Este é um assunto que está a tornar-se incontornável na actual conjuntura futebolística internacional. Vou abordar este tema em três etapas.
I - O surgimento destas competições (Mundial e Europeu)
O Mundial aparece na década de 30 e visava confrontar atletas de diferentes nações. Já o Europeu remonta ao principio dos anos 60 e também visava o mesmo objectivo do Mundial mas a um nível Europeu. Duas verdades de La Palisse.
No entanto há que reter o seguinte - em 1930 não existiam competições europeias de clubes - só surgem em 1955 e o mercado internacional de jogadores era inexistente e os nacionais incipientes. Em 1960 podemos observar que os mercados de mão-de-obra futebolística já estavam mais desenvolvidos. Apesar disso, raras eram as trnsferências internacionais de jogadores. Isto só acontecia com as grandes estrelas. Ferenc Puskas ou Alfredo Di Stéfano eram algumas das raras excepções. Na década de 60 Salazar impediu a saída de Eusébio para Itália.
O que justifica então estas provas? Os orgulhos nacionais e nacionalistas (Nazismo, Facismo, Comunismo) e a necessidade de confrontar os diferentes futebóis europeus e mundiais. Efectivamente o desporto assumiu-se na década de 30 e posteriormente como um veículo de confrontação entre nações e diferentes teorias e sistemas políticos. Os três referidos sistemas políticos soberam muito bem fazê-lo.
Mas também acontecia a distinção de diferentes estilos futebolísticos. Diferentes constituições físicas de atletas contrbuiam para diferentes estilos: pujança física e disciplina táctica alemã, velocidade britânica, catenaccio italiano, excelência técnica brasileira são exemplos de diferentes futebóis bem distintos durante várias décadas. Urgia então ter uma prova que confrontasse a nata destes futebóis. O Mundial a nível planetário e o Europeu no nosso continente. Este só surge já em tempo de Paz, pois também antes de 1939 era levar para o relvado as várias e marcadas diferenças e rivalidades políticas europeias.
II - A Evolução
Com o passar dos tempos há conhecimento destes eventos, das estrelas emergentes a nível mundial e o surgimento de uma nova indústria, bem como de um eficaz meio publicitário, quer para produtos desportivos, bebidas, material de reportagem e outros produtos e serviços cujo público alvo veja televisão ou vá ao estádio.
Os diferentes estilos confrontavam-se. Na década de 50 surge Pelé, até hoje considerado o maior futebolista de sempre. E onde é que ele demonstrou ser melhor que os europeus? Nos Mundiais. Também tivemos um Bobby Charlton, um Yashin, um Eusébio, um Benckenbauer. Este jogaram sempre nos seus clubes, nos seus países. Já tinham as competições europeias mas a nata jogava contra a nata no Verão de 4 em 4 anos, interpolados. Esta fase vai até meados da década de 70 princípios da de 80.
Já um Cruyff, um Platini, um Maradona, um Van Basten, um Hugo Sanchez são do tempo em que os bons clubes tinham um, dois ou três estrangeiros de qualidade, que fizessem a diferença, que não ferissem o orgulho nacional. Porque para os ferir, e batendo na mesma tecla defrontavam-se outros países. Esta fase já se pode verificar claramente definida a partir de meados de 80. Até esta altura há diferentes culturas futebolísticas bem marcadas e bem diferenciadas. Também bem demarcado é o efeito de jogadores estrangeiros pois o seu estilo distingue-se claramente do país anfitrião.
A partir de princípios de 90 com o caso Bosman dá-se a liberalização do mercado de trabalho de jogadores de futebol do espaço da União Europeia. Bosman era um profissional de futebol como outro qualquer que queria ir trabalhar para outro estado membro da UE. Uma aspiraão perfeitamente legítima tal como a de outro trabalhador. Só que o futebol ainda vivia numa realidade particionada a nível de nações. Deixou de o ser.
Entretanto e com o passar do tempo, clubes de 1ª e 2ªs divisões já tinha pelo menos o "seu" estrangeiro, mesmo que não europeu. As diferenças de estilo começam-se a esbater. O que é agora factor diferencial será um esquema táctico e enquanto o for. O Futebolês é agora globalizado. Os metodos de treino também. Pois desde há muito tempo que os treinadores quebram fronteiras e estrangeirizam o futebol local.
Ainda há que referir que a indústria publicitária paga "balúrdios" por publicidades em competições internacionais assistidas por milhões de espectadores na Europa e em todo o Mundo. Já para não falar os valores pagos aos clubes e aos futewbolistas. A televisão fez e mostrou a todos quem eram as estrelas futebolísticas mundiais.
Entretanto, e para concluir II - Evolução há que dizer que, como continente mais rico a Europa importou mão-de-obra de todo o Mumdo, principalmente do Brasil, Argentina e África. Os pobres países de Leste já têm nos seus clubes um jogador, braileiro, argentino ou africano. Os campeonatos brasileiro e argentino, outrora belos e competitivos são hoje lentos e sem beleza. Potências futebolísticas fora da Europa vêm aqui buscar os seus jogadores para disputarem as provas de Nações.
Para mim a definição de Mundial actual é: Prova disputada por profissionais de futebol a trabalhar na Europa que resolvem jogar pelo seu País. É um campeonato de migrantes e emigrantes de luxo. Qualquer prova continental restringe o tipo de trabalhador ao continente respectivo.
III - O futuro
O que justifica agora estas provas? A indústria publicitária e alguns orgulhos nacionais. Nada mais que isto pois confrontos mundiais nos moldes actuais temos nós pelo menos todas as semanas druante meio ano em canal aberto ou fechado consoante a nossa fome futebolística.
Como continuar a tê-las e com qualidade? Talvez nos princípios das épocas pois as estrelas se jogarem tudo o que têm a jogar não fazem menos de 60 jogos por época. No princípio ainda estão frescos. Introduzir outro formato na qualificações, nomeadamente uma pouco provável 2ª divisão europeia de nações para reduzir os jogos de qualificação e as consequentes quebras nos trabalhos dos clubes.
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