe público nos estádios. Se analisarmos atentamente os planteis dos clubes da primeira Liga, verificamos que os atletas que os constituem são maioritariamente formados por jogadores estrangeiros provenientes, também em larga medida, da América Latina. Se observarmos os dirigentes desportivos existentes, verificamos, que a sua qualidade técnica é muito baixa. Se por último estivermos atentos ao nosso jornalismo desportivo (escrito e falado), o que constatamos é que o mesmo “vive” da especulação informativa e por vezes, pior ainda, de um certo clubismos exacerbado.

Ao invés, se analisarmos os nossos emigrantes ligados ao mercado futebolísticos, o que constatamos é que os seus níveis competitivo/desportivo e económico são muito elevados, quer sejam jogadores, quer sejam treinadores. Os melhores, nestas duas valências, jogam e treinam em clubes estrangeiros, alguns estão ligados
aos grandes emblemas mundiais.

Por outro dado, se analisarmos com algum pormenor os jogadores e equipa técnica que forma a selecção portuguesa presente no EURO 2008, constatamos, ainda, algumas situações interessantes:

a) Em primeiro lugar, o facto dos 23 jogadores seleccionados, 11 estarem ligados a outras Ligas europeias, prevendo-se, num tempo próximo, que este número passe a ser reforçado com mais três;

b) Em segundo lugar, o facto de a equipa técnica da selecção ser liderada por dois estrangeiros;

c) Em terceiro lugar, o facto de os jogadores saberem que a sua presença na selecção, aos mais diversos níveis competitivos, é essencial para o êxito das suas carreiras;

d) Em quarto lugar, o facto da maioria dos jogadores seleccionáveis serem inacessíveis aos cofres da maior parte dos clubes portugueses. Apenas alguns, poucos, poderão na situação actual, fazer parte dos três principais cubes portugueses.

Se a tudo isto associarmos a situação de crise de resultados porque passa o SLB – clube onde uma certa geração de profissionais da comunicação social escrita e falada continua afectiva e emocionalmente ligada – compreendemos o estado de alma e de ansiedade de algumas gentes. Alguns, e mais uma vez, voltam a falar no Clube Portugal.

2. Todos, sem excepção, estamos contentes, muito contentes, com o inicio - 1º jogo realizado e com uma vitória concludente – e a prestação da equipa portuguesa neste EURO 2008. Até agora, dentro e fora das quatros linhas, foi excelente o trabalho desenvolvido. Mais uma vez os emigrantes portugueses, a nossa diáspora, está a ser determinante no apoio dado à selecção. Uma palavra escrita, de respeito, para eles, e para dizer, também, que mais uma vez estão a ser assediados, objecto de algumas atenções, por parte daqueles que tinham obrigação de os acompanhar e apoiar permanentemente. De quatro em quatro anos parece que são contemplados/premiados.



Pedro Vieira (pedro.vieira55@gmail.com)