terça-feira, julho 04, 2006

Portugal nas meias-finais

Dos 62 jogos previstos para este Campeonato do Mundo de Futebol, edição 21 de 2006 realizada na Alemanha, já se disputaram 58 partidas, faltando apenas 4 e referentes às meias-finais, apuramento do terceiro e quarto lugares e final.
Dos 58 jogos disputados há que fazer, para já, o seguinte balanço provisório:

- Até à presente fase, meias-finais, poucas novidades do ponto de vista táctico e técnico. Jogos na sua quase totalidade de contenção e calculismo – puro pragmatismo - o que interessou foi ganhar, passar à fase seguinte, custasse o que custasse, o espectáculo não foi o primeiro propósito, porventura nem o segundo;
- Até agora foram marcados 138 golos, o que dá uma média de 2,4 golos por jogo, o que não é nada mau;
- Arbitragens rigorosas na vertente disciplinar;
- Equipas revelação o Equador e o Gana, que atingiram merecidamente os oitavos de final;
- Apuradas para as meias-finais Alemanha (país organizador), que se encontra no ranking da FIFA em 19º lugar, Itália em 13º, Portugal em 7º e finalmente a França em 8º;
- Das quatro equipas que estão apuradas para as meias-finais nenhuma perdeu;
- A equipa que mais golos meteu foi a Alemanha com 11 e as que menos sofreram foram Portugal e Itália, ambas com 1;
- O melhor marcador é alemão, chama-se Klose e marcou 5 golos;
-Os guarda-redes com menos golos sofridos são o de Itália e o de Portugal, ambos com 1, destacando-se ainda o português (Ricardo) que, num só jogo e no desempate por grandes penalidades, defendeu 3;

Aspectos que se destacam pela sua singularidade:

- A qualidade dos estádios, destacando-se, em alguns, a cobertura integral dos tectos;
- A distribuição de tarefas entre policias de diferentes países, na perspectiva de organização e controlo das respectivas claques afectas;
- O facto, merecedor de reflexão obrigatória futura, acerca das equipas apuradas (4) para as meias-finais serem todas europeias e ainda a situação singular de 3 delas serem latinas;
- O renascimento da Alemanha, ultimamente adormecida, como grande potência futebolística;
- A confirmação de Portugal como potência futebolística, a justificar e a ampliar o estatuto ganho com o facto de ter sido vice campeã no Campeonato Europeu de 2004;
- Unanimidade dos especialista em considerarem a organização do EURO 2004 – realizado em Portugal – como globalmente superior;
- O facto de alguma imprensa, sobretudo inglesa, ter ultrapassado o mero “sensacionalismo” da notícia e entrar em domínios da irresponsabilidade total;

Por curiosidade, e no que diz respeito aos países a que pertencem as equipas semifinalistas, apresenta-se no quadro seguinte alguma informação sócio-económica:

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Dos indicadores apresentados ressalta de imediato a diferença de dimensão de Portugal relativamente aos outros países, sobretudo no que diz respeito à riqueza bruta produzida (PIB) e ao valor per capita gerado – cerca de 36% mais baixo.


Por outro lado, e numa apreciação breve e sumária, importa ainda salientar sobre a nossa selecção o seguinte:

- Desde logo o facto do país bem como os emigrantes espalhados por todo esse mundo fora estarem a seguir apaixonadamente a campanha da nossa equipa neste mundial;

- O facto de Portugal ter um plantel riquíssimo – esta é a opinião unânime especializada. Com os resultados obtidos no Europeu de 2004 e neste Mundial, bem como em outras categorias (juvenis e juniores) e também nos respectivos clubes, os futebolistas que estão associados a estes tão importantes êxitos desportivos poderão e deverão ser considerados a geração de ouro do futebol português;

- A maioria dos jogadores que fazem parte deste grupo maravilhoso jogam na actualidade e de forma regular no estrangeiro e nas principais ligas europeias. São um grupo unido, disciplinado, humilde – sem vedetas, e muito, muito concentrado e motivado;

- Scolari diz que um dos problemas “históricos” do futebol português é o de não se rematar, com frequência e sempre que necessário, de fora da área. Esta vertente tem, no futuro, de ser convenientemente trabalhada.

Importante será também num futuro próximo reflectirmos seriamente sobre toda esta campanha e extrairmos as respectivas conclusões, e mais importante ainda corrigirmos os erros cometidos. Se assim fizermos estaremos no bom caminho. Até lá vamos esperar pela meia-final e assim acreditar que Munique é apenas a última etapa desta grande e épica caminhada até Berlim à procura da vitória final.

Para finalizar, gostaria de deixar aqui uma palavra de reconhecimento, agradecimento e de respeito pelo trabalho desenvolvido em Portugal por Luiz Felipe Scolari. A qualidade humana e técnica deste grande profissional é imensa e hoje é uma certeza que este homem simples mas eficaz ficará sempre nos corações dos portugueses.


Pedro Vieira (pedro.vieira55@gmail.com)